Precipício.

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O dia amanheceu nublado e um pouco mais frio do que o habitual. O suave murmúrio dos galhos se movendo acordou Hoseok, que demorou a se erguer da cama. O vento gélido envolveu o seu corpo, fazendo-o tremer, mas mesmo assim, ele desceu para a cozinha em passos lentos e com os ombros encolhidos.

Lá, encontrou o lugar inundado por uma luz suave e difusa, filtrada pelas cortinas finas que balançavam com a brisa da manhã. O piso de madeira estava levemente frio sob os seus pés descalços, o que o fez apressar-se em direção à chaleira elétrica. O som da água ecoou na tranquilidade da manhã enquanto ele preparava o café, ansiando pelo calor reconfortante que a bebida lhe proporcionaria.

Depois de saborear a bebida quente, Hoseok olhou para a pia e soltou um suspiro. Ela estava repleta de louças sujas. Considerou a ideia de voltar para a cama e descansar um pouco mais, mas optou por lavar os pratos naquele momento, para evitar acumular trabalho mais tarde.

Com uma pequena esponja rosa em mãos, lavou a louça com cuidado, garantindo que nada fosse arranhado. Enquanto limpava, percebeu que a casa inteira estava silenciosa. As crianças tinham ido ao parque no centro com SeokJin, e NamJoon estava trabalhando como de costume.

Os pensamentos de Hoseok seguiram rapidamente para uma única pessoa. Taehyung, Taehyung, Taehyung. O seu corpo tremeu outra vez, mas não por causa do frio. A ansiedade percorreu pela sua mente com demora, os seus dedos ficando brancos contra o copo que segurava.

Hoseok não fazia ideia de onde Taehyung poderia estar naquele momento. E, só de pensar nele, o seu coração disparava. Não o via há dias desde que aquilo aconteceu. Eles não se viam, não se falavam, não se olhavam.

Mas Hoseok ainda se lembrava bem. Conseguia se lembrar com clareza dos lábios de Taehyung, das mãos doces dele, de seu hálito quente. Todo o momento que tiveram juntos acertou a sua mente em cheio. As emoções acertaram-lhe diretamente no peito.

Assim, decidindo deixar os pratos de lado e descansar, Hoseok engoliu o grito em seco que quis escapar de sua garganta quando uma silhueta maior e loira parou em sua frente. O corpo escondido por blusas pesadas e por uma expressão séria tomou a sua visão, assustando-o e o fazendo pular.

Deu alguns passos para trás enquanto tentava se acalmar. Mas tudo piorou ao ver que era Taehyung.

— Eu só quero água, será que dá para sair da minha frente? — Pouco tempo depois, a voz de Taehyung ecoou pela cozinha em um tom escuro e baixo. Parecia que ele tinha acabado de acordar. — Sai da frente.

— U-Uh, sim... claro...

Obrigado. — Taehyung não olhou Hoseok nos olhos, apenas desviou e foi para a pia. Ligou a torneira com o filtro e pegou um copo d'água. Todos os seus gestos eram lentos e cansados, com os ombros tensos e o rosto franzido. — Onde o Jimin está?

— Ele saiu pela manhã, foi dar uma volta com o Jin.

— Hm.

Os dois ômegas ficaram em silêncio.

Hoseok quis voltar para o quarto, mas permaneceu parado. Queria correr e ir para longe, mas sabia que precisava estar ali. Observou Taehyung sem dizer uma palavra, mal conseguindo olhá-lo sem começar a tremer.

Mas sabia que não podia continuar assim.

— Taehyung?

— Hoseok?

Ambos deram um pequeno sobressalto, desviando o olhar ao chamarem ao mesmo tempo. Ficaram por um tempo em silêncio, cada um olhando para um ponto fixo do chão. Apenas o ruído baixo do vento ao lado de fora podia ser ouvido com clareza.

Ômega da cidade [FÍSICO].Where stories live. Discover now