Tensão.

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A loja de conveniência era larga e com corredores estreitos. O cheiro de comida velha cercava o ambiente e apenas o barulho monótono do ventilador podia ser escutado. E as latas de bebidas e sacos de salgadinhos eram tiradas e colocadas do lugar a cada instante, deixando as prateleiras ainda mais desorganizadas.

Hoseok olhava atentamente para um salgadinho picante na primeira fileira. Pensou em pegar, mas a sua cesta já estava cheia e o dinheiro que trouxera era pouco para pagar tudo aquilo. Então, decidiu dar as costas e pegar apenas mais um pote de sorvete.

A sua aparência não era uma das melhores. Tinha o rosto pálido, olheiras debaixo dos olhos e o cabelo desgrenhado. Parecia estranho e diferente: não sorria ou falava mais do que o necessário. Sempre estava pensando e com o olhar distante, como se sentisse...

Enquanto pegava mais um pote de sorvete, a sineta da porta tocou, indicando a entrada de outro cliente. Hoseok não se deu ao trabalho de olhar para trás, concentrado em escolher o sorvete e ir embora.

Ao se aproximar do caixa para pagar, trocou um breve olhar com a atendente, que, com uma expressão vaga, passou os itens pelo scanner e ensacou todos os produtos. Assim, depois de pagar, com a cabeça baixa, partiu em direção a porta e saiu.

Hoseok mal conseguia pensar enquanto andava. A sua mente parecia estar em uma turbulência de vários pensamentos confusos, todos voltados à uma única pessoa. O sol, então, deixava-o ainda mais desestabilizado: o dia estava quente e abafado, e ele teria que ir para casa a pé.

Um suspiro profundo e carregado escapou de seus lábios, mostrando a exaustão que se acumulava em seu corpo. Os seus passos continuaram lentos e pesados, arrastados contra a calçada quente enquanto os seus braços finos seguravam as sacolas com comida.

Os seus olhos apenas se ergueram do chão em um lampejo de curiosidade quando um estrondo ecoou pela rua deserta. Uma moto grande e rápida passou por ali, cortando o ar e deixando os rastros do vapor quente que produzia.

O vento, agarrando-se ao corpo Hoseok, trouxe uma sensação de medo e desespero. Por isso, começou a andar um pouco mais rápido. Os seus sentidos pareceram ficar em alerta e a única coisa que mais desejava era chegar em casa.

De repente, uma voz estridente rompeu o silêncio:

— Ei! Gatinho!

Hoseok engoliu em seco, pulando no lugar quando o chamado preencheu o silêncio da rua. A sua visão pareceu ter ficado turva por um momento e as sacolas caíram no chão, rasgando no meio da calçada. Ele se encolheu, mal olhando para o lado para ver quem era.

— Ei, Hoseok!? Você está bem!? — A voz se aproximou, trazendo o barulho de uma moto consigo. Hoseok pôde ver que a moto era detalhada e fina, uma fusão de elegantes curvas e linhas aerodinâmicas. Pintada em um preto profundo, a superfície brilhava como polida obsidiana. — Você está bem?

Piscando com demora, Hoseok ergueu a cabeça um pouco mais e os seus pulmões esvaziaram em alívio. O seu rosto ainda pálido deixou a expressão assustada e transformou-se em algo tímido, acenando sem jeito com a mão para a mulher em sua frente.

— Uh, Calista... oi...

— Oi, gatinho. O que foi? Você está bem?

A mulher alta desceu da moto com uma elegância tranquila, seu olhar fixo em Hoseok revelando um semblante preocupado. Ela tinha uma beleza cativante, de sobrancelhas finas e nariz arrebitado. O seu cabelo loiro e curto chegava até os ombros, enquanto as suas orelhas tinham piercings e os seus lábios estavam curvados em um leve sorriso.

O conjunto que formava a sua presença revelava uma sofisticação natural, como se ela tivesse saído de uma cena de filme, pronta para desbravar as ruas com sua moto imponente e sua aura irresistível.

Ômega da cidade [FÍSICO].Where stories live. Discover now