As crianças olhavam pela brecha da porta o quarto mal iluminado. Os pequenos olhos vagavam da esquerda à direita, curiosas e apreensivas enquanto tentavam enxergar no breu que tinha forma gelada e indiferente.
Entrando no quarto enquanto estavam de mãos dadas, Jimin e Jungkook não fizeram barulho ao subirem na cama onde Hoseok estava deitado, debaixo das cobertas e de pijama. Com bastante calma, foram até ele e o pegaram de surpresa com um abraço.
Hoseok abraçou os filhos depois de reconhecê-los. Os seus braços quentes apertaram os dois, com saudade. Ele estava encolhido, quase invisível no colchão. O seu corpo parecia magro e cansado enquanto os seus gestos eram lentos.
— A gente te acordou, Hobi? — a voz de Jungkook soou baixa, enquanto sorria ao aceitar o beijo molhado do mais velho em sua testa.
— Não me acordaram, querido. Eu já acordei faz um tempo... — Hoseok respondeu, também baixo. Ele ergueu o edredom e permitiu que as duas crianças deitassem com ele. — É tão bom ver vocês dois logo pela manhã... eu amo vocês. Mais do que tudo.
— A gente ama o senhor também, papai.
Hoseok sorriu pequeno, perdido ao olhar para os dois meninos. Cada um parecia ter um universo inteiro dentro dos olhos escuros, recheado de carinho. Hoseok sentiu o peito arder, acariciando as bochechas de ambos.
— O que foi, Hobi? Você parece triste... — Jungkook perguntou, aproximando-se mais do ômega e abraçando o peito dele. Hoseok cheirava a baunilha doce, um leve perfume calmante.
— Bem... — Hoseok suspirou, passando o braço pelo corpo pequeno de Jungkook. Depois, trouxe Jimin para mais perto para abraçá-lo da mesma forma. — Kookie, meu amor... eu sou muito especial por ter você comigo. Você sabia disso? Eu te amo. Você sempre vai ser o meu menino, o meu filho.
— Claro que eu sei, Hobi — Jungkook respondeu com o cenho franzido, tirando o rosto do peito do outro. O seu olhar tornou-se preocupado. — Por quê? Eu também amo você...
— Jungkook. — Hoseok sentiu a garganta amargar. O vômito quase chegou à língua. — Vem aqui, meu amor... — Trouxe o menino para os braços outra vez, apertando-o com força como se fosse perdê-lo. — Eu só... eu só queria dizer que...
— O que foi, Hobi? Fala logo...
— Jiminie e eu vamos precisar viajar.
Jungkook se afastou um pouco, ainda nos braços de Hoseok.
— Como assim?
— Nós vamos viajar por um tempo. Vamos nos mudar para outra cidade, um pouco longe daqui.
Os olhos de Jungkook se arregalaram lentamente. O menino olhou para Jimin e depois para Hoseok, como se quisesse saber se aquilo era verdade ou não. O silêncio no quarto tornou-se ensurdecedor.
— Mas... mas como assim...? Eu vou também?
Hoseok sorriu com tristeza.
— Oh, meu amor, eu não posso te levar comigo...
— Por quê? Como assim? Por que não?
Hoseok não soube explicar, sentando-se na cama e segurando as pequenas mãos do garoto.
— Jiminie e eu vamos fazer uma viagem por alguns dias, mas vamos te visitar. Vamos sempre estar com você. Aliás, o Jin me deu um celular, hein? Você sempre vai falar comigo e com o Jimin.
— Mas... mas vamos ficar longe... não vamos nos ver...
— Claro que vamos!
— Para onde... vocês vão...? O Nam pode me levar lá sempre que eu quiser ir...? — As palavras de Jungkook foram sendo sussurradas aos poucos, difíceis de se entender com clareza. O pequeno alfa olhou para baixo, não querendo mostrar que as suas pálpebras pareciam molhadas.
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Ômega da cidade [FÍSICO].
Fanfiction| LIVRO FÍSICO PELA EDITORA SINGULARITY. Em um mundo separado por classes, Taehyung odiava-se por estar na mais baixa. Quando foi mandado para longe de casa, pouco imaginou que seus pais o odiassem o suficiente para deixá-lo em um lugar qualquer afa...