2 de Maio de 1998

4.9K 388 37
                                    

- 56 ANOS DEPOIS-

-1998-

Eu vivi por cinquenta e seis anos inteiros sem Dea, tortuosos cinquenta e seis anos sem Dea, me tornei o homem mais temido durante o dia...mas um eterno apaixonado inconsolável durante a noite.

Passei por muitos autos e baixos, quase morri e renasci das cinzas.

Matei muitos, inúmeros, torturei e muitas outras coisas das quais não me orgulho.

Esses anos foram péssimos e penosos, eu sonhava com ela todas as noites, o sorriso dela ficou marcado em minha mente e nunca mais saiu, eu não conseguia nem sequer encostar em outra mulher, por mais que Bellatrix tentasse eu só sentia nojo...todas me davam nojo, nenhuma era Dea, jamais será como Dea.

O anel de nosso casamento, me mostrava e me lembrava de como eu fui feliz, eu não o tirava em um momento sequer, esse anel é a minha fortaleza, a lembrança dela me mantém forte...ela me mantém forte.

A primeira vez que usei meu patrono, me lembro até hoje, 1956, a memória dela apenas sorrindo para mim veio em minha mente, e um lindo cisne apareceu, eu sabia que os patronos mudavam quando se ama, e mesmo 14 anos após sua morte...eu a amava intensamente, mesmo eu tentando negar, tentando fugir, tentando apagar tudo que me lembrava a ela, porque foi isso que fiz nos primeiros anos, a culpei por tudo, a odiei, mas, depois só sobrou a dor, o amor e a lasciva e muito sufocante saudade dela.

Nos primeiros anos, eu havia jogado suas coisas fora, queimei tudo que me lembrava ela...me recordo de tentar me deitar com uma mulher, Galetta Parkinson, mas assim que ela me tocou, eu senti como se me queimasse, como se aquilo me matasse por dentro...não adiantava, Dea Néfus Riddle, havia me estragado completamente para qualquer outra frivolidade...me recordo de ter me esfregado com muita força naquela noite, eu estava me sentindo sujo, não havia escapatória, eu sou dela até o meu último suspiro de vida.

Chorei como um tolo quando em um ataque de pânico tentei achar algo dela que me acalmasse, eu havia jogado tudo fora, e em 1961, foi a primeira vez que voltei para a nossa casa, tudo...eu havia queimado a casa.

Me arrependi amargamente, reconstrui com as minhas próprias mãos a casa, exatamente como era antes, eu me lembrava de cada detalhe, eu nunca me esqueceria...plantei um pé de amora, ela amava amoras e eu amo tudo que ela amava.

Eu não tinha mais as coisas dela, mas, fiz questão de fazer com as minhas mãos, sem magia, coisas que me recordasse dela para sempre, espalhados por toda a minha casa.

Podem me chamar de maluco e obsessivo, não importa, eu estou quebrado desde aquela noite, eu vivo quebrado com os meus cacos se forçando a funcionar, se forçando a se colar mesmo faltando o pedaço principal.

Eu não sou feliz...não, eu estou como eu era antes de Dea, vazio e sem resquício de vida...eu sou oco por dentro, nada me surpreende, nada me agrada, nada me entristece...nada, eu não sinto nada quando não estou em minha casa, em nossa antiga casa.
Eu tentei procurar em muitos livros, pessoas e lugares, possibilidades de a trazer de volta, eu parecia um louco em busca de qualquer migalha de esperança.

Todas as noites, eu me contentava...em apenas olhar para a lua, pensando se ela conseguia me ver de lá, se ela sentia minha falta...se ela estava me esperando.

Harry Potter havia destruído cinco das minhas Horcrux's, eu estava um tanto quanto debilitado, contudo, eu não me importava, eu simplesmente não me importava mais com nada.

- Está na hora, milorde - Lestrange aparece em meu escritório.

Aceno com a cabeça em concordância e me dirigi para a Floresta Proibida, onde Potter me encontraria para acabarmos com isso.

Espero Potter chegar e assim que o menino é morto por uma maldição da morte, sinto algo em mim se romper, e eu sei...Potter também era minha Horcrux...portanto...eu sei que ele não...não havia morrido, eu matei apenas a parte de mim nele.

Enquanto nos encaminhavamos para Hogwarts, todos comemoravam, mas, eu apenas observava, todos detestáveis, mereciam a morte...principalmente, Lucius Malfoy, esse era o mais detestável.

Um homem para mim, não é detestável pela forma como ele mata todos, como ele é frio com o mundo, como ele destrói a tudo...e sim como ele trata os seus, os que o ama...Lucius é detestável porque tem alguém que o ama, tem uma família, mas, prefere amar o seu próprio ego, seu dinheiro, sua posição pública... ele valoriza quem o despreza e mata quem o ama...pessoas assim são as mais detestáveis.

Hogwarts...só me lembrava Ela, ao chegarmos em Hogwarts faço meu falso discurso para ganhar tempo...o garoto vai acordar a qualquer momento...eu conto com isso.

Eu estou fraco...não resta mais nenhuma...Nagini está morta.

O garoto acorda e eu quase sorrio...estou indo...

- AVADA KEDAVRA - grito com todo vigor e força que ainda me resta para esse duelo.

Foi então que o meu próprio feitiço ricocheteou em mim pelas duas varinhas de Potter.

O meu último pensamento? Minha última e primeira verdadeira súplica?

Estou voltando para você, minha deusinha... por favor me deixem ir para onde ela estiver...sei que não mereço, mas eu a amo e juro que a contemplarei na eternidade.

Uma lágrima solitária escorre de meu olho, uma lágrima de felicidade...eu finalmente estou em paz.

Vejo o meu próprio corpo...um sorriso...um sorriso marcava o meu rosto já há muito sem vida.

" Querido Senhor, quando eu for para o céu
Por favor, deixe-me levar meu homem
Quando ele chegar, diga-me que Você o deixará entrar
Pai, diga-me se puder

Oh, aquela graça, oh, aquele corpo
Oh, aquele rosto, me faz querer festejar
Ele é meu sol, ele me faz brilhar como diamantes

Você ainda me amará
Quando eu não for mais jovem e bela?
Você ainda me amará
Quando eu não tiver nada além de uma alma que dói?
Sei que você irá, sei que você irá
Sei que você irá"

(Young and Beautiful - Lana Del Rey)

O Amor de Uma Deusa - Tom RiddleOnde as histórias ganham vida. Descobre agora