FREEDOM • Chris Evans

MARIE

Brookline, near Boston - Massachusetts.

Chris tocou a campainha de Eleanor mais uma vez, odiando a demora para atender. Olhou sobre os ombros, vendo um dos vizinhos caminhar em direção à própria garagem. Se fosse reconhecido, nunca mais teria paz na casa da filha.

Quando Eleanor atendeu, Chris segurou o riso. Ela estava descabelada, com o rosto cheio de marcas de travesseiro e o pijama amarrotado.

_ São seis horas da manhã! - falou alto, fechando ainda mais sua expressão.

Chris não esperou que ela desse passagem, juntando as sacolas que carregava e entrando dentro da casa. Escutou a porta bater quando se voltou para a cozinha, sentindo a mulher lhe seguir.

_ Eu sei, mas queria fazer o café da manhã da Arwen.

Eleanor riu, mudando sua expressão para o deboche.

_ Boa sorte. - ela se voltou para a geladeira, abrindo-a e tomando um gole de água gelada.

Chris, que tirava os alimentos de dentro da sacola, parou o que fazia, colocando as duas mãos sobre a bancada e encarando a mulher.

Ficou apreensivo com aquela resposta, já imaginando seus planos indo por água abaixo.

Desde o momento que soube de Arwen, tudo na sua vida estava resumida a ser pai. Nos últimos dos dias, passou momentos divertidos com a menina, mas os dois apenas brincavam e conversavam. Ele queria entrar na rotina da filha, saber as coisas que ela gostava, passar perrengue na hora de estacionar na frente da escola, saber falar não, repreendê-la quando necessário, fazer sua comida e muitas outras coisas mais. Chris queria aquela responsabilidade completa.

_ Qual o motivo do desdém?

Eleanor estalou a língua e depois coçou as sobrancelhas a procura pela forma que lhe explicaria aquela situação, mas não encontrou palavras. Foi então que decidiu se divertir com aquela situação.

Abriu um sorriso, dizendo:

_ Você vai ver.

Chris estreitou as sobrancelhas, passando a mão pelo rosto ao ver Eleanor sair da cozinha e subir as escadas. Logo escutou a porta do quarto da mulher se fechar.

Seis anos e ela ainda detestava acordar cedo, ele se lembrava muito bem dessa sua característica.

-

_ Não quero! - Arwen falou alto demais, empurrando o prato de panquecas sobre a bancada.

A criança cruzou os braços, emburrando a expressão.

Chris estava encostado no fogão ao lado de Lea, boquiaberto com a cena. A mulher, porém, comia uma maçã despreocupadamente.

Ele umedeceu os lábios, cruzando os braços da mesma forma que Arwen fizera e se voltou pra Eleanor:

_ Vai me explicar o que eu faço agora?

Ela se virou para trás, jogando o resto da maçã no lixo e lavando as mãos.

Olhou para Arwen, que ainda encarava o prato emburrada.

_ Você já deixou de ser novidade para ela. - sussurrou para Chris. - Arwen detesta parar de brincar para comer ou dormir. Para as refeições é ainda mais difícil.

Ele se aproximou, também falando baixo:

_ Mas ela comeu nos últimos dias.

_ Como eu disse, você deixou de ser novidade. - revirou os olhos, pois esperava que ele já tivesse entendido essa parte. - Ela só faz malcriação quanto tem certeza que a pessoa gosta dela e não vai deixar de cuidar por causa de birra.