FILHA

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Carlisle - Massachusetts

6 ANOS DEPOIS

Eleanor sentiu a brisa do mar tomar o seu rosto e a areia formigar sob seus pés. Escutava a risada de uma criança e logo uma mais grave a acompanhava. Arwen vinha em sua direção, sorrindo com sua mais nova aquisição: um dente a menos. Uma sombra familiar a acompanhava e Lea esperou que a filha contasse com quem brincava:

_ "Mamãe, acorda!"

Lea abriu os olhos as pressas se sentando na cama quando a claridade da realidade a atingiu em cheio. Passou as mãos no cabelo, mas agarrou, tamanha a bagunça que havia sobre sua cabeça.

Sentiu a cama ao seu lado se afundar e logo a figura de um menina loirinha, de pouco mais de um metro de altura, começou a pular sobre o colchão.

_ Você vai cair. - Lea deitou novamente, escondendo o rosto enquanto Arwen continuava pulando. - Por que toda essa felicidade logo de manhã? Você odeia acordar cedo.

_ Porque hoje é um dia especial, eu sinto. - Arwen começou a cantarolar, ainda pulando. Ela tinha mania de fingir ser sensitiva, era uma brincadeira. - Você precisa ficar feliz!

A menina se jogou ao seu lado, acariciando passando a mão sobre o cabelo bagunçado da mãe.

_ Vamos, mamãe! Hoje é sábado, dia de cavalgar.

Eleanor apertou os olhos, repreendendo a si mesma. Envolveu a filha em um abraço, tirando o travesseiro da frente do rosto para poder enxergá-la.

_ Me desculpa, querida, eu tinha esquecido. - beijou a testa da filha. - Vamos nos arrumar, tomar café e chamar o tio Billy, tá bom?

Arwen sorriu, colocando a língua por entre a janelinha formada pelo dente que faltava. Ela balançou a cabeça em afirmação, descendo da cama correndo e indo em direção ao seu quarto.

Eleanor gargalhou, adorava a animação que a filha tinha para cavalgar. E, além disso, amava a energia que aquela menina emanava em todo lugar em que estava.

Depois de cuidar de Arwen e de si mesma, partiu para a cozinha e começou a preparar o café.

Arwen saiu de seu quarto com a boneca de pano que sempre brincava, desfilando com a bota azul clara que Hannah havia lhe dado para cavalgar. Ao invés de esperar pelos waffles na cozinha, seguiu para a sala, de onde podia ver os estábulos pela janela.

Arwen era uma criança bastante extrovertida e extremamente esperta, as vezes bem mais do que Eleanor gostaria. Ela era como uma preciosidade presa dentro de uma caixinha e, talvez, isso justificasse o grande anseio da menina perante a tudo.

Sua educação era feita em casa pela própria mãe, o que resultou em uma leitura e escrita rápida, mas isso não era tudo. Arwen não tinha amigos além dos adultos que trabalhavam na propriedade. Poucas foram as vezes que ela havia se encontrado com alguma criança, pois Eleanor só saia dos limites da mansão em casos de urgência.

Lea se culpava todos os dias por privar sua filha de viver, mas Quill ainda estava por ai, sabe se Deus lá onde, apenas esperando por um pequeno descuido da mulher.

O homem surgia com novas ameaças todas as vezes que ela saia da mansão, mas nunca mais lhe ordenou que fizesse alguma coisa. Eram apenas mensagens intimidadoras e presentes sem sentido, como flores. Aquilo fez com que Lea tivesse mais segurança para sair com Arwen de casa, até que um dia, em uma visita à Hannah em Concord, Quil perseguiu seu carro. Estava com dois seguranças de George que, quando perceberam, iniciaram um tiroteio. Quil não revidou, dobrou o caminho e teve seu pneu traseiro furado. O carro foi encontrado quilômetros à frente, mas nada do homem. Desde então, a bolha de proteção se tornou mais rígida.

FREEDOM • Chris EvansМесто, где живут истории. Откройте их для себя