THAT'S LIFE

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Depois de horas longe da amiga, Shanna chegou ao quarto contando a grande novidade: Graham, finalmente, havia lhe pedido em namoro. As duas comemoraram, pularam, gritaram e dançaram o começo da madrugada inteira, mas não demorou para que Shanna desabasse sobre a cama, dormindo profundamente.

Eleanor, por sua vez, se remexia ao lado da amiga. Tentava dormir a todo custo, mas acabou desistindo quando percebeu que seu corpo não estava preparando para aquilo.

Enrolada no roupão e sentada no batente da janela, Lea segurava o bolo de cartas que sempre levava consigo.

Aquela era uma daquelas noites... Bem difíceis. Eram raros aqueles momentos, mas ainda aconteciam. Ora se lembrava de James, ora de Henry. Naquela madrugada, em especial, seu coração fervilhava de saudade e, ao mesmo tempo, de dor. As cartas em suas mãos eram destinadas ao nome fictício que adotaram para que seu falecido marido não descobrisse o romance. Henry os escolheu. Ele possuía o grande sonho de ser Filólogo e tinha Tolkien como maior fonte de inspiração. Além de ser apaixonado por toda a mitologia que o escritor havia criado, passou anos na França tentando desenvolver os feitos de seu maior ídolo. Henry acreditava no poder das palavras, mas tinha a ambição de formar novas. Entretendo, a volta para Carlisle simbolizava seu fracasso. Não conseguiu atingir seu objetivo e voltou para a cidade natal para servir de funcionário para o próprio irmão. Estava sem dinheiro, sem inspiração e envolvido com a esposa da sua única fonte de renda.

Lea pegou uma delas, reconhecendo a data. No nome do remetente, estava escrito Aragorn:

Querida Arwen, você estava linda essa noite. Minha vontade era de tê-la em meus braços, fazendo-a se sentir exuberante, como realmente é. Minha atenção estava em ti, afinal, meu coração já esta contigo. Tenha paciência, a quarta-feira sempre chega e é o momento em que posso colocar em prática tudo que lhe digo.

Porém, dessa vez, venho dizer que a carta da universidade chegou nessa manhã. Me solicitaram novamente em Paris, mas não se chateie, eu recusei. Meus estudos podem ficar para depois, no momento em que você e eu estaremos longe desse lugar.Tenha paciência e me espere, pois eu sempre irei te encontrar.

Seu corpo tremeu e um soluço de choro tentou sair por sua boca, mas ela fez o possível para não deixar. Não queria acordar Shanna, nem mesmo o resto da casa quando suas lágrimas incontroláveis surgissem naquele ambiente.

Ela odiava aquela entonação romântica, pois nunca fora desse tipo antes de conhecê-lo, odiava a situação pela qual aquelas cartas foram enviadas, odiava a forma como ele nunca conseguiu tirá-la daquele inferno... Entretanto, mesmo assim, ainda o amava.

Era isso... Em todo aquele tempo livre daquela tormenta, Eleanor conseguiu pensar muito sobre sua relação com Henry e, em muitos momentos, o chamava de covarde. Sabia que não devia pensar daquele jeito, mas precisava culpar e retirar todo aquele peso que carregava. Porém, ele nunca foi embora. Continuava se questionando o por quê de Henry nunca ter confrontado James, mas logo se lembrava do motivo dela não ter feito o mesmo. Enfrenta-lo só resultaria em uma morte mais precoce.

Ela respirou fundo, odiando a si mesma por se torturar com aquelas lembranças, precisava dormir e faria de tudo para focar naquilo. Guardou as cartas em sua bolsa, saindo do quarto em silêncio.

Tomou todo o cuidado do mundo ao descer as escadas, caminhando na pontinha do pé. A casa estava escura, mas, para sua sorte, as grandes janelas eram o suficiente para lhe mostrar o caminho.

Esbarrou em uma das banquetas da cozinha, xingando baixo.

O local era o mais difícil de se situar, mas foi inevitável não tomar um susto quando uma figura se mexeu próxima a janela, vindo em sua direção.

FREEDOM • Chris EvansWhere stories live. Discover now