CAPITULO 2

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*** capítulo sem correção ortográfica ***

Nuno

Até que ponto uma pessoa é capaz de fingir ser feliz?
Qual o preço a se pagar em nome da liberdade?
Eu posso responder.
Não há felicidade sem liberdade.
Eu sei disso porque nesse momento posso garantir, com a certeza do sangue que corre em minhas veias e do coração que pulsa em meu peito.
Sou um prisioneiro.
Mesmo agora, aqui nesse lugar, rodeado  de amigos, enquanto sinto o vento em meu rosto e a cerveja gelada em minha garganta, enquanto a música enche meus ouvidos e a fumaça meus pulmões, sinto o peso dos grilhões em meus tornozelos, o laço em meu pescoço, tão forte que as vezes tenho a sensação que não consigo respirar. Eu sei.
Eu sou um prisioneiro.
— Ei Nuno, onde você está? — um dos caras da turma que está comigo pergunta, mas realmente não me lembro do que ele estava falando. Então sorrio e volto a colocar o cigarro na boca.
Minha mãe sempre diz que meu sorriso me salva, desde pequeno, sempre que ela está brava comigo eu sorrio e ela se desmancha. Não é essa a intenção, claro, mas funciona, principalmente com as garotas.

Ele desiste de descobrir onde estou e volta conversar com os outros, um grupo de garotas passam por nós, eles mexem com elas, fazendo-as sorrir e eu me perco novamente em minha mente.
A verdade é que nem eu sei a resposta para essa pergunta, onde estou, não faço a mínima ideia, com certeza não é onde deveria estar, a muito tempo não sou mais dono de mim e deixei de me importar com detalhes que não posso mudar. Mas não ligo, que se foda, hoje não é um dia para pensar, hoje é um dia para se sentir vivo e é isso que eu quero fazer.
Quero me sentir vivo, jovem, livre para fazer minhas escolhas.
Quero cometer erros, encher a cara, quebrar a cara, quero fazer merda, me arrepender, chorar e sorrir, quero errar e aprender. Devagar como tem que ser, através das minhas escolhas.
Será um dia, tempo suficiente para um cara viver uma vida inteira?
Eu espero que sim, porque é tudo o que tenho.
Um dia.
A noite já está caindo, estou exausto e completamente sóbrio ao contrário dos outros que a essa altura devem estar caídos em algum canto do festival, depois de um dia inteiro bebendo, para meu desespero, não consigo ser inconsequente, como se estivesse sendo vigiado, como se a qualquer momento fosse ser pego fazendo algo errado e levado de volta para meu cativeiro.
— Aqui está. — o cara da tenda me entrega a cerveja gelada, um alivio para um dia quente e agitado.
Abro-a e tomo um gole enquanto olho em volta imaginando como vou encontrar quatro imbecis bêbados nesse mar de gente quando meus olhos caem em uma cena. Não é nada demais, ao menos não em um festival de música indie com tantas pessoas espalhadas por ai, bebendo, fumando e em busca de diversão, mas tem algo nessa cena em especial que chama minha atenção, talvez seja a forma como ela parecia tão alheia ao mundo a sua volta, como se não existisse mais nada além dela mesma, ou a forma como o imbecil a agarrou abruptamente, sem dar a garota chance de se proteger, talvez tenha sido o jeito com que seus olhos confusos olharam para ele depois que se afastou, ou quem sabe, o sorriso sonhador e até um pouco infantil que iluminou seu rosto enquanto ela se afastava, como se ser beijada por um estranho fosse algo novo em sua vida.
O fato é que não sei ao certo o que me prendeu nessa cena, muito menos o que me faz continuar olhando para ela, desejando mentalmente que ela venha até mim, que se aproxime um pouco mais, que me permita observa-la mais de perto, não sei, porra, eu nem ao menos sei se estou fazendo algum sentido.
Talvez eu nem esteja assim tão sóbrio como imaginei, ou talvez essa cerveja esteja batizada porque quando vejo que ela está caminhando em minha direção sinto uma agitação esquisita em meu corpo.
O céu violeta atrás dela emoldura seus cabelos que estão presos em um rabo de cavalo alto, alguns fios estão escapando, como se o penteado já não estivesse mais aguentando a agitação do dia. Imediatamente passo os dedos em meus cabelos úmidos pelo calor do dia sentindo-me estranhamente tenso.
Ela não me nota, melhor assim, posso analisa-la sem parecer um maluco. Tudo acontece rápido demais, em um instante estou criando coragem para ir atrás dos meus amigos, no outro estou puxando papo com essa garota linda, sem entender porque me sinto nervoso na sua presença, nem porquê de repente preciso desesperadamente saber o gosto do seu beijo. E quando ela se afasta faço algo sem pensar.
Eu vou atrás dela.
Afinal de contas, hoje não é dia de pensar em nada, hoje é dia de viver.
E eu preciso viver, porra, eu estou desesperado por viver, nem que seja só por uma noite.
Amanhã volto a ser apenas um maldito prisioneiro da minha vida.
A banda sobe no palco e a multidão enlouquece, a garota parece perdida e assustada, um grupo a sua frente começa a pular ao som da música e ela perde o equilíbrio, como uma cena ensaiada, ridícula demais para ser narrada, ela cai em meus braços, seu corpo quente desaba sobre mim e antes que eu consiga sequer pensar, minhas mãos estão sobre ela, segurando-a no lugar, impedindo-a de cair.
Estamos tão próximos que posso sentir o seu cheiro, poeira, suor e perfume feminino inundam meu olfato e me aproximo desejando colocar minha boca em sua pele, sentir o sabor salgado dela.
— Cuidado. — sussurro, perto o suficiente para sentir ela estremecer e um sorriso idiota se espalha por minha boca.
O tempo parece pausar nos segundos em que permaneço com as mãos em sua cintura, alivio um pouco a pressão com medo de machuca-la, mas não me afasto, espero que ela faça algo, que me empurre, que siga seu caminho, que não olhe para trás, mas ela não faz nada, seu corpo continua tão perto do meu que posso sentir o calor emanando da sua pele e tocando a minha e seu traseiro roçando meu jeans.
Puta merda.
O grupo a sua frente continua alvoroçado e ela dá mais um passo para trás, agora suas costas estão coladas em meu peito, nossos corpos tão próximos que sei que ela pode sentir o meu coração acelerado no peito.
Viva Nuno, apenas viva, não pense em nada.
Meus dedos se esticam na pele nua da sua cintura, se espalhando por todos os lados, envolvendo-a em minhas mãos. Ela é tão pequena que sinto que posso segura-la inteira junto a mim, é o que quero fazer, mas não faço nada, permaneço quieto, absorvendo cada segundo desse momento, sentindo meu corpo aquecendo de tesão, meus lábios implorando por beijar sua nuca, por passar minha língua em sua pele, por provar se ela é tão saborosa como parece.
Mas eu não faço nada.
Eu apenas espero, porque sei que ela quer o mesmo, sinto na forma como ela se encaixa em meus dedos, como suas costas continuam em meu peito, como seu traseiro pressiona meu pau, como sua respiração parece pesada, que seja lá o que estamos fazendo, ambos queremos a mesma coisa essa noite.
Queremos viver.

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Olá pessoal!!!
E lá vamos nós conhecer um pouquinho mais desse garoto misterioso, sexy e lindo que é o Nuno.
Uma noite sem nomes, sem passado e sem futuro, o tempero perfeiro para se entregar sem medo, afinal de contas é só uma noite né?
Não deixem de comentar e dar as estrelinhas para nossos desconhecidos.
Um beijo e até sexta!

NUNOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora