CAPÍTULO 6

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*** capítulo sem correção ortográfica ***

Nuno

Era para ser um dia de liberdade. Durante todo o tempo me senti livre para fazer o que eu bem quisesse e eu fiz, então porque estou me sentindo tão mal?
Ela ainda está aqui, em meus braços, mentindo para mim como se eu fosse um moleque idiota e talvez eu seja. Talvez seja isso que ela vê quando olha para mim, o moleque idiota que meu pai sempre disse que sou. Talvez ela tenha visto em meus olhos o grande perdedor que é Nuno D’Agostinni e decidiu que não vale a pena.
Nem mesmo um nome.
Julia... ela poderia ter dito logo Julieta, seria tão patético quanto.
Estou magoado, embora não entenda o motivo, afinal de contas o que eu esperava? Que ela me desse seu telefone, que eu ligasse para ela no dia seguinte, que começássemos um relacionamento? Para que?
Um prisioneiro tem direito a isso? Será que um punhado de horas ao lado dessa garota foi o suficiente para que eu me esquecesse que não sou o dono do meu destino?
Ela aperta os dedos no tecido da minha camisa e deixa um beijo em meu peito antes de começar a fecha-la, quero pedir que pare, que não faça isso, que me deixe como estou, mas não consigo, ao invés disso, mantenho meus olhos em seus dedos pequenos e delicados e na forma como eles trabalham rapidamente. Relembro como eles envolveram meu pau e me deram prazer.
Meu coração ainda não voltou ao normal e me odeio por saber que ela está sentindo ele bater forte na palma da sua mão, quero toca-la e saber se o dela também está, mas de que adiantaria? Onde quero chegar com isso? Desde quando me tornei um idiota carente? Otário.
Matteo me mataria se me visse agora, aliás, por culpa dele estou aqui, me sentindo o maior trouxa do universo por ter levado um fora depois de fazer uma garota gozar.
— Prontinho. — ela dá uma batidinha em meu peito e um sorriso sem graça. Odeio esse sorriso.
— Valeu, mas acho que prefiro você tirando ela. —  brinco, mas sinto que o nosso momento passou, ela esfriou, eu me recolhi na minha bolha de autopreservação, voltamos a ser dois estranhos.
—  Engraçadinho.
Olho em volta sem saber como agir, não quero parecer um cara patético, ou ao menos não mais do que já fui, está claro que acabou aqui, então porque não consigo ir embora?
— Acho que está na hora de ir atrás dos meus amigos. — digo querendo logo dar um basta nesse clima chato.
— Sim, eu também preciso voltar para os meus.
— Certo.
Me afasto dela e enfio as mãos nos bolsos, é estranho que embora eu saiba que minha mão esteve dentro dela, que seu cheiro ainda está em meus dedos, agora me sinto tão íntimo dela como de qualquer outra garota desconhecida dessa merda de lugar.
— Quer o meu número? — pergunto em uma tentativa humilhante de que isso não seja o fim.
— É melhor não. — Mais do sorriso que odeio.
Onde foi parar a garota safada que rebolou nos meus dedos? E minha dignidade? Sério Nuno que você praticamente implorou? Deus... que papelão.
— Certo. — Passo a mão no cabelo e olho para a multidão que começa a se dispersar.
—  Nuno.
—  Beleza, eu já entendi, sem contato.
—  Eu... —  ela ameaça começar a falar mas desiste, respira fundo, olha em volta, e sinto que não valho sequer a sua justificativa.
— Então acho melhor a gente ir, vai dar um puta trabalho encontrar as pessoas nesse caos. — odeio que minha voz soe irritada quando ela parece tão tranquila.
Julia ou seja lá quem ela seja, olha para trás de si e balança a cabeça concordando comigo.
— É, acho que sim.
— Então tchau.
— Tchau Nuno.
Não consigo repetir o seu nome. Sei que ele não é de verdade e não quero ser mais patético do que já fui.
Ela dá um passo para trás e coloca o cabelo atrás da orelha, em seguida desvia o olhar para o chão e se vira, caminhando para longe de mim, fico parado, observando ela ir embora, seu corpo pequeno e sensual se afastando de mim até se perder no meio da multidão, se tornando apenas uma lembrança. Sei que a chance de encontrar essa garota novamente é tão absurda quanto a de dois adolescentes se apaixonarem perdidamente em uma noite a ponto de preferirem morrer a ficar separados um do outro.
E isso só me deixa ainda mais chateado.

***

— Ei me passa o leite. — Ivan estende a mão do outro lado da mesa. O cabelo loiro está amassado de um lado e ele fede a álcool.
Os caras não param de falar sobre ontem a noite, ao menos os que estão de pé, metade da turma ainda está dormindo, ou desmaiados, em coma alcoólico depois de passarem a noite vomitando e chorando como um bando de criancinhas.
— O show foi demais não acha Nuno? — Levi pergunta e balanço a cabeça sem vontade nenhuma de responder, o pobre coitado do moleque não tem culpa, aliás, embora não sejamos assim tão próximos, ele é legal, legal até demais para que eu o ignore, mas a verdade é que mal me lembro do show e acho que nunca mais vou ouvir Queens of the Stone Age sem lembrar daquela garota. Talvez eu nunca mais ouça.
— O que diabos aconteceu com ele? — outro cara que não me recordo o nome, mas que veio conosco na viagem, pergunta.
— Acho que tá de ressaca. — Ivan responde, a boca suja de leite como se tivesse dois anos.
— Acho que ele nem bebeu. — Levi diz, meio tímido, tentando se enturmar.
— Então tá explicado. — o idiota sem nome diz.
Todo mundo ri, ergo meus olhos e encaro cada um deles e minha cara feia é o suficiente para que a zoação pare.
— Ei Nuno, você tá bem? — outro moleque pergunta. Jonas eu acho.
— Acho que vou voltar para a cama, estou exausto de limpar vomito e dar banho em marmanjo.
Levanto arrastando a cadeira e ignorando os comentários, sinto o estomago embrulhar ao perceber que a grande maioria das malas estão prontas, nossa fuga está chegando ao fim, em breve estaremos de volta a estrada e por consequência, a minha prisão.
A liberdade está chegando ao fim.
Entro no quarto e me jogo na cama, ignoro o ronco de um cara gordo que está dormindo  na cama ao lado e a ardência em minhas costas, fecho os olhos e começo a pensar na responsável por elas estarem assim, nas suas unhas em minha pele, no seu corpo e nos seus beijos. Nos seus gemidos. Ainda posso sentir seu cheiro e isso é o suficiente para que meu corpo comece a ficar agitado.
Insano.
A cada hora que passa tenho certeza de que o que aconteceu na noite passada foi casual, fui o fetiche de uma mulher que decidiu que queria fazer sexo com um estranho, ela nunca teve a intenção de me dizer seu nome porque nunca passou por sua cabeça me ver  e por algum motivo não gosto da sensação de me senti usado.
Ouço a porta se abrir e nem preciso abrir os olhos para saber quem é, o colchão afunda ao meu lado e sei que ele está se preparando para falar.
— Olha cara, eu sei que isso tudo é uma merda. — Ivan começa.
— Não, você não sabe. — interrompo o seu discurso antes que ele perca o seu tempo e eu o meu.
— Estive do seu lado desde que eu me recordo, eu sei.
— Não, você pode imaginar, mas você nunca vai saber o que é não ser dono da sua própria vida. Você sempre teve escolhas, eu não.
— Em um ano muita coisa pode mudar Nuno. — ele continua com seu discurso motivacional.
— Nada mudou nos últimos, o que te faz pensar que mudaria em um?
— Esperança.
— Bobagem.
— Eu já vi vidas se transformarem em questão de segundos, não duvide do destino.
— Você tá bem esquisito, o que tá acontecendo?
— Vai se foder babaca.
— Ufa, por um momento fiquei com medo de você se debruçar e sei lá, dizer que me ama.
— Sem chance, esse corpinho aqui você não vai ter. — ele dá um tapinha em minha perna e se levanta. — Agora vê se dorme que tua cara tá uma merda.
— Grande novidade.
Ele sorri, como sempre faz, como ele mesmo disse, desde que me lembro ele sempre esteve ao meu lado, aliviando o peso da realidade, sorrindo mesmo que não haja motivos, dividindo as merdas comigo, como um bom amigo deve fazer.
Esperança, que coisa mais boba, para que ela serve além de nos fazer criar expectativas que serão destruídas na primeira oportunidade?
Respiro fundo e deixo que o velho Nuno volte à tona, o cara frio, as vezes até mesmo perverso e sem esperança. O cara que mais odeio no mundo, mas o único capaz de suportar a vida que me foi destinada.

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Ah Nuno Nuno Nuno...
Será mesmo possível que uma pessoa possa se sentir por outra em tão pouco tempo?
Sinceramente? Eu acho!
E não,  isso não é amor a primeira vista ou algo do tipo, mas é a fagulha do que um dia pode ser algo especial, é o click do coração ( e de outras partes também) dizendo " olha esse aí vale a pena hein"
Podem chamar de encontro de almas, química, reação fisiológica, carência afetiva ou seja lá o que for.
Eu chamo de amor, o sentimento mais bonito do mundo, tão forte que uma pessoa pode sentir a sua aproximação antes mesmo dele chegar.

Hoje estou muito reflexiva né kkkkk

É isso aí pessoal, agora preparem a pipoca porque o reencontro desse casal vai ser babado e eu amoooooo demais

Por enquanto vamos cuidar desse coração machucadinho que nosso menino precisa.

Beijos e até sexta.

NUNOTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon