CAPÍTULO 12

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*** capítulo sem correção ortográfica ***

Antes de mais nada, quero muitos comentários porque esse capítulo merece.
Aliás, ele é um divisor de águas na minha vida.
Conto mais no final.
Agora vamos lá ao tão esperado reencontro.

PREPARADOS?

Nuno

É o último fim de semana antes do fim das férias, geralmente o mais divertido de todos, festas quase todos os dias, como uma forma de fazer com que nos esqueçamos que esse é, para a grande maioria de nós, o ano decisivo do resto das nossas vidas.
De onde estou posso ver futuros juízes, advogados brilhantes, CEO's, médicos, talvez um ou outro político, quem sabe um futuro governador do estado, presidente, um astronauta, um prêmio nobel...
Mas não consigo enxergar ninguém realmente realizado, feliz de verdade com suas escolhas, não vejo nada além da pressão da grana, da tradição, dos testamentos, das obrigações, forçando costas jovens demais para tanta responsabilidade.
E entre eles estou eu, apenas mais um fodido fingindo que é um filhinho de papai irresponsável, afogando o medo de falhar nas arruaças imprudentes da juventude, mas que na verdade, mal consegue respirar ao pensar que meu futuro inteiro está traçado e nele não vejo nada além de um cara infeliz.
Assim como meu pai.
- E ai, animado para as aulas? - Cindy puxa um papo idiota enquanto se senta ao meu lado, a saia, curta demais, sobe tanto que posso ver a renda branca da sua calcinha e um pouco mais. Ela sabe, mas não liga, essa é a Cindy.
- Tanto quanto como se estivesse indo para a forca.
- Acho que a forca seria mais rápida, uns três minutos se você lutar muito pela vida.
Ela brinca e sorrio, gosto da Cindy brincalhona e leve, estudamos juntos desde o jardim da infância, assim como todos os outros que estão aqui essa noite, algo comum quando se vive em uma cidade que mais parece uma fortaleza, onde um grupo de magnatas descartaram suas famílias para poderem encher os rabos de dinheiro por ai.
A grande maioria dessas pessoas tem a mesma base familiar, casas imensas, paredes repletas de fotos tiradas por profissionais renomados, passaportes dignos de fazer inveja a qualquer viciado em viagens, mesas enormes que se enchem sempre que o pai está na cidade com seu grupo de investidores, mas que na maioria do ano, está vazia, acumulando poeira.
Famílias de porta retrato.
- Sabe, eu estive pensando, talvez seja especial, talvez a gente possa levar algo de bom desse ano para lembrar quando tudo for uma merda. - ela diz olhando para os pés.
- É, pode ser. - dou de ombros e puxo um cigarro do bolso de trás, está meio amassado, mas acendo mesmo assim.
Cindy desvia o olhar para Ivan, ele parece tranquilo enquanto abraça uma garota.
- As vezes acho que o Ivan vive em outro mundo. - ela diz, ainda olhando para o nosso amigo que nesse momento enfia sua língua na boca da garota.
- Como assim?
- Ele parece tão... feliz. - ela ergue os ombros. - Tão confortável na pele dele, como se esse mundo fosse realmente feito para ele.
-O Ivan tem sua cota de merda na vida, você sabe, estava lá quando o mundo dele desmoronou.
- Também estava quando o seu ruiu.
- Sim eu sei, mas ele sabe lidar melhor com sua vida do que eu.
- Você tá indo muito bem pelo que to sabendo. - Cindy dá um empurrão em meu ombro.
- Não sei do que você está falando.
Ela aponta o queixo na direção onde Gabi está e preciso de toda a minha força de vontade para não fazer uma cara feia.
- Não tem nada acontecendo.
- Mas aconteceu.
- E dai, to sabendo de você com aquele alemão neto dos Schroder.
- Foi só uma noite, ele nem faz meu tipo. - ela joga uma mecha de cabelo para trás e volta a olhar para o casal se pegando do outro lado da clareira.
- Todo mundo faz seu tipo Cindy.
Ela sorri e joga o cabelo para trás.
- Será que um dia a gente vai encontrar alguém que dure mais do que uma noite?
- Não sei, não ligo para isso, porque, você liga?
- Ah sei lá, ás vezes eu penso.
- Não faz isso, pensar é a pior merda da vida, faz a gente se dar conta de que não tem controle de nada.
- Eu gosto de não ter controle, de não saber como acaba o dia vai acabar.
- Não ter controle me deixa nervoso pra caralho. - admito.
- Tudo te deixa nervoso Nuno. - ela apoia as mãos para trás e se inclina, tenho certeza que nesse momento todo mundo pode ver sua calcinha, mas é aquilo, ela não liga
- Do que você tem medo? - pergunto um tempo depois.
- De você e do Ivan se afastarem de mim.
- Você sabe que isso nunca vai acontecer não sabe?
Ela dá de ombros e parece tão tímida que não reconheço a Cindy que tem cada moleque dessa cidade na palma da sua mão.
- Não, mas você anda esquisito.
- Eu estou esquisito, não tem nada a ver com você.
Digo e no instante em que as palavras saltam da minha boca sei que estou falando a verdade, estou esquisito, ansioso, agitado e mais irritado que o normal, eu achei que tinha algo a ver com o aniversário da morte do Matteo, mas me enganei.
Estico a mão e descanso-a na coxa dela, Cindy coloca sua mão sobre a minha, os dedos se encaixando nos meus, a pele macia e morna, tão familiar e reconfortante que as vezes me pergunto porque a gente nunca ficou junto de verdade.
- Vai ficar tudo bem. - sussurro olhando dentro dos olhos dela.
- Promete? - ela parece tão assustada que por um instante não sei se ela está se referindo a nós dois ou ao resto das nossas vidas.
- Prometo.
Ela ergue a outra mão e pega o cigarro colocando-o em seus lábios, sorrio enquanto admiro a forma sexy com que ela traga, então ela se inclina e cola sua boca na minha, soltando a fumaça dentro dela.
- Obrigada. - ela diz enquanto solto a fumaça no ar.
- Disponha.
Cindy se levanta, levando meu cigarro com ela, vestindo a fantasia de garota sexy e poderosa, se juntando a um grupo de meninas e fazendo o que ela sabe fazer de melhor, fingir.
Já eu não consigo mais, o fardo tá se tornando pesado demais para que eu possa carrega-lo.

NUNOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora