1.03: Nouvelle-Orléans

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Aeroporto Louis Armstrong, Nova Orleans, Estados Unidos

22 de agosto de 2025

Já era noite quando chegaram na Luisiana, e os semideuses já não viam a hora de pousar. Ambos preferiam viajar pela estrada dentro do continente, pois tanto Caleb quanto Johanna nutriam desprezo pelo deus dos Céus. Porém, com Zeus fora de circulação, isso não seria um problema.

E quando viram seus pais no saguão principal segurando placas com seus nomes, tudo valeu a pena.

— Sejam bem-vindos à Nouvelle-Orléans, crianças!

O pai de Caleb, Ferdinand Bishop, foi quem os convenceu a voar de primeira classe até Nova Orleans. Um grande diplomata, o filho de Hera passava a mais tempo dentro de aviões do que em terra firme. Sua herança divina o favorecia nos ares e ao lidar com os líderes das diversas nações, afinal, era filho da deusa do Céu e das Alianças.

Os olhos verdes de Ferdinand brilhavam como duas esmeraldas cintilantes, a quem Caleb herdou a tonalidade de suas írises. Sua pele era bronzeada como a do filho também, mas era mais alto, mais forte, e os cabelos loiros, bem curtos, já se tornavam grisalhos, e a barba espessa.

Sua primeira atitude foi correr ao encontro dos garotos, agarrando o filho em um abraço apertado, levantando-o do chão e rodopiando com ele em seus braços como se ainda fosse uma criança. O que não era uma tarefa fácil, já que ele era alto e musculoso, mas o seu pai ainda tinha um porte físico que o permitia ter tais excessos.

Logo em seguida, Henrik Folkestad envolveu a filha em um abraço contido e silencioso. Sendo filho de Hécate, ele valorizava o silêncio como a melhor forma de expressar o seu afeto. Os Bishop e os Folkestad tinham formas distintas de lidar com suas emoções. Johanna tinha os fios ruivos, a pele pálida e os olhos azuis do pai.

A barba dele estava feita e os cabelos arrumados, algo um tanto atípico do homem que na maioria das vezes não se preocupava tanto com sua aparência. Ela imaginou que ele havia se arrumado melhor para receber sua filha, e isso a deixou grata.

— Pode colocar nosso filho no chão, Ferdinand? Caleb não tem mais cinco anos.

— Ele sempre vai ser o meu garotinho!

— Pai! As pessoas estão olhando...

Irina Zobrist riu, e então deu um beijo na testa do filho. Como uma boa filha de Hades, ela chamava menos atenção do que o marido, e mesmo já conhecendo as famílias um do outro há anos, Johanna sempre se perguntava como duas pessoas tão diferentes conseguem ficar juntas por tanto tempo.

Seus olhos e cabelos eram totalmente negros, de tal forma que nunca viam suas pupilas, mesclando-se com a escuridão das suas írises. Os cabelos dela serpenteavam em ondas tímidas até a linha das clavículas, a pele clara contrastava com os cabelos e o vestido negro, como costumava se vestir. Porém, ao contrário da maioria dos filhos de Hades, suas feições não eram duras, mas sim convidativas.

A psicóloga forense sorriu para Johanna e a recebeu com um abraço, percebendo que a garota sentia falta de Ragna, que não viria.

— Sua mãe gostaria de estar aqui — Henrik começou — mas o Exército de Atena estava em missão na Capadócia.

— Tudo bem, ela disse que não chegaria a tempo. E Daphnée?

— Resolvendo algo na universidade, ela nos encontrará amanhã no comitê de boas-vindas.

A garota sorriu. Ao contrário de várias famílias, Johanna sempre viu o divórcio dos pais com muita simpatia, pois Henrik e Ragna souberam se separar de forma amigável.

Universidade St. JuniperWhere stories live. Discover now