1.12: Noite das bruxas

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Universidade St. Juniper, Nova Orleans, Estados Unidos

31 de outubro de 2025

A noite de Halloween era um evento tradicional por todo o país, e não seria diferente em Nova Orleans, conhecida como o centro da magia vodu nos Estados Unidos. A capital do jazz mantinha sua fama como cidade assombrada por bruxas, fantasmas e vampiros, de tal forma que o Dia das Bruxas só perdia para o famoso Mardi Gras.

No centro do lago Pontchartrain, St. Juniper também comemorava o seu Halloween. Assim como a Delta Ni Ômega mantinha a tradição de abrir o ano letivo com a famosa calourada, era função da Beta Lambda Gama oferecer a festa de Dia das Bruxas na universidade. A irmandade dos deuses dos ventos e dos viajantes herdou de Hermes e Éolo o espírito anfitrião, de tal forma que as festas na casa dos ventos são tão famosas quanto às da casa de Dionísio.

Conforme os estudantes chegavam ao final da Fraternal Street, os semideuses eram bem recebidos pelos anfitriões à mansão, a maior entre todas as irmandades. As paredes eram brancas como as nuvens, ornamentadas com gesso, mármore e ouro, exibindo sofisticação. Hermes e Éolo prezavam pela elegância e conforto para receber seus convidados, passando tal comportamento aos seus descendentes. De tal maneira que a mansão possuía vários terraços, salões, quadras e piscinas.

— Gente essa casa é um luxo só! O povo lá da irmandade podia se inspirar aqui e parar com o puritanismo.

— Achei que você gostava de viver cercada por plantas, Sophia.

— Caleb, meu anjo, eu amo minhas plantinhas, o que não me desce é ver metade das garotas de saia jeans e metade dos meninos usando suspensórios.

O catiço gargalhou enquanto a filha de Deméter mantinha sua expressão indignada. Ela sempre reclamava do quão irritante era ter irmãos castos e conservadores, e suas rixas com a própria linhagem eram hilárias desde o tempo do colégio.

Enquanto eles tagarelavam ao entrar na mansão, Johanna e Agatha permaneciam em silêncio atrás da dupla, não muito animadas com a festa. Não era da sua natureza introspectiva gastar tempo e energia com interações sociais, mas os semideuses da Beta Lambda Gama eram muito persuasivos.

— Depois dessa ninguém nunca vai poder dizer que eu nunca fui a uma festa da faculdade — Agatha suspirou e concordou com a ruiva.

— Sendo bem honesta, eu queria nunca mais ter pisado em outra desde a calourada. Espero que essa festa não termine em tragédia como a outra.

— Não é uma boa ideia soltar um agouro justo na noite das bruxas.

Johanna riu ao ver a negra se arrepiar. Notando o clima agradável da noite, disse a si mesma que talvez não seria uma festa tão ruim.

Os quatro combinaram de ir juntos para que Agatha e Johanna não desistissem, tendo em vista que a neta de Atena até então não havia cogitado ir a uma festa em St. Juniper. Em troca, elas escolheram as fantasias deles, que foi um acordo justo para Caleb e Sophia.

Os catiços foram fantasiados de Venom e Feiticeira Escarlate, personagens de quadrinhos que a ruiva adorava. Ela ajudou o moreno com a maquiagem, de tal forma que Caleb ficou surpreso com os detalhes do simbionte em seu rosto e corpo.

— Porra, como você conseguiu fazer tudo isso sozinha, Hanna?!

— Não é porque eu não gosto de maquiagem que eu não sei usar.

— Você usou magia, não foi? — ela deu um soquinho no ombro dele, coberto de tinta preta.

— É muito rude da sua parte desconfiar do meu potencial, Leb.

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