1.04: O santuário da Mãe Juniper

31 5 32
                                    

Universidade St. Juniper, Nova Orleans, Estados Unidos

23 de agosto de 2025

— Então é esse o lugar... estou surpreso.

Caleb estava verdadeiramente impressionado com a visão da Universidade. Ao lado, Johanna estava mais contida, mas igualmente encantada, pois o campus era ainda mais magnífico do que viu nas fotos pela internet.

Partindo de Little Woods, havia uma pequena entrada oculta aos olhos mortais, próxima à Praia Lincoln, onde a balsa percorre o Lago Pontchartrain até uma ilha, o lugar que abrigava o campus. Apesar de não ser visto por humanos, os semideuses que alcançavam a ilha se deparavam com o seu esplendor.

No píer oeste, onde desembarcaram, os catiços avistaram uma escadaria extensa, degraus entalhados em pedra que os direcionaram à planície central. As escadas eram enormes, demoraram cerca de dez minutos caminhando os degraus que circundam a elevação rochosa, mas ao alcançar o topo, sentiram que valeu a pena todo o esforço.

A extensão da ilha é acentuada, praticamente uma pequena cidade universitária. A vegetação divide espaço com as construções gregas, exibindo musgos cravados nas pedras e os longos ciprestes, que nasciam até mesmo as águas do Pontchartrain. Os prédios são unidos entre si, formando uma espécie de castelo, com suas torres, arcos e pavilhões. O mais próximo dos garotos é uma construção de dois andares, com uma torre central de três andares e um portal para o jardim interno. Um hospital, de acordo com as placas.

A arquitetura reproduz as formas gregas do passado, destoante da realidade tecnológica do século XXI, quase como se a intenção da universidade fosse trazer os pilares da Grécia Antiga para a formação dos semideuses. Porém, os traços modernos das construções atuais dão ao espaço físico de St. Juniper um toque sofisticado.

— É melhor do que imaginei — o garoto soltou um assobio.

— Você devia ver a Biblioteca — Johanna completou — é ainda mais impressionante.

— Quase não acredito que estamos aqui, sabe? Cinquenta anos atrás seria impossível um semideus grego começar uma faculdade e ter uma vida normal — ele suspirou. — Hera certamente adorava esse lugar.

— Não é à toa que a Universidade foi nomeada em homenagem a ela: o maior templo de Hera, dedicado à formação acadêmica dos semideuses. Ela cometeu muitas loucuras no passado, mas temos que admitir que isso só é real por causa dela.

A garota deu uma boa olhada em Caleb, pois sabia que o nome da sua avó era um tópico sensível desde o desaparecimento de Zeus e Hera. Os descendentes dos Reis do Céu estavam em um cabo de guerra há um ano, sentindo sua sanidade definhar dia após dia com a falta de notícias sobre o paradeiro dos deuses.

E para Caleb, que era incrivelmente apegado à deusa das Alianças, era cada vez mais difícil se manter firme. A ruiva percebeu isso na noite anterior, conforme seus pais os levavam para conhecer a cidade. Em determinado momento, Ferdinand abraçou o filho pelos ombros, trazendo-o para o seu peito, de forma que pai e filho passaram um bom tempo sem dizer absolutamente nada, apenas vivendo a dor da perda causada pelo sequestro de Hera.

Decidida a ser a âncora do seu melhor amigo, como haviam sido um do outro desde que se conheceram em Atlanta, Johanna pegou a sua mão e puxou o moreno, seus olhos verdes retomaram o brilho que os descendentes de Hera tinham, principalmente enquanto encaram o horizonte.

— Vem, temos muito o que explorar — ele sorriu.

— Temos.

Os diversos estudantes que passam pelos dois amigos estavam alheios às suas preocupações e motivações, já que a imensidão de calouros atravessando o campus no primeiro dia de aulas em St. Juniper era intensa. No entanto, o momento exato em que Caleb sorriu para Johanna conforme a garota apontava o grandioso portal de pedras foi gravado pelas lentes de uma câmera Polaroid, e tão logo a fotografia foi revelada, a fotógrafa comparou aquele registro com a imagem distante dos calouros se afastando, satisfeita.

Universidade St. JuniperWhere stories live. Discover now