1.13: Vraie Magie

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Universidade St. Juniper, Nova Orleans, Estados Unidos

31 de outubro de 2025

Tudo aconteceu tão rápido que Sebastian não soube acompanhar. Em um instante, segurava a mão de Andrômeda e se encantava pelo sorriso dela. Segundos depois, uma espada atravessou o peito da filha de Íris, fazendo-a perder a cor intensa de seus olhos. Ela também não conseguiu processar o que havia acabado de acontecer, pois quando a espada foi retirada e Andrômeda caiu, seu rosto congelou em uma expressão atônita.

O sangue jorrou pelo chão, e Sebastian só se deu conta que estava agachado ao lado do corpo, dela segurando a mão de Andrômeda pela última vez, enquanto lutava para estancar o sangramento, mas já era tarde demais. Quando a garota soltou um breve suspiro, a vida havia deixado o seu corpo.

E então, tudo ficou em silêncio.

A música, os gritos, a sensação dos corpos agitados ao seu redor, tudo desapareceu. Para ele, um semideus que nasceu com sinestesia, tudo significava alguma coisa. A luz do sol, quando o atingia em cheio no rosto, trazia a sensação de cócegas. O cheiro de terra molhada despertava a cor laranja, cor que ele visualizava no bayou constantemente. O som de estática permanecia em seus ouvidos toda vez que ele molhava os pés em água fria. Coisas doces tinham cheiro de açafrão, por isso ele preferia salgados, que o faziam escutar batidas de coração.

E Andrômeda, sendo filha de Íris, irradiava todas as cores do arco-íris sempre que usava o seu perfume adocicado. Quando eles se beijaram, a sensação de fogos de artifício estalando em suas mãos percorreu toda a pele, até os cotovelos. Mas quando ela emitiu seu último suspiro, o branco e o silêncio tomaram a mente de Sebastian. Branco, mesmo que sua fantasia multicolorida estivesse ensopada de sangue. Silêncio, ainda que a música tocando nas caixas de som deixassem vibrações pesadas no ar. Branco e silêncio irradiavam de Andrômeda, tal qual a pessoa que segurava a espada que ceifou sua vida.

O filho de Zeus ergueu seus olhos para a presença delgada em sua frente. Usava um manto xadrez preto e branco que cobria todo o seu corpo. De altura elevada, tinha quase dois metros, e sua identidade estava oculta por uma máscara veneziana branca, de uma textura grosseira que parecia gesso antigo. O molde do rosto estava cercado por franjas decoradas, formando uma espécie de coroa curvada, como os chapéus de bobos-da-corte.

E apesar de os olhos não serem vistos por baixo da máscara, sabia que a pessoa o encarava.

Ela brandiu a espada, e Sebastian não pensou, somente sacou o anel dourado, materializando sua espada de ouro que já estava envolta pela eletricidade. Sebastian só tomou consciência de onde estava e o que fez quando cortou ao meio aquele alguém que ceifou a vida da garota que se apaixonou.

E quando o manto se abriu, a espada e a máscara flutuaram no ar conforme a gravidade as atraiu para o solo. Dessa forma, Sebastian constatou, horrorizado, que não havia ninguém por trás da máscara.

— M-mas que porra...

Só então a realidade o atingiu, vendo Lenore ter a garganta cortada por outra figura usando uma máscara veneziana, essa de silhueta mais baixa e robusta. Ao ser atacada, apenas se desfez como se nunca houvesse vida por baixo da fantasia.

Mais e mais máscaras foram surgindo, e conforme visualizava as fantasias venezianas, Sebastian atirava os raios, mas estando no interior da Beta Lambda Gama, seu poder de ataque estava limitado, então bateu em retirada para a campina, onde estaria mais bem posicionado. No caminho, passou por Hunter, que atacava outras máscaras em retaliação pela morte de Lenore, mas como o loiro, ele seguiu para o campo aberto.

Os dois encontraram Aidan e Caleb logo na saída. O catiço estava munido de sua foice, enquanto o filho de Éris golpeava os inúmeros espectros mascarados que surgiam aos montes, por todos os lugares.

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