1.11: Lei Suprema

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Universidade St. Juniper, Nova Orleans, Estados Unidos

25 de agosto de 2025

Estava quase anoitecendo quando os alunos deixaram a aula de Duelos. Caleb observava o pôr-do-sol reflexivo, como costumava fazer no Brooklyn. Perguntava-se quando Hera surgiria, e se as coisas um dia voltariam ao normal. Talvez o normal não existisse mais.

Ele esperou até o anoitecer no gramado, ficando sozinho diante do Lago Pontchartrain. A noite estava silenciosa, exceto pelo coaxar dos sapos no pântano e os insetos da mata mais ao longe, e uma brisa fria soprava. Poderia passar horas ali, pensando na vida ou só matando o tempo. Porém, Caleb se levantou e fez o caminho para a irmandade.

As ruas estavam vazias, tendo em vista que, naquela noite, muitos clubes se reuniam com seus novatos, e as irmandades seguiam acesas como nas noites anteriores. Virou a esquina e caminhou até a frente da Kappa Ômega Mi; entretanto, antes de entrar, um pressentimento capturou sua atenção. Caleb não conhecia direito a Ala Sul, apenas o caminho que levava para sua casa e a Delta Ni Ômega, que ficava no final da rua. Olhou para o lado, uma rota que não conhecia, e seguiu.

Não demorou muito até encontrar um quarteirão circular contendo cinco casas e um pavilhão no meio. Uma praça com a estátua dos Seis Grandes, os Olimpianos originais. À direita estava a casa de Zeus, e à esquerda, a de Hera. Passou algum tempo admirando a arquitetura da Eta Épsilon Alfa, pensando no que seria diferente caso tivesse sido designado a essa irmandade. Diferente de Upper Yard, aqui precisava se passar por um mestiço filho de Hades. Até que o professor Dinozzo rompeu o silêncio de Têmis na frente de todos os estudantes, ardiloso como uma serpente.

O esperado da prole da Rainha dos Deuses.

Mantendo-o em mente, Caleb respirou fundo e subiu os degraus, vendo as grandiosas portas se abrirem. Pelo que ouviu dos rumores, a Eta Épsilon Alfa abria suas portas apenas para quem tivesse o sangue de Hera, pois não aceitava qualquer um. Pelo visto, estavam certos.

Avistou um hall de entrada não muito grande, apenas o suficiente para abrigar um sofá com estofado verde à sua esquerda, e à direita uma penteadeira com espelho e duas luminárias simulando tochas. Havia um quadro dourado retratando uma cadeia de montanhas, um tapete persa, um pequeno lustre quadrangular e duas colunas brancas carregando dois vasos de plantas.

As paredes eram verdes e no final do cômodo havia um portal de gesso e vidro, que terminava em um grande corredor. Eram muitos cômodos, passagens e escadarias, mas sua intuição o guiava até o final dele, então continuou. A irmandade parecia vazia, estava no completo silêncio, e isso o intrigava, pois mesmo sozinho, sentia-se analisado por inúmeros olhos escondidos na decoração luxuosa.

Quando atravessou o portal, não segurou uma expressão surpresa. Um cômodo mais amplo do que os demais, contendo a sala de estar e jantar integradas. Ao lado direito, uma mesa longa de mármore com cadeiras douradas e estofado negro. Do lado esquerdo, sofás de couro marrom e poltronas variadas dispostas em torno do tapete circular. Como nos demais aposentos, as paredes eram verdes, mas em um tom mais escuro, enquanto a iluminação era feita por luminárias douradas, tal qual as grandiosas janelas.

Contudo, ele não estava sozinho. Sentado confortavelmente, Gabe Owen encarava Caleb com feições curiosas, avaliando-o de fora para dentro. Apesar de usar roupas mais casuais — uma calça de moletom branca e a camiseta verde-escura com o símbolo ΗΕΑ em prata — o professor Dinozzo mantinha sua expressão de superioridade.

— Então você atendeu ao meu chamado. Muito bom.

O catiço engoliu em seco, compreendendo o que havia acontecido. Os descendentes de Hera possuem o poder de convocar pessoas e criaturas com sua voz, ou até mesmo em pensamentos, comandando-os para vir ao seu auxílio. O poder de Gabriel estava muito acima de qualquer outro filho de Hera que Caleb conheceu, tendo em vista que o garoto sequer percebeu a influência dele em sua mente.

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