CAPITULO 3

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*** capítulo sem correção ortográfica ***

Ivan

Observo meu melhor amigo rastejar para o banheiro feminino de um dos mais caros restaurantes do país, como se estivesse se esgueirando para um buraco no meio do gueto. Cara ele tá muito apaixonado.
Olho em volta para garantir que o imbecil não está se metendo em nenhum problema, mas acho que assim como na cidade onde vivemos, aqui o dinheiro fala mais alto do que as regras de etiqueta, e tenho certeza que seria mais fácil o Papai Noel estacionar o seu trenó bem no meio desse salão do que alguém atrapalhar o casal que provavelmente ta se pegando naquele banheiro.
- Para de olhar. - Cindy resmunga como a chata mandona que ela é e desvio meu olhar de volta para ela.
- Pelo que me lembro, o pais é livre e posso olhar para onde eu quiser. - resmungo de volta de cara feia.
- Qual é o teu problema hein?
Meu problema? Meu problema é você.
- Nada.
- Nada não, você parece um velho chato e resmungão.
- Odeio se forçado a fazer o que não quero.
- Agora está parecendo uma criança birrenta.
- Essa eu deixo pra você.
- Eu fui legal, o Nuno ia ter um infarto se ficasse em casa enquanto a Stella tá aqui.
- Ele ia sobreviver, agora tenho minhas dúvidas se nós vamos sobreviver a essa noite.
- Do que você está falando? - ela pergunta, parecendo tão ingênua que me pergunto se ela realmente se deu conta do que fez.
- Estamos no meio do olho do furacão com uma bomba relógio prestes a explodir.
- Você tá jogando vídeo game demais Ivan.
- Você ainda não percebeu? Stella está jantando com o Jorge.
- Um velho centenário que mal consegue levantar esse garfo.
- E do lado do Tony. - completo encarando seu rosto confuso. - E o Nuno... bom ele está louco para socar uma cara que não seja a do Dom pra variar.
- Você acha que ele arrumaria uma confusão? Deus minha mãe me mataria se ele fizesse algo assim.
- Isso vai depender do quanto a Stella consegue controlar o nosso amigo, enquanto isso, estamos aqui.
- Tenho certeza que isso não será um problema para a professora. - Cindy diz com uma certeza que eu gostaria de ter.
- Agora que estou aqui, só me resta comer essa comida cara do caralho.
- Isso, come, quem sabe assim melhora seu humor de merda.
- É o que vou fazer.
- Pode dar o fora também, se quiser. - ela diz irritada.
- Pode ficar tranquila, quando eu quiser, sei o caminho. - Enfio uma porção de comida na boca e continuo de boca cheia só para irrita-la. - Não precisa voltar comigo, tenho certeza que você arruma um trouxa que te dê uma carona. - ergo os olhos e encaro as costas largas e imundas do maldito professor Tony.
- Com toda certeza eu arrumo facinho, e seria bem melhor do que passar mais duas horas em um carro ao seu lado com seu mau humor insuportável e sem contar que parece que nem tomou banho. - ela aponta a unha bem feita na direção do meu cabelo.
- Tá incomodada com minha higiene loirinha?
- Por favor Ivan, não temos mais doze anos, achei que você já tinha passado dessa fase.
- Eu entrei na piscina e você sabe que meu cabelo fica esquisito.
- Cadê o shampoo que comprei para você usar depois da piscina.
- Não sei, deve estar no banheiro da minha mãe.
- Eu comprei para você.
- Eu não vou ficar usando shampoo para piscina, pelo amor de Deus, mais um pouco e você vai querer que eu faça a unha.
Ela olha para minhas mãos e bufo porque estão em um estado lastimável.
- Não seria tão ruim, qual o problema em se cuidar um pouquinho de vez em quando? Nós mulheres também merecemos um cara bem cuidado.
- Eu me cuido quando vou encontrar alguém que valha a pena estar interessante. - digo sabendo que vou magoa-la e não me importando nem um pouco com isso, jogamos esse jogo doentio de quem pode mais leva a melhor a tanto tempo que sinceramente não consigo imaginar Cindy magoada de verdade com minhas canalhices.
Chumbo trocado não dói, não é mesmo?
Ergo os ombros e termino de comer a comida que Nuno abandonou dando o assunto por encerrado, olho para o prato de Cindy e ele também está intocado, ela sequer olhou para a comida que inclusive está deliciosa.
- Você nunca come? - aponto o garfo de prata para seu prato.
- Já comi, estou sem fome.
- Você vai acabar desaparecendo se continuar emagrecendo desse jeito. - digo de forma grosseira e me arrependo imediatamente, mas Cindy não parece ofendida, ao contrario, parece até um pouco feliz.
- Não é fácil entrar em um Burberry.
- Não é disso que os caras gostam.
- Ninguém está reclamando. - ela diz erguendo a sobrancelha de um jeito arrogante e consegue o efeito desejado, sinto o meu rosto esquentar e meu apetite ir embora com a simples menção de outros caras olhando para ela.
- Você anda saindo com uns caras muito esquisitos então. - enfio uma batata do seu prato na minha boca e mastigo de forma grosseira. Cindy revira os olhos para minha falta de educação e me sinto o ouro do qual ela me acusa.
- Se esquisitos significa limpos e bem arrumados com certeza, eu estou.
- Tipo Dominic Calazans? - desentalo o bolo que está em minha garganta desde o dia em que ela disse que já se pegou com o esquisito do Dom, é ridículo eu sei, nem ao menos tenho algo a ver com isso, mas porra, o Dom?
- Qual o problema?
- Sério? O cara parece um gibi e tem todos aqueles piercings e se você está achando meu cabelo ruim, o dele deve ser cortado pelo Edward Mãos de Tesoura.
Cindy sorri, um sorriso lento e analisador que me deixa irritado, mais irritado do que estou desde que ela me obrigou a sair de casa essa noite.
- Você está com ciúmes Ivan Schwertner?
- Ciúmes? De você? Tá brincando né? - enfio mais uma batata na boca porque de repente sinto que todo o restaurante pode ver o quanto estou ficando vermelho, porra. As vezes odeio ser um branquelo irritado que demonstra suas emoções com tanta facilidade.
- Então qual é o teu problema com o Dom?
- Nada ué. - ergo os ombros enquanto encaro o resto da comida em meu prato e lamento por ainda não ter dezoito anos, daria tudo por uma bebida alcoólica agora.
- Nada? Não é o que parece.
- Eu só não sabia que vocês tinham se pegado. - repito as palavras que ela usou naquele dia e o sorriso se espalha por seu rosto.
Idiota do caralho.
- Isso faz diferença?
- Sei lá, ele é esquisito.
- Ele não é esquisito, é nosso amigo.
- Ele não é nosso amigo.
- Você sabe que ele é.
Olho para a porta do banheiro que continua fechada e em seguida para o velhote do outro lado do salão, ele está entretido com uma ligação e mal se lembra que sua acompanhante de milhares está no banheiro a sei lá quanto tempo.
- Meu amigo é o Nuno, o Dom é apenas um cara que teve a infelicidade de fazer parte do mesmo circo dos horrores que a gente, isso não faz dele o nosso amigo.
- Ele se colocaria em perigo por você.
- Ele se colocaria em perigo por qualquer um que desse essa oportunidade para ele, o cara é um sádico doente que gosta de apanhar.
- Para com isso Ivan, não é assim, você sabe.
Respiro fundo e bebo um gole do refrigerante desejando que ele possa refrescar o sangue em minhas veias.
- Certo, eu exagerei.
- Ou talvez você esteja com medo de que ele tenha um equipamento maior que o seu. - ela morde o lábio voltando a me provocar.
- Nah, eu não me preocupo com esse tipo de coisa. - apoio-me na cadeira, descansando o braço no encosto do Nuno.
- Como você sabe?
- Eu não sei, mas me garanto com o que tenho.
- Convencido.
- Confiante.
Solana ergue os olhos na nossa direção, ela observa Cindy por um instante antes de pousar seus olhos em mim, ela sabe de tudo, algo que acabei fazendo em uma noite regada a muito álcool, dor de cotovelo, uma brochada digna de humilhação e pra finalizar uma choradeira em que admitir para ela tudo o que sinto por minha amiga. Ou melhor, sentia.
Não sinto mais, não mesmo.
Cindy segue meu olhar e revira os olhos antes de beber um gole da sua agua com limão e gelo como se fosse a coisa mais gostosa do mundo.
- Sinceramente, não sei o que vocês garotos veem nela.
- Experiência, carência, desejo de ser adorada, mulheres mais velhas são bem mais solicitas, elas não têm mais tantos pudores, topam praticamente tudo.
- Nossa, que papo de menino, vê se cresce. - ela bufa e é minha vez de sorrir.
- Está com ciúmes Cindy?
- Da Solana? Fala sério, ela nem é de verdade.
- Posso garantir que é.
- Você é nojento.
- Como pode ver, tem quem goste.
Pego seu prato e puxo-o para mim, começo a comer, mas sinto os olhos de Cindy ainda sobre mim.
- Ela topa mesmo tudo?
- Absolutamente tudo. - digo e Cindy parece desconcertada enquanto encara a toalha cheia de frescuras da mesa.
- Você ainda não respondeu minha pergunta.
- Se o piercing do Dom é útil? - ela ergue a sobrancelha e sinto a comida revirar em meu estomago.
- Engraçadinha.
- Eu não transei com ele seu imbecil.
- Mas já se pegou. - olho para ela acima do garfo e ela paralisa, seus olhos fixos nos meus, o silencio dizendo tudo o que eu queria saber. - Ah porra... vocês não se pegaram. - constato sentindo um alivio gigante deixar meus ombros enquanto um sorriso idiota se espalha por meu rosto, a dias tenho pensado nisso e por mais idiota que seja, não consigo evitar, a imagem de Cindy e Dom juntos é algo que me fez perder o sono.
- Porque é tão importante para você saber? Acaso tem uma lista dos caras que pego?
- Uma planilha do excel no meu celular, quer ver? - aponto para o aparelho sobre a mesa e ela sequer desvia os olhos de mim.
- Se importa tanto assim?
- Não, só tô te enchendo o saco. Não dou a mínima para quem você pega.
- Desde que não seja o Dom.
- Sério, tanto faz para mim se é o Dom ou o Jorjão ali. - aponto para o acompanhante de Stella.
Grande. Mentiroso. Do. Caralho.
Coloco mais uma porção de comida na boca, a satisfação de ter encerrado mais uma briguinha boba com a Cindy fazendo com que a comida pareça ainda mais apetitosa, mesmo que agora ela esteja fria e meio pegajosa. O alivio de saber que ela não beijou mais um dos nossos amigos acalmando o meu coração idiota e trouxa que ainda se magoa com o que a garota que não se importa comigo faz.
A porta do banheiro finalmente se abre e chega a ser ridículo o quanto Nuno e Stella parecem desalinhados, exatamente como duas pessoas que acabaram de trepar em um banheiro.
Ele se aproxima ainda ajeitando a camisa e Cindy resmunga algo sobre ele não disfarçar, meus olhos acompanham Stella que se senta de frente ao velho que após perguntar algo para ela, chama o garçom e pede a conta.
- E ai, tá mais calmo? - pergunto para meu amigo que senta ao meu lado e bebe um longo gole do seu refrigerante.
- Só estarei calmo quando Stella estiver bem longe desse velho e daquele Tony desgraçado.
Cindy olha para Nuno e para mim balançando a cabeça.
- Deus, as vezes vocês se comportam como homens das cavernas.
- O que podemos fazer está no nosso DNA. - Nuno diz, inclinando-se para a frente e piscando para ela. - Somos machos.
- São um bando de babacas inseguros isso sim.
- É isso ai também. - Nuno diz com um sorriso idiota nos lábios.
- Se quiser posso te arrastar daqui pelos cabelos Baby. - puxo uma mecha do seu cabelo e recebo um tapa na minha mão que me faz lembrar de quando éramos mais novos e nossas vidas eram mais simples e felizes e caio na gargalhada, sem entender porque me sinto tão aliviado.
- O que acham de aproveitarmos que estamos aqui e dar uma esticada em uma boate? - Cindy diz parecendo animada enquanto Nuno pede a nossa conta.
- Sem chance, vou para a casa da Stella.
- Ela pode vir com a gente.
- Nem pensar, estou de moletom. - digo encerrando a conversa.
- Problema seu, quem mandou não se arrumar.
- Eu já disse...
- Você não queria vir, já sabemos. - os dois dizem juntos enquanto nos levantamos e saímos em direção a porta.
Solana me encara enquanto se levanta indo em direção ao banheiro e enfio minhas mãos nos bolsos da calça, sacando meu celular e mandando uma mensagem para ela.
- Além do mais, acho que minha noite só está começando. - pisco para Cindy enquanto ela observa a porta do banheiro se fechar.
- Tá falando sério que você vai voltar para casa com ela?
- Jogo a chave do carro para Nuno e passo a língua pelo lábio inferior quando sinto a satisfação de irritar Cindy.
- Para casa? Não, vamos fazer algo bem melhor. - provoco-a e por um instante sinto como se eu a tivesse atingido, há algo na forma como ela me olha, como se minhas palavras lhe causassem algum tipo de dor, uma dor que conheço bem, a dor do orgulho ferido.
Ou talvez seja apenas coisa da minha cabeça, afinal de contas, se estamos nessa merda, com toda a certeza não foi por escolha minha.

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Olá pessoal!!!
Sexta feira é dia de...
Morrer de amores por Ivan e Cindy!!!!
Aí gente sério, esses dois poderiam entrar para o Guiness como o casal mais teimoso de todos os tempos.
Tá na cara que se amam e não se resolvem, mas é isso que é um enemie to love né é teremos um longo caminho até eles se dobrarem ao amor... ou talvez não... será?
O que vocês acham?
Gostam dessas briguinhas fofas?
Contém aqui para mim
Beijos e vamos encher esse capítulo de comentários para termos mais um segunda.

IVAN (capa provisória)Where stories live. Discover now