CAPÍTULO 6

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*** capítulo sem correção ortográfica ***

Ivan

Meu Deus, me mate, agora mesmo, por favor!
Eu sou um idiota, o maior idiota da face da Terra, talvez da galáxia.
O que deu na porra da minha cabeça para achar que poderia ter ido até ela? Desde quando me tornei um cachorrinho fraco e indefeso que precisa daquela garota para alguma coisa? Eu não preciso dela pra porra nenhuma! Droga, eu não posso precisar, não posso fazer isso comigo de novo.
— Você quer parar de ficar andando de um lado para o outro, tá me deixando tonto já.
Olho de solaio para Nuno que está esparramado no sofá com Baby aconchegada em seu colo, ele também parece não ter dormido nada essa noite, mas tenho certeza que ao menos ele foi por uma boa causa.
— Mais do que você já é? — resmungo e vou até o frigobar e retiro uma coca cola.
— Ei ei ei, vamos com calma aí. — Nuno retruca.
Bufo enquanto abro o lacre ouvindo o chiado do gás escapando da lata.
— Você não acha que deveria evitar cafeína?
— Cala a boca Nuno. — viro a lata em minha boca e ignoro o ardor do gas em minha garganta.
— Cara o que deu em você hoje? Tá na seca? Cadê a Sol pra aliviar teu mau humor? — ele continua brincando, e minha paciência se esgota. — Ah não,  você broxou? É isso né,  deixou a coroa na mão? Porra isso deve ser uma merda hein, fica assim não,  ela deve estar acostumada, afinal aquele marido dela não deve comparecer muito.
— Qual é o problema de vocês com a Solana? Desde quando ela se tornou tão importante assim? — extravaso e Baby se levanta assustada.
— Ei abaixa o tom ai. — Nuno me repreende. — Eu só tô tentando entender qual o tem problema porque daqui consigo ver a fumaça saindo do teu nariz, falta pouco pra você começar a rugir.
— Não enche Nuno, sério eu não tô bom hoje. 
— Quatro letras . — ele estende a mão no ar com os quatro dedos balançando e quero quebra-los. Um por um.
—  Três palavras. Vai se foder. — arremesso o lacre em sua direção e ele se encolhe protegendo Baby que está esparramada em seu colo.
Só de olhar para essa bolinha de pelo meu coração se agita com a lembrança do dia em que Cindy e minha mãe trouxeram ela para casa, eu havia pedido um Labrador e elas escolheram uma Yorkshire. Um Youkshire! A porra de um rato que late.
Que garoto de seis anos vai querer andar por ai com um cachorro desse tamanho? Pior! Que garoto quer um cachorro que se chama Baby?
" Mas ela é fofinha"
Foi o que Cindy disse, com seus olhos grandes brilhando enquanto carregava a cadelinha com um laço maior que o mundo, para cima e para baixo e para mim só restou chorar e aceitar.
Seis anos e eu já era um otário manipulado. Mal sabia eu que já era um treino para o que vinha a seguir.
Sento-me na poltrona derrotado, cansado, irritado, frustrado. Baby parece sentir que preciso de atenção e pula do colo de Nuno para o meu, ela se ergue em meu colo e começa a me lamber até que eu desista e faça carinho em sua barriga quente e macia, a cadela não sai do meu pé,  desde o primeiro dia, quando me encontrou escondido de todos chorando na dispensa, ela se ergueu, lambeu minhas lágrimas e secretamente roubou meu coração, não que um dia eu vá admitir isso para Cindy, ou para qualquer ser humano, é uma questão de dignidade, nenhum homem pode admitir que uma bola de pelos de doiss quilos é a dona do seu coração.
— Foi mal. — digo sem olhar para meu amigo.
— Relaxa, já to acostumado. — Nuno diz como se fosse normal ter um amigo tão mau humorado assim.
Nunca fui um poço de alegria, esse posto é do Levi, mas ultimamente estou tão insuportável que nem eu mesmo me agento.
— Sério, eu tô uma merda hoje,  minha cabeça vai explodir. — apoio a cabeça nas mãos e fecho os olhos um pouco.
— Sua cara diz tudo, sei que é foda não conseguir dormir e você anda bem estressado ultimamente, só acho que tá piorando Ivan, e na boa, eu to preocupado, a Cindy também tá. —  Nuno realmente parece preocupado, mesmo debaixo do seu deboche eu sei reconhecer sua preocupacao e agradeco, mas ele não pode fazer nada por mim e ela... bom, a simples  menção do seu nome me faz estremecer.
— A Cindy tá cagando pra mim. — digo como o idiota chorão que sou.
— Isso não é verdade.
Relembro a forma humilhante com a qual ela me chutou ontem e minha cabeça dói ainda mais.
— Você não sabe o que tá falando.
— Sei sim. Vocês só precisam conversar.
— Ah é verdade, porque não pensei nisso antes né? Escuta aqui Nuno, só porque você tá ai todo de amorzinho com a Stella não significa que todo mundo tem que estar.
— Certo, não precisa estar na boa com ela, mas do jeito que tá, vocês mal conseguem se olhar sem se provocar. Aquele dia no restaurante, achei que vocês iam se esfaquear na frente de todo mundo.
— É assim que a gente se entende, não tenta entender a gente, nem eu mesmo consigo.
— Eu gosto de vocês porra, não quero que se um dia, sei lá...se der na minha cabeça de dar o fora daqui com a Stella, não quero que vocês fiquem brigando o tempo todo. — ele ergue os ombros como se estivesse falando de ir embora não fosse nada.
— Então é isso? Você vai embora e tá preocupado de me deixar sozinho? — sinto um aperto esquisito no meu coração com a ideia de que Nuno está se preparando para seguir adiante, mesmo que eu saiba que é normal, droga, em dois meses estaremos nos formando e a maioria das pessoas que conheço vão embora, então porque isso agora? Porque estou me sentindo como se estivesse sendo deixado pra trás?
— Claro que não, eu sei que você não tá sozinho, tem o Zach e o Nick, tem seus pais, tem uma porrada de amigos.
Ele vai embora... ah merda!
— Então qual o problema? — limpo a garganta sentindo meu humor ir para o saco.
— Eu só não quero que você fique mal, porque eu não vou conseguir ir se você ficar.
— Então já está decidido? — O aperto aumenta e esfrego meu peito.
— Ainda não,  quer dizer, ainda estamos pensando nas possibilidades.
Levanto e vou até a bancada porque não consigo respirar direito, pego o maço de cigarro e retiro um acendendo imediatamente, nem sei mais o que estou fazendo, nem porque estou tão emotivo, talvez seja o fato de ter ficado tanto tempo sem dormir, a falta de sono mexe com a cabeça de qualquer um, ou talvez seja o fora que tomei ontem, quando por algum motivo oculto, perdi minha cabeça e fui atrás dela, algo que não faço desde que... bem, desde que ela deixou bem claro que não sentia nada por mim. Isso foi a dois anos.
Dois anos em que aprendi a lidar com minhas merdas sozinho, ou nos braços de uma estranha, ou nas rodas de amigo, maquiando minhas angústias porque sou inseguro demais para admitir que tenho medos irracionais, para qualquer um.
Idiota do caralho.
— Relaxa mano, pode dar o fora daqui com a tua garota, não precisa se preocupar comigo, nem sei se vou ficar aqui ano que vem.
— Como assim?
— Acho que vou tirar um ano sabático, viajar, sei lá, ainda to pensando.
— Desde quando? — ele pergunta, provavelmente magoado por eu nunca ter dito nada a ele, somos como irmãos, sempre compartilhando tudo, e eu nunca sequer mencionei algo desse tipo. Estamos quites Nuno,  ainda não engoli tudo o que aconteceu nos últimos meses em que fui deixado de lado, como se eu não fosse bom o suficiente para lidar com os problemas dele.
— Sei lá, tem um tempo que to pensando nisso. —  minto porque nunca pensei nisso.
— Sozinho? — Nuno pergunta, a testa franzida de quem não tá acreditando no que digo. Nossa, será que sou tão previsível assim?
— Talvez, não sei, acho que vai ser legal, conhecer gente nova, novos amigos.
Suas sobrancelhas se erguem por baixo das mexas castanhas bagunçadas e solto uma baforada de nicotina no ar.
— Novos amigos? É, talvez seja legal, mas acho que cobrir suas merdas com um tapete não vai fazer elas desaparecerem, vai continuar fedendo.
— O que você quer dizer com isso? Acha que não consigo fazer amigos? Ou não sou capaz de sair daqui?
— Não é isso idiota, eu acho que você deve ir para onde quiser, desde que não esteja fugindo de nada, nem de ninguém.
— Balela. — puxo a lata e bato o cigarro dentro, jogando as cinzas no liquido preto gaseificado.
— Sério Ivan, não posso te obrigar a fazer o que acho, mas...
— Eu fiz o que você falou tá. — corto-o. — Eu fui lá, como o grande idiota que sou, eu estava disposto a falar tudo, a me abrir com ela, eu sabia que precisava, então eu fui, fiquei sentado na porta da casa dela por horas, igual um psicopata, esperando ela voltar seja lá de onde estava, e quando ela apareceu, nom foi a Cindy de sempre, meio bêbada, e sei lá,  só não foi legal. — passo a mão livre em meus cabelos sentindo o couro cabeludo pinicar só de pensar em como me senti quando ela se aproximou de mim e senti o cheiro de outro cara em sua pele, só de imaginar já me sinto doente novamente.
— Droga Ivan
— Por favor não se mete mais nisso, você não sabe de nada.
— Mas eu quero te ajudar. — ele diz e posso sentir a culpa em suas palavras.
— Mas não pode. É complicado.
— Então que tal me contar? Porque na boa, a menos que seja algo relacionado a NASA ou algo super secreto, as únicas bolas que tenho não são de cristal.
— O que você quer que eu fale? Eu não sei porra, não sei, eu devo ser um doente da cabeça porque não consigo entender porque me coloco nessa situação, acho que é isso, sou muito fodido da minha cabeça, sou pior que o Dom, muito pior.
Nuno se inclina para frente, a expressão derrotada em seu rosto me deixa ainda pior.
— Aquela garota gosta de você e hoje eu sei que você gosta dela de um jeito diferente.
—  Gostar não basta Nuno, nem sempre os sentimentos são fortes o suficiente.
— Então qual o problema de vocês dois?
Sei que meu amigo quer me ajudar, mas também sei que existe situações que não tem como consertar, somos como vasos quebrados, remendados, cheios de fissuras e lascas que machucam e não há nada que possa mudar isso.
— Talvez seja exatamente isso, talvez o problema somos nós dois.
Digo me sentindo exausto.
Nuno se levanta e Baby faz o mesmo, correndo com suas perninas até estar ao lado dele. Interesseira do cacete!
— Vem, vamos dar uma volta, você tá precisando.
Nuno puxa as chaves do carro e sigo meu amigo, afinal de contas, talvez uma volta me ajude. Pior não posso ficar.

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Olá pessoal!

Alguém com saudades desses dois? Eu tava com muita saudades de Nuno e Ivan e toda vez que eles aparecem assim meu coração se aquece.
Então aqui está,  meu bromance lindo para aquecer o coração de vocês também ♡♡♡♡

Não deixem de comentar e dar sua estrelinha para nosso loirão,
Beijos e até mais!

IVAN (capa provisória)Where stories live. Discover now