Prólogo

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Ele a encontrou pela primeira vez enquanto fumava sentada na escada de sua mansão. Estava sozinha, mais uma estranha procurando pessoas parecidas com ela. Vestia calça de látex preta, blusa bege levemente transparente de manga cumprida, presas a um suspensório de borracha, e um par preto de botas cano longo e salto fino. Acompanhava com os pés a música alta que podia ser ouvida ainda que de longe e mesmo após notar a chegada do estranho continuou com o olhar entediado de antes. Ao se aproximar da desconhecida, notou seu rosto jovem, a sombra azul realçando os olhos esverdeados, os cabelos pintados de rosa e cortados na altura do ombro, jogados para trás de forma desordenada; combinando com o batom de cor rosada e todos outros pequenos detalhes que chamaram sua atenção.

- Vai esquentar – falou para a jovem, apontando o copo no chão ainda na metade da bebida.

Ela o examinou de cima a baixo e disse:

- Já está quente. É por isso que o deixei aí.

- Não está gostando da festa?

- Só queria ficar sozinha – ela sorriu. – Depois de um tempo, as festas ficam todas iguais...

- Uma pena que pensa assim.

Ele se apoiou no corrimão da escada e acendeu um cigarro.

- Oh... A festa é sua? – perguntou rindo, pois notara que o sujeito se parecia com a descrição do amigo.

- É minha casa – apontou para o cigarro, mas ela negou.

- Estou tentando parar... Eu não conhecia o dono da casa. Até agora. Vim acompanhando um amigo e se ele disse seu nome, já esqueci – falou ao se levantar do degrau.

- Raymond.

- É... Ele disse esse nome – falou vagamente. – Eu gosto dessa música... – completou cantarolando a melodia que vinha de longe.

Raymond pensou em perguntar seu nome, mas logo desistiu da idéia. Por que se preocupar com detalhes pequenos como aquele? Mais uma desconhecida que esconderia seu nome. Aliás, provavelmente teria esquecido quem ela era na manhã seguinte. Em vez disso, falou:

- Você realmente parece entediada.

Ela não respondeu de imediato. Primeiro ouviu mais um trecho da música eletrônica.

- Sim... Um pouco. – comentou, parando ao lado de Raymond.

- Eu tenho algo aqui e estava pensando em usá-lo agora. Se quiser...

- Hoje não. – ela colocou seus dedos na mão do sujeito, o impedindo de retirar do bolso um pequeno saco repleto de pílulas transparentes.

- Você vai embora?

Ela meramente confirmou com a mão enquanto caminhava até a porta dupla que levava para o lado de fora da mansão.

- Até qualquer dia, Ray.

O homem apenas observou a estranha garota desaparecer pela porta. Estava curioso, mas não o suficiente para segui-la. Depois subiu a escada, sem conseguir esperar pela próxima dose.

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