Capítulo XIX

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XIX

O exotismo da cor rosa do cabelo curto e dos trajes não passou despercebido pelas poucas pessoas no metrô, mas aquilo não irritava Nina. Continuou fumando e fitando o vazio enquanto esperava a sua estação. O relógio marcava dez para meia-noite e a voz mecânica anunciando as paradas era o único som que acompanhava o barulho do trem em movimento.

Festas... Havia algo em si que dizia não haver mais graça naquilo tudo, não como antes achava existir. Começava a ver o ambiente que tanto apreciava com certo desanimo. Talvez fosse a repetição de cenas, como um filme assistido incansavelmente e que causava mais nenhuma reação; mas havia algo estranho acontecendo, pensou.

Chegava a pensar se não estaria indo naquela festa com o único intuito de vigiar Stan. Impedi-lo de cometer qualquer estupidez depois que não estivesse mais completamente são.

Desceu na estação desejada e caminhou algumas quadras até chegar ao endereço. Era tarde e esperou que nada acontecesse, mesmo porque o bairro não era um dos mais seguros da cidade. Agradeceu ao alcançar a entrada do prédio da festa. Era um antigo depósito e já fora no passado composto por várias fabriquetas por andar, mas depois de vendido acabara se transformando em residencial. Não havia portaria e um grande e velho elevador para mercadorias era a melhor forma para chegar até ao 10° andar.

A música alta já era nítida no momento em que chegou ao andar desejado. Teve que tocar a campainha mais de uma vez até que um rapaz de moicano, que Nina percebeu ser da banda, aparecesse:

- Olá!!! – disse mais animado que o normal. – Eu te conheço de algum lugar... Não é mesmo?

- Sim, eu suponho – entrou no apartamento notando que o ambiente estava repleto de pessoas.

- É a namorada do Stan, imbecil! – um outro sujeito, esse Nina reconheceu ser o vocalista da banda, disse aparecendo ao lado deles.

- Isso mesmo – Nina respondeu sorrindo.

- Ele estava com medo de você não vir.

Nina meramente riu.

- Desculpe a demora em atender, mas é que o bairro é perigoso... De qualquer forma, Anita...? – perguntou receoso.

- Nina – a jovem o corrigiu.

- Isso! Eu pensei que não caberia todo mundo aqui em casa...

- Está bem apertadinho – Nina riu.

- Eu me lembro de você em um dos shows! Por que não foi hoje?

- Problemas... Mas deu tempo de aparecer aqui.

- Quer encontrar Stan?

- Na verdade, onde eu posso colocar minhas coisas? – apontou sua bolsa.

O vocalista mostrou o quarto no final do corredor lateral e Nina o agradeceu, caminhando até lá. Aliviou-se ao constatar que o quarto estava vazio e depois de procurar um lugar para seu casaco e bolsa, saiu do local.

A maioria das pessoas na festa era desconhecida e não demorou a encontrar o namorado sentado no peitoral de uma das janelas conversando com uma morena desconhecida. Nina caminhou até ele com um sorriso malicioso.

- Minha garota... Eu pensei que você não viria.

Ela o beijou e disse se desprendendo de seus lábios:

- Já estava procurando alguém para se divertir, não é mesmo?

- Ela? Eu só...

Nina o interrompeu com mais um beijo, ficando de costas para a estranha, que logo percebeu que não teria sorte com o fotógrafo aquela noite.

Sin, sex & salvationWhere stories live. Discover now