Capítulo XXIV

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XXIV

Talvez Nina tivesse desistido da ideia de rever Stan. Não por falta de vontade ou curiosidade, quem sabe até desejo; mas não queria parecer fraca demais. Mesmo com Chloe dizendo que aquela era uma fraqueza difícil de ser controlada. Afinal de contas, ela conhecia a amiga. Conhecia seus desejos, que Nina muitas vezes pensava se não estava sendo óbvia demais.

Controlar aquele impulso parecia fácil com o passar dos dias. Talvez os encontros com Sam tivessem ajudado em grande parte, ou quem sabe o novo trabalho, que lhe trazia novas pessoas todos os dias; em um ambiente bem próximo de seu habitat. No meio da música alta, vozes e sorrisos alcoolizados, era fácil esquecer várias coisas. Ou assim Nina pensava.

Era sábado e mais uma noite quente e abafada na boate acabava. Nina saiu do vestiário com sua bolsa e vestido de tecido roxo. A maquiagem havia sido retirada, ou grande parte dela. O cabelo laranja agora estava amarrado num rabo de cavalo. Havia poucas pessoas na boate e Nina já se encontrava do lado de fora, se despedindo do segurança quando pegou seu celular e viu uma mensagem não lida. Era clara e simples:

Estou sozinho em casa. Por que você não vem pra cá?

Nina sorriu com o pedido de Sam. Ele continuava dependente da sua presença por perto. Sempre pedindo para aparecer nos momentos mais inusitados. Nina sabia que se não fosse ela, Sam encontraria uma garota, não tinha maiores pretensões com o sujeito. Ele era bom e a satisfazia. Só isso. Mas hoje não queria transar.


-x-


- Eu acho que a gente deveria parar de se encontrar assim...

Nina se assustou com aquela frase, mas conhecia a voz o bastante para saber que seu susto era desnecessário.

- Stan... – respondeu olhando para a entrada da boate. Ele estava apoiado na parede, definitivamente a esperando sair. – Nem sei se seria lógico perguntar o que está fazendo aqui... Está na cara que isso não foi uma coincidência.

- Óbvio que não. Eu vi você ontem, na semana passada também... Mas só estava olhando... Sabe como é... Um momento nostálgico.

- Por que não estou surpresa com o que acabou de me falar? – disse ironicamente.

- Anos de conhecimento. Estou ficando previsível demais, não acha?

- É a idade – Nina provocou começando a caminhar.

- Eu adoraria te dar um carona, mas acho que posso te acompanhar em uma caminhada. É perigoso andar sozinha essas horas...

- Uhum, estou acostumada. E esse tom de preocupação não combina com você, Stan. Até parece que não faz nenhuma loucura.

- Sozinho não tem tanta graça, mas eu estou falando sério. Vou te acompanhar até sua casa.

- Não precisa. Eu sei por que está fazendo isso, e não tem nada a ver com segurança.

- Está morando com Chloe ainda? – Stan perguntou mudando de assunto.

- Sim, mas acho que já sabia disso.

- Já...

- Ela não quer que me mude. E eu não estou realmente interessada em arranjar algo por enquanto. Preciso me estabilizar primeiro.

- Você não vai sair daqui tão cedo.

- Por que acha isso?

- Porque conheço você. Você sabe muito bem o que está fazendo. Aliás, está melhor até – Stan piscou maliciosamente.

Sin, sex & salvationWhere stories live. Discover now