Epílogo

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Caia uma forte chuva de verão naquela noite. Nina já havia se refugiado em seu sofá enquanto lia uma revista qualquer de moda, quando ouviu a campainha tocar.

- Deus... Quase onze horas da noite... E nessa chuva... – Nina reclamou saindo do conforto do sofá.

Abriu a porta de seu apartamento e se deparou com Stan, molhado da chuva, parado com olhar irritado e uma maleta nas mãos.

- Ótima recepção, não acha? – perguntou sarcasticamente.

- O que está fazendo aqui? Como soube que estaria aqui? – Nina perguntou confusa, deixando Stan entrar.

- Uma coisa de cada vez, Nina. Eu descobri pela Chloe. E nem tente ficar irritada com ela, eu que forcei a barra.

O que era uma grande mentira. Stan conseguira o endereço de Nina por Chloe, como havia dito, mas não fora nem um pouco complicado como afirmara. Depois de contar a ligação de Nina no aeroporto, Chloe percebeu que a amiga precisava de um empurrão significativo.

- Ela é teimosa, não é mesmo?

- Sim. Muito.

- Mas ela não faz por mal. No fundo, ela quer te ver feliz também.

- E será que ela está?

- Só vendo com seus próprios olhos. Ela é mestre em agir por impulso, mas duvido que esteja esperando algo do gênero.

- Veremos... Obrigado, Chloe.

- Eu só fiz isso porque percebi que você mudou. Só queria te perguntar uma coisa antes de ir embora... E sua namorada?

- Olivia vai esperar. Ela não precisa saber que vou atrás de Nina. Definitivamente.

- Bem, espero que não complique a vida dessa garota também. Afinal de contas, ela não tem culpa de estar no meio de vocês dois...


-x-


- Foda-se... Mas mesmo assim... Você vindo de longe... E Olivia?

- Em casa. Olhe, esqueça as perguntas por enquanto, sim? – Stan falou segurando o rosto de Nina perto do seu. – Aliás, isso é roupa para atender a porta? E se fosse um estranho? – reclamou olhando para a blusa de algodão e a calcinha que Nina usava.

Nina riu.

- Pra falar a verdade, estava achando um absurdo alguém aparecer na minha casa com essa chuva sem me avisar!

- Uma pequena surpresa. Aposto que sua vida está um tédio!

- Pensei que você me odiaria depois do meu telefonema às seis da manhã!

- Impossível. Olhe o que eu te trouxe... – Stan começou abrindo sua mochila.

Nina o encarou curiosa enquanto o via tirar uma grande pasta preta.

- Tem mais no meu computador, mas eu deixei as mais bonitas aqui.

Entregou a pasta para Nina e continuou:

- Seu último ensaio. É um dos meus favoritos...

Stan parecia nervoso, e até mesmo um pouco constrangido. Nina começou a folhear o material, sabendo o que aquilo significava.

- Eu gostei daquele dia... Foi...

- Louco – Stan completou.

- Sim, também! – Nina riu com o comentário do fotógrafo.

- Eu já te disse que vai me destruir qualquer dia desses, Nina.

- Eu tento me controlar, sabe... Aliás, Olivia sabe que veio para a Alemanha?

- Sabe. Claro que menti o motivo. Eu só não sei se conseguiria terminar com ela ago...

- Stan, não quero saber – Nina o interrompeu.

- Não estou surpreso com isso. De forma alguma.

- Como assim?

- Essa situação é irônica – Stan disse com um sorriso malicioso.

- Por quê?

- Quando começamos tudo, você que traia seu namorado. E agora sou eu que estou prestes a fazer isso.

- Não acredito que esteja lembrando disso!

- Impossível não lembrar...

- Por que acha que vai trair Olivia? – Nina perguntou erguendo uma sobrancelha em tom provocador.

- Só um palpite.

- Não muda mesmo, ehn?

- Algumas coisas mudaram. Mas continuo o mesmo, pelo menos com você.

Ouve um instante de silêncio, onde Nina continuava olhando suas fotos de vários meses atrás, quando finalmente levantou seus olhos para Stan e disse calmamente:

- Posso te pedir uma coisa, Stan?

Stan concordou com a cabeça curioso.

- Pode ficar aqui essa noite?

Ambos queriam aquilo, só era preciso um gesto para formalizar a situação.

- Eu não trouxe minha mala à toa, Nina Cortland.

Engraçado como as coisas podiam acontecer de forma imprevisível. Não sabia o que aconteceria amanhã, mas sabia que se não aproveitasse o momento se arrependeria depois. O fato era que, apesar de negar para si própria, sabia que não encontraria outro Stan, seja em Londres ou Berlim. Já havia se acostumado com os caminhos que sua vida tomara. Era como se precisasse morrer algumas vezes antes de conseguir realmente viver. Ela se sentia daquela forma...

E lá estava Nina... Recomeçando algo que muitos afirmariam ser errado. Não que ela se importasse. Aliás, não sabia o que poderia acontecer a partir daquele dia, mas havia uma chance, como Stan bem dissera, de Nina ver os papéis do passado invertidos...

Melhor que fingir que não ligava. Ela nunca se preocupou muito com certas convenções...


FIM

Sin, sex & salvationWhere stories live. Discover now