XXIII
A primeira coisa que Nina ouviu ao abrir a porta do apartamento foi Jules dizer, num misto de irritação e preocupação:
- Nina, onde você estava?
Nina primeiro fechou a porta, jogou sua bolsa no sofá e disse seguindo pelo corredor, pronta para tomar um banho:
- Por aí, Jules...
Jules a seguiu ainda inconformado.
- Como assim? Eu pensei que você estaria aqui ontem a noite!
- Pra que? Pro seu amigo juiz me olhar com nojo? Pra você reclamar do meu jeito depois que ele fosse embora? Desaprovar tudo que eu faço como sempre?
- Nina, por favor, não comece.
- Sabe de uma coisa, eu sabia que isso aconteceria! Não temos nada em comum! Nada!
- Eu não vou discutir com você. Eu não vou te dar um motivo pra sair daqui.
- Sabe que tentei agüentar todas as coisinhas que fazia... Desde de ouvir você reclamando das minhas roupas até dos seus momentos de estupidez com o porteiro, mas chega... Cedo ou tarde você vai ter que se tocar que nós dois só combinamos quando estamos separados.
- Não é nada disso. Eu sou seu irmão! É claro que vou me preocupar com você.
- Não é isso – Nina disse num suspiro, parada na porta do quarto. – O fato é que tem tudo pra dar errado e destruir o que sentimos. Então, acho melhor seguir o conselho sábio de alguém pela primeira vez da minha vida em anos e sair daqui antes que seja tarde demais!
- Do que está falando?
- Isso mesmo que ouviu!
Nina estava decidida. Virou-se de costas para o irmão, entrando no quarto, e abriu o armário pronta para arrumar suas malas. Mais uma mudança... Era incrível como sua vida havia passado por tantas transformações em tão poucos meses.
- Nina, não faça nenhuma bobeira! Pra onde vai? Você não tem ninguém!
- Acha realmente isso? – Nina viu-se quase gritando para o irmão, enfurecida ao ouvir aquela frase.
- Já sei! Você vai voltar com aquele idiota!
- Eu nem me lembrei de Stan até você citar o nome do idiota! Mas pelo menos ele não reclamava do que fazia da minha vida!
- Ele não se preocupava com você!
- Acha isso?
- Acho que vai voltar com ele! Estou mentindo?
Nina agradecia por não ter contado ao irmão sobre o motivo de sua separação; o irmão realmente não entenderia. Nem mesmo se tentasse.
- Pode pensar assim se quiser, Jules – Nina reclamou jogando suas roupas na mala.- Acha que não vejo o jeito que você me olha quando eu vou pra algum ensaio? Ou quando saio de noite?
- É tudo muito diferente pra mim, Nina. Estou tentando fazer meu melhor.
- Mas não vai conseguir. E eu não quero que você mude seu jeito só para me agradar.
Jules ficou calado como Nina queria que ele ficasse. Não queria discutir mais com o irmão; a situação já não parecia nada animadora sem Nina prolongar a briga. O irmão ficou observando Nina colocar suas coisas nas malas que havia levado até seu apartamento, e só voltou a falar quando a viu fechar a bolsa que levaria no ombro.
- Pra onde vai?
- Uma amiga, por enquanto – Nina respondeu sem olhar para o irmão.
Seguiu Nina de volta até o hall de entrada do apartamento e a ouviu dizer enquanto abria a porta:
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Sin, sex & salvation
Romance"Ele a encontrou pela primeira vez enquanto fumava sentada na escada de sua mansão. Estava sozinha, mais uma estranha procurando pessoas parecidas com ela. Vestia calças de látex pretas, blusa bege levemente transparente de manga cumprida, presas a...