Capítulo VI

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VI

Passava do meio-dia quando Nina saiu do estúdio de fotografia caótico de Frank Dahlgren no dia seguinte (estavam em reforma e tudo parecia prestes a se perder no meio de caixas e latas de tinta). Caminhava contente com o que havia acontecido, pois finalmente conseguiria algo significativo. Primeiro um ensaio fotográfico e talvez a publicação para uma revista especializada no público fetichista. Nada garantido, mas Nina não se importava. Era uma sensação deliciosa se ver naquela posição; e tudo graças à Ray.

Frank Dahlgren era uma figura divertida. Um cinqüentão magrelo e de óculos de grau, jeito descontraído e engraçado. A esposa o ajudava na edição das imagens e juntos faziam um casal peculiar. Ela parecia uma antiga pin-up com seios fartos e cabelo escuro cortado na altura dos ombros. Ainda muito bonita. Ele se assemelhava a uma mistura de nerd e surfista, com bermudão e blusa florida.

Nina já admirava o trabalho do fotógrafo e agora, depois de conhecê-lo pessoalmente, se encantara mais ainda. Ele conhecia Ray de muito tempo, ou como Frank havia dito "desde quando ele só usava preto e fingia ser gótico".

A única exigência de Frank fora: aparecer no domingo com os cabelos rosa. O motivo? Nina havia levado algumas fotos dela e ele se encantou com a cor em um dos ensaios. Nina não gostava muito da ideia de mudar tão rápido assim, mas achou melhor não colocar empecilhos.

Ainda ria ao se lembrar da reação do fotógrafo e da esposa ao verem as cicatrizes por todo o braço de Nina, como também algumas nas pernas e barriga. A esposa não quis acreditar e soltou um "Não acredito que uma moça tão bonita como você fez isso em seu corpo!" Frank, por outro lado, apenas disse que deveria ter tido meus motivos e que se aquilo não me atrapalhava, não o atrapalharia.

Saiu do metrô na rua do estúdio em que Stan trabalhava. A notícia a deixara animada o suficiente para abrir uma exceção e entrar naquele lugar para contar a novidade ao namorado.

Passou pela lavanderia sem falar com ninguém e subiu as escadas para o primeiro andar. Lá foi parada pela secretária com cara de desinteressada que a olhou de cima a baixo e disse voltando sua atenção para alguns papéis:

- Não precisamos de novas garotas.

- Você começou hoje aqui? Eu não sou uma garota nova, meu namorado é a porra do fotógrafo – Nina respondeu secamente.

A mulher a encarou pela primeira vez e disse:

- Fotógrafo?

- Deus... Quer que eu desenhe?

- Querida, não brinque comigo ou eu vou chamar o segurança.

- Só isso que me faltava... Além de ser confundida com uma puta, ainda ser expulsa daqui por um...

Neste momento um homem forte e de pouco mais de trinta anos apareceu por uma das portas laterais na companhia de uma loira. Vestia uma calça jeans velha e uma camiseta branca e parecia muito contente até se deparar com aquela cena. Primeiramente encarou a secretária com olhar de censura e depois que viu Nina parada ali abriu um sorriso:

- Nina!

Seth Hanyok era o dono daquela espelunca que chamava de estúdio pornô. Talvez seu maior sonho fosse ser o novo Larry Flynt, mas falhara miseravelmente.

Nina sorriu e disse:

- Eu estava tentando explicar para sua secretária sobre Stan.

- Ela não queria que você entrasse?

- Acho que não entendeu que havia um fotógrafo aqui.

- Monica, se ela pedir pra entrar, ela pode entrar. O namorado dela é o Stanley e, além do mais, eu nunca negaria a entrada de alguém como ela.

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