Capítulo III

5 0 0
                                    


III

Era quase meio-dia quando Nina chegou na sala e encontrou Stanley dormindo no sofá. Ela suspirou e caminhou até a cozinha para tomar café. De longe ouviu a voz do namorado:

Que horas são?

- 11:52

- Puta merda.

- Você passou a madrugada acordado?

- Sim. Aquele Ray quer o trabalho o mais rápido possível. Não sei realmente porque tanta pressa, mas ele quer.

Nina esperou que ele aparecesse na porta da cozinha para dizer, com uma xícara de café na mão:

- É bom fazer um trabalho descente pra variar, não é mesmo?

- Prefiro as putas. É divertido, eu recebo até que bem e não escuto mil recomendações. Pelo menos lá deixam fazer meu trabalho.

- Ray não deixou?

- Me encheu de recomendações... Rico arrogante.

- Ele pareceu ser legal.

- Só porque você é mulher – foi até a bancada e pegou uma xícara de café para si.

- Você reclama demais. Deveria pensar na chance em sair daquele buraco.

- Combina comigo e, outra coisa, como pode ter certeza que eu odeio aquele buraco?

Nina suspirou profundamente.

- Isso é sério, Stan. Você não pode pensar que vai ficar lá para sempre.

- Não comece.

- Aquele lugar é decadente. Pode ser diferente e tudo mais, mas não é uma coisa garantida.

- Lógico que é. Sempre vão ter pervertidos para comprar as fotos que eu tiro.

- E se você conseguir trabalhar com coisas melhores?

- Pensei que já tivesse desistido dessas idéias, Nina.

- Quer dizer que não vai cogitar a idéia de trabalhar com o tal de Raymond?

- Não sei... – falou sem firmeza.

- Oh, Deus... – Nina bufou passando por Stanley.

- Eu não entendo você, Nina – disse a seguindo. – Pensei que gostasse do que eu fazia.

- O problema não é meu gosto ou não. Eu quero que tenha uma chance pra ter mais visibilidade, Stan. Você é a porra de um fotógrafo, Deus! E ainda por cima tem talento! Tem certeza que quer deixar tudo para trás?

- Hoje não, Nina. Dormi pouco, bebi demais... E, além do mais, você sabe minha resposta.

- Você é um covarde. Não tem coragem de largar aquele lugar horrível!

- É aquele lugar horrível que paga as nossas contas, ou se esqueceu disso? Aliás, você deveria me agradecer por pagar as malditas contas já que está sem trabalho há um bom tempo.

- Vai se foder – Nina respondeu secamente, caminhando até o quarto.

- Vadiazinha ingrata – Stan falou para si pegando sua carteira, jaqueta, maço de cigarros. Saiu em seguida, batendo a porta com força.

Nina ainda reclamava baixinho do comportamento do namorado, enquanto trocava de roupa, quando ouviu alguém bater na porta. Ela caminhou até a entrada do apartamento e a abriu lentamente, sem tirar a tranca, para ver quem poderia ser. Seu rosto não escondeu a surpresa ao ver o homem que estava parado ali, na sua frente. Era forte e de altura mediana. Possuía os mesmos olhos verdes de Nina e um cabelo castanho liso e bem cuidado. Olhou-a com aquele olhar arrogante tão conhecido por Nina.

Sin, sex & salvationWhere stories live. Discover now