Capítulo XVI

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XVI

Chovia muito do lado de fora do loft que Nina se encontrava. Após olhar a rua através da janela, caminhou sem fazer barulho até o sofá e colocou suas botas pretas. Queria sair do lugar sem acordar o seu morador, o que se mostrou impossível, já que assim que se levantou percebeu o olhar de censura do homem sem camisa apoiado em uma pilastra da sala.

- Queria sumir sem se despedir?

- Sim... Você me pegou no flagra – Nina reclamou, bagunçando o cabelo solto.

Ele era alto e loiro. O cabelo cortado em estilo moicano estava jogado de um lado da cabeça lhe deixando com um estilo exótico. O que mais chamara atenção de Nina era seu olhar duro e mal-humorado. O mesmo olhar que ele a mirava no momento.

- Eu não gosto desse seu jeito anônimo.

- Anônimo? – Nina perguntou, erguendo uma das sobrancelhas.

- É... Como se quisesse esconder algo, sabe? Como se quisesse me deixar de fora da sua vida. Por exemplo: você nunca me disse onde mora.

- E você precisa saber? Já tem o meu nome. Algo que eu não pretendia dar quando te conheci.

- Você só quer que seja uma boa transa, não é mesmo? – perguntou, caminhando na direção de Nina.

- Não é ótimo? Assim não temos problemas...

- Assim me sinto usado.

- Deveria se sentir aliviado de não precisar abrir sua vida pra alguém... Enfim, eu preciso ir.

- Com essa chuva?

- Sim – Nina piscou.

Caminhou até a porta e a abriu antes que ele a impedisse.

- Nina... Nina... – ele riu. – O que eu sei de você nas horas que passamos juntos não está me satisfazendo mais.

- Eu não entendo vocês, homens... – sorriu já na frente do elevador.

- Como se estivesse pedindo muita coisa.

- Eu gosto de somente saber que você é solteiro, trabalha em um jornal, toca guitarra e tem lindos olhos azuis.

- Eu te contei mais que isso.

- Sim... Acho que contou.

Nina se virou para entrar no elevador que acabara de chegar e disse já do lado de dentro:

- Te vejo em alguma festa ou show...

- Você não precisa esperar... Eu te dei meu celular, estranha – brincou antes da porta do elevador se fechar.


-x-


- Merda... – Nina reclamou ao chegar molhada na entrada do agradável café. Olhou no relógio e viu que estava atrasada. Bem, se ele fosse paciente e soubesse que a chuva não ajudava em muita coisa, ainda a estaria esperando.

Caminhou até uma mesa distante e viu a figura mal humorada do irmão a encarando. Assim que se aproximou da mesa, o ouviu dizer:

- Pensei que não viesse.

- Bem, tive alguns imprevistos. Começando com esta chuva – Nina falou irritada ao se sentar na frente do irmão.

- Se tivesse me falado onde estava eu poderia ter te dado uma carona.

- Uhum... – Nina meramente respondeu tirando o casaco molhado e amarrando o cabelo num coque desajustado.

- Você não voltou com Stan, voltou?

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