The first murderer

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"[...] E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor.

E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta.

Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu–lhe o semblante.

E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar [...]"

(Gênesis 4:4 –5)


Dezenove de setembro de 1888, quarta-feira(madrugada). Inglaterra.

Meu sorriso era de pura satisfação, o jogo estava, praticamente, em minhas mãos. Lilith me olhava assustada, minha doce irmã... Temo ter que matá-la com minhas próprias mãos, porém se eu não fizer isso, quem fará? Paro de sorrir, e olho para a cama ao lado da minha, ela entende o que quero lhe passar e se senta a meu lado.

- Diga o que o senhor quer! – Ríspida como sempre. – E-eu não tenho a noite toda! Preciso dormir.

- Dormir? Como pode pensar em algo tão supérfluo agora? Nós temos que trabalhar para derrotar a Wonderland. – Respiro. E depois sorrio. – E a Nonsense também.

- O QUÊ? A Nonsense é a nossa casa agora! Nós não podemos traí-los! E a Chevonne...? O Bankotsu...? Eles são...

- Nada! Eles não são nada nossos! Você não percebe, nós somos peças no jogo deles. Podemos virar o jogo e tornar eles nossas peças, a Nonsense vai virar nossos peões.

Não consigo rir, mais as palavras me causam uma sensação ótima, satisfação é isso! Se eu ganhar esse jogo, poderei ter Londres em minhas mãos... Não o mundo aos meus pés! Olho para seu rosto, pobre criança, apesar do mau gênio não passa de uma garotinha solitária em busca de amor. Acha que pode me modificar, mas eu não sou tão submisso assim. Deve temer ter o mesmo fim de Abel. Ah Abel! Que surpresa eu tive hoje, não é que meu nome me descrevia perfeitamente? Matei Abel antes mesmo de nascer.  Se bem que não fui bem eu, mas de certa forma, vou receber o crédito.

Ah Abel... Onde você estará?  Quero te encontrar. Para acabar com sua raça, eu sou único. Não quero ter "outro de mim" mundo afora, a minha linhagem deve ser pura, e pra isso não pode haver ramificações nojentas. Devo podá-lo logo, e depois. Matarei minha doce flor negra.

- Lilith... – Sussurro. – Ande, pense comigo. Só vamos ganhar com isso, seremos livres, eu e você. Teremos poder, e muito dinheiro. – Eu terei muito poder e dinheiro. – Se quisermos podemos tomar a Nonsense, a senhorita ficaria feliz, não? Assim Chevonne seria sua "boneca", e poderiam fingir que são mãe e filha...

- PARE! Amor não é comprado pelo medo ou dinheiro...

- E o que a senhorita sabe sobre "amar"? – Digo friamente. – Já amou alguém? Já sentiu uma dor imensa ao perder essa pessoa?

- Minha mãe! Você é um insensível que...

- A senhorita tinha dois anos, ao menos lembra-se do rosto de nossa mãe? Ela não era isso que você idealiza! Eu me lembro dela... Eu...

XXX

Sou calado por um tapa no rosto. He... Agora ela passou dos limites. Já aguentei todos os seus gritos e birras. A consolei quando chorou, mas um tapa? Em minha face? Como essa praga teve coragem?  Dou risada enquanto me aprumo na cama.

- Cain... Cain...? Perdoe-me eu não...

 Antes que termine a frase me lanço sobre ela, imobilizando-a. Ela se debate enquanto seguro seus braços com força. Debata-se o quanto puder ratinha, pois eu vou acabar com você agora. Hu. Hu... Agora sei como é o êxtase de uma caçada. Assim como um leão que encurrala sua presa, que luta inutilmente por sua vida.

The Ripper - Saga Maurêveilles - Livro umOnde as histórias ganham vida. Descobre agora