As the stories are born

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O show deve continuar. 

É a hora do nosso ato.

 Todos eles gritam para mim. 

Eles não podem ver.

Esta cortina me esconde.

Megurine Luka

Quinze de outubro de 1888, segunda. (tarde). Londres (Trafalgar Square). Inglaterra.

O loiro me arrasta até um camarim hediondo com coisas perfumadas e coloridas, resmungo me sentando na cadeira, ah droga, quando ele disse "circo" pensei em algo grande e chamativo, não isso. Uma pocilga, a casa Nonsense tem mais coisas circenses que aqui.

- E então, o que eu faço...? – Ele passa o pó de arroz em meu rosto e tusso. – Desculpe.

Encaro-me no espelho, e ao ver meu rosto mais pálido que o normal lembro-me dele. Abel também estava maquilado quando o vi, lembro de seu rosto nitidamente.

- Um coração de copas abaixo do olho esquerdo. – O roxo. – E um sinal de paus abaixo do olho direito... – O verde.

Sinto algo gelado e salto assustado.

- Ei calma aí, senão borra, estou fazendo o que você me pediu, um coração e um sinal de paus.

- Ah... – Ele sorri e volta a me pintar. – Vai ficar bom?

- Nunca fiz algo assim antes, mas garanto que vai!

Em poucos minutos encaro Abel no espelho, sorrio largamente e nossa semelhança me assusta, sou praticamente meu irmão. Fito-o e ele aperta os olhos e continua assim. Quando vou indagar o que foi ele começa lentamente:

- Eu acho que já te vi antes...

Congelo. Ele olha para o teto e pousa um dedo nos lábios, pensativo. E cantarola, por favor, tudo menos Tom piper's son.

- Be... Era algo assim não? Você estava lá! – Ele aponta triunfante. – Na delegacia! Era você?

- Eu? Desculpe-me, mas nunca estive em uma delegacia!

- Não era você é... – Ele suspira. – Acho que devo começar a usar óculos, antes que minha visão me renda problemas.

- Espero que não lhe cause mesmo. – Brinco, droga. – Estou perfeito! Obrigado Ikki! – Finjo um sorriso.

- Você é uma gracinha mesmo. – Ele me dá um tapinha no rosto.

Saio, mas ele continua pensativo. E eu também, afinal, o que o Bell estava fazendo em uma delegacia? Será que foi preso ou algo assim?

Caminho e vejo Jared e Lilith de costas, estou igual ao Bell... Olho em volta, eles estão sozinhos, e mesmo se Jared gritar, poucos o ouvirão. Caminho lentamente e paro as suas costas. O que faço? Pouso uma mão em cada ombro dele e deslizo meus braços por seu peito, Bell faria isso, tenho certeza! Apoio meu rosto em seu pescoço. Ele congela e Lilith se vira, e ergue as sobrancelhas. Respiro ofegante, isso é bom... Jared se vira intrigado e seus olhos se arregalam quando me vê.

- Bell...? – Ele sussurra estagnado. – Bell, por favor, eu não...

- Quantas vezes eu preciso te dizer que não sou Abel? – Digo desdenhoso. – Hein Jared? – Sussurro.

O solto. Ele se vira para mim completamente e sua boca fica aberta, sorrio novamente, espero ainda estar parecendo Abel.

- O que achou...? – Indago.

The Ripper - Saga Maurêveilles - Livro umOnde as histórias ganham vida. Descobre agora