Two choices

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"[...] – Quando a gente anda sempre em frente, não pode mesmo ir longe... [...]"

Antoine de Saint–Exupéry.

Dois de outubro de 1888, terça–feira. (manhã). ...? Inglaterra.

Ela dorme calmamente, "eu te amo". Ela é quem mais deve me odiar, falsa, como teve coragem de me enganar assim? Desvio o olhar de seu rosto adormecido, droga. Devo estar corado.

- Mestre...? O que houve?

- Calado! Deixe-me em paz!

Vejo-o abaixar o olhar, não queria ter gritado, estou nervoso. Quero sair daqui... Desesperado. É como me sinto, é como a Raposa diz que estou, é e tudo verdade.

- Feche seus olhos e esqueça. Que o sonho mal passará. A noite logo virá... E seu sonho ruim ela levara...

- Hu. É a primeira vez que você canta uma música de verdade, e não uma melodia, mas eu mandei ficar calado. – Não aguento mais.

- Feche seus olhos e descanse. Mas não fique distante. O sonho logo virá... E tu ele embalara.

Sorrio. Demônio, ele não quer me obedecer, mas se ele pode, eu também posso, afinal, se não pode com eles. Faça alguma coisa, não?

- Feche seus olhos e morra. Cale tua boca irritante. Fique quieto um instante. Ou para o circo voltarás.

- Tudo bem, só queria lhe deixar mais calmo...

- Não está conseguindo.

- Percebi.

Sento-me na cama e suspiro, droga. Esfrego meus olhos, devia ter dormido essas duas noites, ao menos ter tentado, mas a visão daquele quarto vazio, não me deixava fechar os olhos, isso me lembrava "daquilo". Hu, mas ela me disse "ciumento", talvez eu seja um pouco, mas é porque não quero perder minha preciosa peça. Sem ela não conseguirei meus objetivos. Bocejo pesadamente e me deito à cama, ao seu lado, mas de costas para ela, assim como quando chegamos aqui. Tsc. Só que essa cama é pequena demais...

- Jared, você pode me ajudar? – Indago me sentando.

- Claro mestre!

- Ah... Quanto a isso, pode me chamar de Cain. Quando estivermos a sós. E bem... Com a Lilith.

Ele sorri satisfeito, desço da cama e empurro a outra que está na extremidade oposta do quarto, é pesada, mas Jared está me auxiliando. No fim junto às duas camas e Lilith não acorda, deito-me no meio dessa vez a encarando e digo:

- Você ficou sem cama agora, se não se incomodar... – Não consigo completar, mas ele me entende e se deita de costas para mim. – Cante agora, prometo não estragar a música.

Ele gargalha e canta, e como a música diz, o sonho vem me buscar.

XXX

Desço as escadas e me sento à mesa, ontem passei o dia inteiro dormindo com aqueles dois, que droga. Não devia ter feito isso, não mesmo, eu fraquejei e me deixei entregar nas garras daqueles monstrinhos. Começo a comer automaticamente sem nem ao menos perceber o que é. Droga! Lilith passará mais um dia na "enfermaria" como ela não ingeriu nada esses dois dias, está fraca demais. E Jared continua mal, mas logo ele vai voltar a "ativa" segundo Scorpio. Assusto-me ao sentir alguém me envolver e beijar minha testa.

- Je vil o que vous fez... Foi tan lindo, fiquei emocionada!

- Não foi! Ah... – O que estou fazendo? – Desculpe senhorita Chevonne.

The Ripper - Saga Maurêveilles - Livro umWhere stories live. Discover now