Rescue

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Você aí, por que você também não está no palco?

Só há um tempo atrás, uma pessoa que agiu como um pierrô acaba transformado em cinzas... Não, quero dizer

Aquele simplesmente desapareceu. 

Agora, bem-vindo!

Se você gostar, enlouqueça agora e venha para este lado, como eu

Vamos gritar, vamos lá! Dama!

 Gakupo, Len e Gumi.

Dezoito de outubro de 1888, quinta-feira. (madrugada). Londres (Trafalgar Square). Inglaterra.

Abro os olhos pesadamente, estou com sono, quero voltar a dormir. Esfrego os olhos, mas o som de metal arrastando e o peso anormal em meu braço direito me fazem sentar assustada.

A corrente está bem presa em volta de uma grossa barra de ferro da jaula, engulo em seco, a algema está bem firme em meu pulso.

- Dormiu bem?

Viro-me e congelo, Bell está sentado em uma arquibancada que cerca o local onde minha jaula se encontra. Estou no picadeiro, no centro do circo, e ele é minha platéia.

- Onde estamos? – Sussurro. – O circo queimou... – As memórias voltam lentamente. – Você o matou.

Bell inclina sua cabeça e ri. Encaro-o com nojo, ele salta e corre até envolver suas mãos nas barras da jaula.

- Invertemos os papéis minha bela dama. Hoje você é a atração e eu o público. – Ele sorri, recuo até o outro lado da jaula. – Você não gostou do show?

- Onde estamos? – Repito a pergunta com aspereza.

- Oh longe, muito muito longe. – Ele sacode a cabeça. – Não se preocupe, está tudo bem, a família está reunida!

- Cain...? – Arregalo meus olhos. – Onde ele está? Onde meu irmão está?!

- Nosso irmão. – Ele ri dengosamente. – Bem, não posso lhe dizer, é segredo, Cain está brincando de esconde-esconde.

Abel ri e me encara novamente, seu sorriso é bondoso, chega até a ser doce, mas agora eu o conheço bem, sei de sua verdadeira face.

- Não me olhe assim. – Ele tamborila os dedos nas barras da jaula sorrindo. – Eu te amei muito, Rainha. – Crispo os lábios. – E agora posso te amar muito mais. É só você prometer que vai ficar pra sempre e sempre do meu lado.

- Prefiro ter a cabeça cortada. – Resmungo.

- Não diga coisas que podem acontecer. – Engulo em seco. – Tenho um presente para você!

Ele ri e sobe as arquibancadas correndo com os braços abertos. Presente? Não sei o que esperar... Encaro tudo a minha volta, não parece ser o mesmo circo, está maior, lá não tinha essas arquibancadas, olho para o chão abaixo do trapézio, não há sangue mostrando a queda de Ananda. Não tem cheiro de fumaça, nem consigo identificar em que período do dia estamos, afinal, aonde eu vim parar?

Bell volta saltitando, um homem vem no seu encalço, ele é alto, seus cabelos são cinzentos, quase não consigo ver os contornos de seu rosto de tantas tatuagens. Ele puxa uma massa encolhida e amarrada pelos pulsos.

- Olha, olha!!! – Bell pega as correntes do outro e arrasta o homem que está com ele. – Você queria salvá-lo, não queria?

O homem ergue o rosto, seus cabelos avermelhados caem no ombro, seus olhos quase vermelhos me encaram de uma forma instigante, e seu sorriso falso brinca nos lábios.

The Ripper - Saga Maurêveilles - Livro umWhere stories live. Discover now