To hell

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A decadência da minha visão

Aqui é o inferno na terra

Senti um arrepio

A decepção que aumenta

[TICK-TACK]

Ninguém pode voltar no tempo

Não desvie o olhar

Circo do suicídio

the GazettE

Levanto-me e minhas pernas continuam tremendo. Inferno.

As vozes continuam zombando de mim, e agora elas assumem os tons daqueles que apareceram em minha memória. O pior de todos é o grito agudo de uma garotinha assustada. Aperto as mãos contra a cabeça e caminho devagar.

- Cantar ajuda.

Viro-me assustado, e acabo caindo sobre minhas próprias pernas, um garoto me encara do meio do palco, ele usa uma máscara preta, que deixa seus olhos escuros a mostra, e toda sua roupa é preta, que difere de seu cabelo branco.

- Q-quem é você? – Indago.

- De que importa? – Ele abre os braços e dá de ombros.

- Quem é você? – Repito.

- Jaguadarte, Jaguadarte... – Ele ri e apoia as costas contra a jaula. – Sou um dos Tweedles, meu nome é Hamnet.

- Tweedles? – Murmuro... – De onde infernos é isso?

- Wonderland. – Ele ri e se afasta da jaula. – Há coisas que você não lembra, não é? – Seus passos reboam no recinto, recuo. – Não, não, não precisa fugir.

Estanco, uma maldita voz se sobressai das outras, engulo em seco, é a mesma voz dele.

- Ah sim. – Ele se agacha a poucos passos de mim. – Está ouvindo? Se não, eu repito: "não confie na Espada Vorpal."

"NãO COnfIe Na EsPADa vorPAL"

Estreito meus olhos, ele ri travessamente e engatinha, parando entre minhas pernas, não tenho forças para rebatê-lo.

- Não se acovarde meu caro. – Hamnet sorri e afaga meu rosto. – Garanto que você vai sair inteiro dessa, não você, Cain, estou falando com o Jaguadarte.

Estanco, ele ri e posso ver toda a maldade dentro daqueles olhos negros, uma maldade não humana, ele gargalha e encaro a escuridão total, vendo meu próprio reflexo em seus olhos...

Não... Não sou eu.

Ele ergue as sobrancelhas, um sorriso fino e perigoso nos lábios, os cabelos negros estão presos em um rabo de cavalo, e seus chifres formam a mais demoníaca coroa sobre sua cabeça, ele para de sorrir e fende suas pupilas.

- Ele está irritado.

Puxo o ar com força, ele segura meu pescoço e sorri.

- Por que você não morre logo? – Tento afastar seus dedos de meu pescoço, mas ele é mais forte. Desabo no chão e ele sobe em mim, sem parar de me estrangular. – Me diz Cain?! Por quê?!

- Eu... – Arregalo meus olhos. – Eu não vou morrer.

Hamnet sorri e engasga. Um som estrangulado escapa de seus lábios e ele afrouxa o aperto deslizando uma mão pelo próprio pescoço e respirando ofegante.

The Ripper - Saga Maurêveilles - Livro umWhere stories live. Discover now