Capítulo 2

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Três meses se passaram, mas os pesadelos com o Chorão, o líder da FDM, ainda assombravam minhas noites

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Três meses se passaram, mas os pesadelos com o Chorão, o líder da FDM, ainda assombravam minhas noites. A lembrança angustiante dele invadindo minha casa, mantendo-nos reféns por intermináveis 72 horas, ainda estava fresca em minha mente. Ele exigia garantias de segurança para si mesmo, após a suposta participação na morte do filho de um delegado.

Os gritos e ameaças dele ecoavam na minha mente como uma canção chiclete que se recusava a sair. A única consolação era saber que aquele monstro estava atrás das grades, privado da liberdade que tanto desejava.

Bem, pelo menos era isso que eu repetia para todos, tentando convencer a mim mesma de que aquele lance entre nós dois nunca existiu.

Levantei da cama com um desejo profundo de voltar a dormir, mas logo me dei conta de que não podia me dar esse luxo. A vida adulta tem sido implacável, sugando minha energia vital. Ser uma garota de dezoito anos, responsável por sustentar uma família pobre, é um fardo que pesa mais do que qualquer coisa.

Após a partida do meu pai, eu tinha esperança de que as coisas melhorariam, mas em vez disso, me deparei com uma mãe que lutava contra a depressão e a ansiedade, incapaz de realizar tarefas simples do dia a dia. Seu tremor constante é um lembrete doloroso das lutas que enfrentamos.

Meu salário mal cobre as contas essenciais, como água e eletricidade, e a comida que compro dificilmente dura duas semanas. A pressão financeira é avassaladora, deixando-me cansada e desanimada diante das dificuldades que parecem nunca cessar.

Ao adentrar o bar onde trabalho, fui recebida com um beijinho no rosto pelo Arthur, o proprietário do estabelecimento. Por alguns preciosos segundos, aquele gesto caloroso fez com que todos os meus problemas desaparecessem da minha mente.

Arthur é um homem alto, loiro e de olhos claros, uma verdadeira visão aos meus olhos. É difícil não ficar completamente fascinada por ele.

Enquanto ele se afastava, suspirei e dei uma rápida olhada ao redor do ambiente, com suas paredes revestidas por azulejos brancos e mesas de plástico espalhadas pelo espaço. As geladeiras com portas transparentes adicionavam um toque peculiar à decoração do local.

- Lia, vem cá! - Gabriela, minha melhor amiga, envolveu-me em um abraço caloroso e me puxou para fora do balcão. - Preciso te contar algo urgente.

Apenas quatro clientes ocupavam o bar, suas vozes abafadas pela música ambiente. Enquanto isso, Arthur, o proprietário, estava concentrado na recepção de uma entrega na entrada do estabelecimento. Seu semblante sério denotava a importância da tarefa, enquanto ele trocava algumas palavras com o entregador e conferia a mercadoria com atenção meticulosa. O movimento calmo do bar contrastava com a atividade frenética do lado de fora, criando uma atmosfera de serenidade misturada com a agitação da periferia.

- O que foi? - perguntei, ansiosa por sua revelação.

- Bem, você sabe que às vezes fico com o Rato, né? - Gabriela, de pele negra clara, ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha, enquanto eu confirmava com um aceno de cabeça, lançando um olhar cauteloso ao redor para garantir nossa privacidade.

ATRAÍDA PELO TRÁFICOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora