Capítulo 3

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Ao retornar à sala, direcionei um sorriso gentil para minha mãe, que parecia horrorizada com o que sua filha mais nova havia causado

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Ao retornar à sala, direcionei um sorriso gentil para minha mãe, que parecia horrorizada com o que sua filha mais nova havia causado. Enquanto isso, Isadora permanecia de cabeça baixa, aparentemente arrependida pelo que fez à sua família. Ambas estavam sentadas no sofá, uma ao lado da outra, cercadas por velas.

Não seria surpresa se algum vizinho começasse a espalhar rumores sobre algum ritual de bruxaria em andamento.

— O amigo da Gabi vem ligar a luz daqui a pouco — informei, respirando profundamente.

— Por isso é bom termos amizade com todo mundo — minha mãe disse ao mesmo tempo que levantou-se e caminhou em direção à cozinha.

Se a senhora soubesse para quem o Dinho trabalha, talvez mudasse de ideia.

— Podemos conversar, Isa? — questionei, me aproximando da minha irmã caçula e me ajoelhei na sua frente. — Desculpa ter te batido, mana. Eu não deveria ter perdido a cabeça contigo.

— Eu acho que merecia bem mais, Lia. — A garota me encarou envergonhada.

— Não, não merecia. — Fiz carinho no seu rosto. — Você é praticamente uma criança e a minha obrigação é cuidar do seu bem-estar.

— Você desistiu do seu sonho de abrir um salão de beleza para trabalhar naquele bar sujo, apenas para que eu não precisasse trabalhar e pudesse fazer as aulas de teatro.

— Sou sua irmã mais velha e é a minha função cuidar de você, mas ainda quero entender o seu motivo pra roubar o dinheiro das nossas contas, porque eu teria dado um jeito de comprar qualquer coisa que você pedisse.

Isadora olhou em direção à cozinha e ao constatar que a nossa mãe estava longe o bastante para não ouvir a sua resposta, ela voltou a sua atenção para mim.

— Eu usei o dinheiro pra fazer um aborto.

— Em alguma das suas amigas? — Franzi o cenho sem entender.

— Não, Lia. Eu fiz o aborto em mim.

Arregalei os olhos quando a Isadora fungou e começou a chorar.

— De quem você engravidou, Isadora?

— Do Fausto.

— Seu professor de teatro?

— Sim, ele.

Levantei-me completamente atordoada, mal conseguindo respirar.

— Ele não tinha como conseguir o dinheiro, porque a esposa controla todos os gastos.

— Meu Deus, ele é casado? Isso só piora a situação.

Caminhei de um lado para o outro, tentando processar os eventos alarmantes envolvendo Isadora, quando Gabriela me chamou abruptamente na frente de casa. Por alguns minutos, tive que deixar de lado o choque de descobrir que Isadora engravidou de um homem comprometido e abortou o bebê sem comunicar nossa família.

ATRAÍDA PELO TRÁFICOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora