Capítulo 14

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Isadora estava radiante desde que recebeu o iPhone do Chorão e passava horas gravando vídeos para compartilhar em suas redes sociais

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Isadora estava radiante desde que recebeu o iPhone do Chorão e passava horas gravando vídeos para compartilhar em suas redes sociais. Minha mãe constantemente criticava, insistindo que era uma perda de tempo e que ela deveria se concentrar nos estudos, mas eu sempre apoiei os sonhos de Isadora, consciente de que já bastava minha própria frustração na família.

Estou determinada a fazer o que for necessário para garantir que Isadora não enfrente os mesmos desafios que eu enfrentei na adolescência.

Muitas pessoas acham lindo o esforço que tive que fazer para ajudar a minha família desde os catorze anos, porém só eu sei as consequências de ter que abrir mão da minha adolescência para trabalhar para colocar comida em casa.

É difícil compreender por que minha mãe optou por engravidar duas vezes, mesmo ciente de que não teria condições de proporcionar um futuro digno para suas filhas. Lembro-me de momentos em que precisávamos dividir um simples ovo frito entre as três, enquanto minha mãe ainda falava em tentar ter um filho homem. Agradeço a Deus por não ter ouvido essas preces. É uma realidade amarga ver como é fácil ter filhos e simplesmente transferir a responsabilidade para a filha mais velha.

Meu amor por Isadora é imenso, mas é angustiante saber que ela já passou fome devido à irresponsabilidade de nossos pais.

Quando o Chorão ligou, estava sentada no sofá da sala, hesitei em atender de imediato para não demonstrar desespero.

— Oi, Rato! — zombei, rindo. — Já vindo me buscar pra gente ir pro motel?

— Tu ainda vai virar notícia do Cidade Alerta, Emília.

— Credo, Chorão!

— Se não sabe brincar, não começa!

— Tá, parei. Como você tá?

— Com saudade e contando os dias pra te ter de novo nos meus braços.

— Hum...

— Tu tá estranha, Emília — Chorão reclamou no meio da ligação. — Fala o que tá pegando pra gente resolver.

— E você nem imagina o motivo?

Três dias se passaram desde nossa última visita íntima, e apesar de eu expressar minha insatisfação com o comportamento de Chorão, ele parecia ignorar minhas preocupações e sentimentos. Agia como se tudo estivesse bem entre nós, mesmo diante da clara evidência de que seu comportamento estava me magoando. Era desconcertante ver como ele parecia desconectar-se das minhas emoções e continuar como se nada tivesse acontecido.

— Cê ainda tá bolada porque gozei na sua calcinha?

— O problema não é gozar na minha calcinha, o problema é a agressividade que você pediu para gozar na minha calcinha.

— Tu não acha que tá exagerando, coração?

— Não, eu não estou exagerando — insisti e respirei profundamente. — Eu realmente me senti mal quando você falou daquele jeito comigo.

ATRAÍDA PELO TRÁFICOWhere stories live. Discover now