De volta a casa

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- Boa tarde -fechou a porta-ah...olá Jennifer e...Jack

Bruce proferiu perante a situação um pouco embaraçosa. Sorri-lhe, ainda atordoada, e respondi em coro com James um 'olá Bruce'.

- Pensava que estavas sozinha -declarou claramente desiludido.

- Não tem mal -disse -está tudo bem?

Eu e Bruce nunca mais falamos ou nos vimos. Poderíamos não ter continuado amigos próximos mas se ele quisesse eu teria sido capaz de aceitar as suas desculpas e mantido uma amizade sem constrangimentos. Acredito que todo o mal feito tem uma razão, que justifica ou não o ato, e que por isso devemos dar uma segunda oportunidade e esquecer o mau momento da vida da pessoa. Ele bem que se declarou e pediu perdão, todavia nada fez, e eu, como sempre, nem me preocupei com isso. Tinha e tenho Jack, assim como outros amigos e colegas. Afirmam que ninguém é insubstituível, outros que obviamente as pessoas são substituíveis e eu vou levando a minha vida com quem quer ficar comigo. E é com isto, por não termos mantido contacto, que eu me encontro confusa com a sua aparição. Como é que ele soube que eu aqui estava? E mais, quem é ele para nos olhar daquela maneira?

- Sim - sorriu forçadamente - como é que estás?

- Ótima! -evitei esconder a minha frustração, pois mesmo estando no hospital eu já me encontrava pronta para outra; embora desta vez de braço ao peito.

Aproximou-se de nós e Jack, que estava tenso, analisou-o de cima a baixo. Bruce deu-me dois beijos e entregou-me o ramo.

- Sei que não é algo que aprecies mas tu mereces as flores -Bruce sorriu-me docemente e logo esticou a mão a Jack.

Agradeci-lhe por educação e reparei no quão receoso e inquieto Jack se encontrava. Cumprimentaram-se, ambos apreensivos, com simpatia falsa.

- Como é que soubeste que estava aqui? - quebrei o silêncio pouco confortável que se instalara.

- Li uma notícia sobre o caso e depois liguei ao Mason que me confirmou -Bruce admitiu enquanto eu tentava relaxar Jack com o meu toque. - sabia que tinhas jeito mas nunca pensei que conseguisses tal feito

- As pessoas surpreendem -sorri-lhe ironicamente.

- Por isso mesmo devias ter mais cuidado - o surfista voltou a falar e eu revirei os olhos.

- Com as pessoas principalmente -Jack pronunciou aumentando o ambiente pesado.

- Concordo -e Bruce assentiu como se fosse a melhor pessoa.

Eu não acredito que estou a assistir a isto!

- Ignora o facto de ele ser um imbecil -sussurrei ao ouvido de Jack e depositei um beijo na sua bochecha, voltando a deixar Bruce desconfortável. - como têm corrido as coisas na escola de surf?

- Bem, não mudou muito -ele levou as mãos aos bolsos do casaco - tens de passar por lá

- Assim que conseguir surfar - aceitei o convite ao relembrar o mar e as maravilhas que este me fazia. -tenho saudades de surfar...

- Sempre que quiseres companhia já sabes! - o surfista falou esperançoso.

(...)

O doutor notificou, mais uma vez, as precauções necessárias nos próximos dias obrigando-me a prometer - e um polícia cumpre sempre as suas promessas -que faria tudo corretamente. A enfermeira ajudou-me a livrar-me da vestimenta sem graça do hospital e a regressar à roupa normal. Jack aguardava por mim fora do quarto pronto para me levar até casa e passar comigo o resto do dia.

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