Chapter 10: Eu, você e o DogBurger.

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Senti borboletas no estômago. Ele não precisava me dizer, sentia que podia confiar em Sean mesmo não sabendo o motivo. Sejamos racionais, eu o conheci a menos de quatro horas isso é realmente muito, muito estranho. Porém, quando eu olhava para ele parecia ser algo normal. Natural, como se já o conhecesse.

- Chegamos, estamos no Bronx. Onde é que fica o tal do dogduder? Estou ansioso para comer comida de verdade.

- Primeiro, é DogBURGER. - Ri de sua confusão - E segundo, estamos bem perto. É só você continuar aqui nessa rua mesmo e em frente virar na terceira à esquerda. É naquela rua ali com a estátua engraçada da mulher nua.

- Ah sim, Afrodite.

- Bom, se você quer chamá-la assim, por mim tudo bem. – Respondi sem entender.

- Não Emma – Sean gargalhava. Toda vez que fazia isso olhava para mim como se eu não estivesse falando sério. Sua risada tinha um som tão gostoso de se ouvir, era firme e contagiante. Ele realmente ria de verdade, não era para me agradar nem nada. Além de que quando ria ficava mais atraente, como se fosse possível. Seus dentes brancos apareciam e sua boca que fora lapidada por deuses se abria gloriosamente. Ele era um sonho, só podia ser – aquela estatua engraçada é Afrodite, uma deusa da mitologia grega.

- Acho que sei qual é. Aquela do amor, não é?

- Exatamente. Acho que chegamos.

Paramos em frente ao Dog&Burger's. É um foodtruck simples, todo laranja e decorado com umas lâmpadas pisca-pisca de natal. Sean parou o carro ao lado do furgão, saímos e logo fomos pedir.

- Hey Tuck! – eu digo ao homem alto dentro do furgão, que estava picando alguns alimentos na bancada do fogão. Tuck tem uns 32 anos, é alto, magro, tem os cabelos da mesma cor que os meus, marrom cor de terra, e olhos castanho escuros.

- Oi m&m's! Qual o pedido de hoje? Deixa eu adivinhar...- Tuck disse, fazendo piada.

- O de sempre, é claro! – ri.

- Pode deixar comigo. Quem é o seu amigo? – disse levantando a cabeça na direção de Sean.

- Esse é o Sean, ele trabalha lá na Cruelford também.

- Cruelford? – Sean me olhou não entendendo a referência. Fiz um sinal com a cabeça dizendo "te explicou depois" e virei para Tuck novamente.

- Faz dois DogBurgers do jeito da M&M's ok. Completos!

Tuck sorriu e disse - É pra já! Querem algo para beber?

- Não quero nada, e você Sean?

- Uma cerveja, por favor.

Sentamos em uma das mesas ao lado do furgão, nela haviam algumas flores pequenas, pareciam margaridas. Sean puxou a cadeira para mim, o que eu achei bem estranho. Que homem faz isso atualmente? Mas me lembrei que Sean devia ser um Anjo divino que deveria estar perdido na terra, ou algo assim. Era beleza e simpatia demais para ser real.

- Cruelford? – perguntou quando finalmente nos sentamos.

- Pois é, mas não me dê todo crédito. Jason que inventou depois de ter recebido um esporro do Senhor Maxon e dos seguranças de lá na última vez que tentou me visitar. Ele seduziu umas das recepcionistas e subiu escondido para me ver, coisas de Jason. – não consigo evitar rolar os olhos – Porque pedir para que eu descesse para vê-lo seria normal demais para ele.

- Claro que seria – Sean sorriu sem mostrar os dentes – Você mora por aqui?

- Sim, dá para ir a pé. Meu apê fica perto daquele prédio ali na esquina, o verde.

- Estou vendo, fica bem próximo mesmo. Você mora com seus pais e com seu irmão?

- Moro só com Jason, meu irmão de criação. – E mais umas 200 pessoas, mas isso era só um pequeno detalhe não é mesmo?

- E seus familiares estão no Texas?

- Não tenho família, só Jason mesmo. Somos órfãos – não queria parecer triste, porém foi inevitável. Não era pelo fato de não ter família, já havia me acostumado com isso, mas porque chegaria um momento em que teria que dizer a Sean quem eu realmente era. Uma estúpida garota esperança.

- Sinto muito. – disse sendo sincero.

- Não, tudo bem. Eu cuido dele e ele... bem, vamos só dizer que ele precisa de mais cuidados que eu. Jason pode ser um pouco inconsequente às vezes – ou SEMPRE, TODA SANTA HORA – mas o amo do mesmo jeito. E você? Tem irmãos?

- Tenho uma irmã, Kara. Ela mora em Londres... – Reparei que quando começou a falar de sua irmã Sean pareceu triste por um momento – Minha mãe mora em Hamptons, com o marido. – Agora parecia com raiva, não pude identificar o porquê, mas parecia ter algo a ver com marido de sua mãe – e eu em Manhattan.

- Nossa te trouxe para bem longe de casa então. Aposto que você não vai se arrepender.

- É certo que não vou. – disse me encarando com aqueles olhos negros como a noite e esbanjando um sorriso malicioso que fez com que meu corpo todo se estremecesse.

Desse jeito não vou conseguir sobreviver. Quando chegar vou ter que tomar um banho com pedras de gelo para ver se consigo apagar um pouco desse fogo todo que sinto perto de Sean. Ótimo, agora imaginei Sean nu. Se vestido já é desta forma, nu então... Imagine ele todinho como veio ao mundo, molhado tomando banho, cheio de sabão. Tocando meu corpo todo com suas mãos grandes. Ele tem mãos bem grandes, realmente. Aqueles braços fortes me apertando contra seu peitoral bem definido. Eu agarrando e arranhando suas costas largas. Seu olhar negro e intenso sobre mim. Seus cabelos ondulados, negros e molhados tocando meu rosto. Aposto que Sean deve ter um grande e majestoso...

- Pronto! Dois DogBurger's estilo M&M's – disse Tuck deixando nossos lanches em nossa mesa, me trazendo de volta para a realidade – Aproveitem.

- Obrigada Tuck. – disse meio sem graça.

Ele fez um aceno com a cabeça e voltou para o furgão.

- Agora você pode me explicar o que estou prestes a comer, Emma? Porque a aparência é ótima, mas tem tantas coisas...- disse encarando o lanche confuso.

- Eu te disse que com Tuck não tem miséria. Tem de tudo um pouco.

Expliquei a Sean detalhadamente o que ele iria comer. Se fosse o Jason nesta posição ele nem questionaria, aquele come até pedra. Mas gostei de ter que explicar a Sean como era um simples sanduíche. Ele me olhava com tanta atenção que pareceu até que estava explicando qual era a cura do câncer. Sean realmente nunca comeu um sanduíche decente. Essa era a mais estranha, comovente e fofa situação em que eu já estive.

O lanche que iriamos comer é o mais vendido. Parece um sanduíche normal, só que com tudo de gostoso possível. Muito de tudo. No lugar do tradicional hambúrguer ia um salsichão. De complemento vinha uma porção de batatas fritas e nuggets. Esse sanduíche era uma explosão de enfarte cardíaco, diabetes e colesterol. A morte em uma mordida. Pelo menos seria uma boa forma de morrer, pois é delicioso.

- Nossa, pelo tamanho imaginei mesmo que teria muita coisa. É gigantesco!

- Sim – eu disse – espere até você provar.

Fiquei observando Sean comer seu sanduíche. Ele pegou com tanto cuidado que parecia que poderia quebrar. Levou o lanche até aboca, mas hesitou. Antes de morder me olhou.

Seus olhos me perguntavam se estava fazendo certo, comecei a rir e acenei com a cabeça o incentivando a continuar, então Sean deu sua primeira mordida.

Sempre sua Luce (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora