Capítulo 10 - Irmã

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🔱 Pov. Asher 🔱


   Abri aquela porta de madeira outra vez, em algum momento senti como se estivesse regressando aos tempos mais sombrios, quando toda a ajuda me deixava só. E então eu a procurei, apenas porque ninguém estava disposto a me ouvir, era tudo o que precisava, ouvidos para me escutar.

   — Asher? Pensei que não fosse voltar — confessou com sua expressão calma e acolhedora.

   Seus cabelo curtos como sempre rebeldes caíam sobre seu rosto delicado e marcante. Seus olhos verdes esmeralda me encararam com surpresa e curiosidade.

   Adentrei a sala clara a observando com familiareidade. 

   — Eu também pensei — comentei me sentando no sofá.

   — O que houve para vir aqui? — questionou se sentando a minha frente. Verônica trazia um olhar preocupado para mim.

   — Eu não sei o que está acontecendo
— iniciei.

   — Nós já falamos sobre isso, você sempre sabe o que está havendo, mas na maioria das vezes não quer admitir.

   — Desde que voltei, eu não consigo dormir. Aqueles sonhos voltaram — confidenciei.

   — Com as pessoas da aldeia?

   — Sim, é quase sempre a mesma coisa. Eu vejo olhar deles o medo refletido na minha imagem. Eles gritam o quão cruel eu posso ser, e nunca me deixam em paz.

   Era um tormento sem fim, noites e mais noites desperdiçados.

   — Você se lembra das pessoas que matou? — um olhar clínico tomou seus olhos.

   — A maioria, mas o que guardo delas é sempre o olhar.

   — E por que as matou? — eu a odiava por me analisar, ainda que fosse o seu trabalho. — Por que matou todas aquelas milhares de pessoas?

— Eu já lhe expliquei. Era o meu dever matá-las, mas eu achei que eram todos Kovalgmas, a líder era. Eu não sabia nada sobre essa espécie, nem mesmo o nome, mas sabíamos que ressuscitavam em a cada 700 dias. Eu os matei, mas três anos depois eles não voltaram. Foram sangue de sete mil pessoas sujando as minhas mãos.

   — E se sente culpado quando tira a vida de alguém?

   — Quase sempre, no momento não, mas depois sim — refleti.

   — Isso quando sente sozinho? Quando não há ninguém por perto?

   — É. Eu sinto como se não houvesse ninguém no mundo. Eu escuto vozes, corações, risadas, mas eu ainda me sinto só — confidenciei.

   Havia uma mágoa grande demais dentro de mim, e ela me sufocava.

   — O que você fez depois de matar todas essas pessoas?

   Parei um instante para pensar. Aquele dia estava gravado na minha mente como se fosse há algumas horas. Era tudo límpido e minucioso.

   — Eu fui embora para casa — respondi. — Já falamos sobre isso. Por que voltar?

   — Porque você está regredindo a esse ponto por algum motivo e precisamos descobrir, você precisa descobrir — explicou objetiva.

   — Eu voltei para casa feliz por ter cumprido a minha missão, mas quando a verdade veio à tona eu vi o que havia feito.

   — O seu pai sabia?

   — Ele disse não! — eu queria poder acreditar.

   — Ele sabia, Asher? — insistiu mantendo o contato visual.

Lua Imortal - Híbridos Puro Sangue  《3° Livro》Where stories live. Discover now