Capítulo 11 - Covarde

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No dia seguinte Asher se ausentou em todas as refeições. Se trancou no escritório como de costume. Aproveitei para ler na imensa biblioteca deleitando-me no acervo luxuoso que a compunha.

Algumas aulas de piano e idiomas tomaram-me o tempo, mas nada me tirava aquela revelação da cabeça: "Eu matei a minha irmã". Como ele poderia? Como seria capaz de algo tão desumano? Como ele havia descoberto algo assim?

A Rainha provava os vestidos que havia escolhido para a minha coroação e a de Eron. Dakota passeava com Dyhego aproveitando seus últimos dias de solteira. A família real pareceu se incomodar de início com o anúncio de Asher sobre a volta do filho de Loriana — exceto a Rainha que estava radiante — mas logo se acalmaram com a explicação de Asher sobre a situação.

Chace se acendeu em alegria, preocupação e confusão. Ele seria pai. Jane ainda não sabia, e eu fiquei encarregada de contar-lhe, mas deixaria para outra hora.

Quando eu cheguei no grande salão eu vi o Rei observar algumas coroas sobre a imensa mesa.

— Oh, foi mal! — dei-lhe as costas prestes a sair e deixá-lo só.

— Qual lhe agrada mais? —
questionou ele me fazendo voltar. Aproximei-me das joias na intenção de escolher a que mais agradava-me.

— Eu já tenho uma coroa, mas... — varri o olhar pelas belas peças com pedras preciosas. — Eu gosto dessa dourada com detalhes em azul.

Ele sorriu encarando a coroa a qual me referia.

— Fique com ela — anunciou pensativo. — A joia mais importante de uma rainha é a sua coroa.

Eu discordava plenamente.

— Pois bem! — trouxe para as minhas mãos a caixa de vidro a qual iluminava a minha recente coroa.

— Ajude-me a escolher uma para Dyhego — pediu com um semblante insatisfeito.

— Vai coroá-lo?

— Irei torná-lo um príncipe antes que Dakota se case com o Rei escocês — engoliu seco ao dizer. — Ordens do Imperador.

Seu sorriso era amargo e seu olhar ainda mais frio.

— Eu pensei em te matar, na verdade, é o primeiro pensamento que vem a minha mente quando olho para o senhor. Asher me disse que algumas dores precisam ser vingadas para poderem desaparecer, e que eu devia feri-lo — comfessei olhando-o nos olhos. — Mas olhando-o agora, eu percebo que não é necessário. Em breve o senhor irá seguir as minhas ordens e isso é pior do que feri-lo, essa é a minha vingança.

Ele não parecia surpreso com a minha declaração.

— Ele não poderia estar mais certo! —afirmou erguendo o queixo. — Eu matei os seus avós, nada mais justo que se vingue. Faça a sua vingança!

— Você pode ser o avô dos meus filhos, mas o senhor nunca irá intervir na criação deles — declarei severa. No fundo ele entendia e esperava por isso.

— Coroas... — a voz de Asher soou por todo o salão. Nos viramos para a porta encarando sem semblante carrancudo. — Eu nunca entendi porque a Realeza se prende tanto às suas coroas — salientou encarando a janela com suas mãos ao bolso.

— Nos dê licença, Ardena... — pediu o Rei.

— Claro! — segui para a saída do salão sentindo o coração de Asher se acelerar.

Você está com uma cara de quem descobriu alguma coisa e não gostou
— deduziu o Rei. Ainda que me afastasse suas vozes estavam claras e naudíveis.

Lua Imortal - Híbridos Puro Sangue  《3° Livro》Where stories live. Discover now