Lua Imortal - Híbridos Puro Sangue 《3° Livro》

Capítulo 13 - Amaldiçoados

A tarde que se acabava sobre o céu escurecido trouxeram marcas de mistério como o restante da noite. Era só início de uma tragédia eminente, e ser avisada quanto a isso não me ajudou de forma alguma. Conhecer o passado é natural, entender o presente é necessário, mas prever o futuro é assustador e perigoso.

Depois dos ajustes finais do vestido que havia ganhado de Miranda nos juntamos no salão de jantar. A mesa sempre tão bem organizada expondo talheres em ouro e taças de cristais, exibindo o maior grau de luxo.

Todos à mesa em seus devidos lugares, como todos os dias, exceto Asher. A cadeira da cabeceira vazia trazia as louças limpas a sua espera.

— Onde está Asher? — questionou a Rainha.

— Deve estar ocupado resolvendo a documentação da coroação de hoje à noite — explicou Willian concentrado em sua refeição.

— E os preparativos, mãe? — indagou Dakota interessada.

— Quase prontos, querida. A decoração está parcialmente completa — respondeu animada.

— Nervoso, Nann? — Dakota se dirigiu ao garoto que se sentava ao lado do Rei.

Ele a encarou por alguns instantes, como se pensasse em uma resposta adequada, mas tudo que saiu de sua boca foi uma única palavra:

— Eron — corrigiu voltando a atenção ao próprio prato.

— Ah, havia me esquecido. Nervoso, Eron? — repetiu Dakota ignorando o desinteresse do menino.

— Não! — respondeu seco.

— Eron, está tudo bem? — perguntou a rainha preocupada.

— Sim — respondeu simples.

— Eron, vamos lá fora — chamei-o me levantando.

— Tudo bem — concordou.

Quando atravessamos a porta o garoto trazia um peso enorme sobre seus ombros. Eu pude sentir a exaustão em seu olhar quando seus ombros se curvaram ainda mais para trás, lembrando-me de Asher em tempos difíceis.

— Vamos tomar um ar? — quebrei o silêncio seguindo rumo às saídas para o jardim.

A beleza das flores coloridas, o esverdeado das folhas aparadas davam ao vento uma tranquilidade acolhedora.

— O que você viu, Eron? — indaguei diretamente.

Ele ergueu o olhar para o horizonte buscando uma essência de coragem.

— O filho de Asher... — iniciou.

— O que tem ele? — perguntei preocupada.

— Ele será a nossa destruição! — suas palavras soaram pesadas. Arrepiei-me com a possibilidade de um futuro obscuro.

— Por que está dizendo isso?

— Entraremos em uma guerra por poder. Nós quatro.

— Os meus filhos também?

— Pensei que eu fosse o seu filho! — rebateu gélido olhando-me pelo canto do olho.

— E é! Foi uma maneira de me referir aos gêmeos.

Ele ignorou-me.

— Todos nós entraremos em conflito. Eu cometerei um enorme erro. E eu vejo as manchetes de jornais:"Incesto: Filho ilegítimo do Imperador tem um caso amoroso com a própria irmã".

Eu o encarei por algum tempo tentando digerir a realidade onde tudo parecia fazer sentido.

— Por isso você foi embora... — as peças se encaixavam uma a uma.
— Aeryn e você.