Capítulo 16 - Eles já estão aqui!

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A Rainha Miranda parecia perdida na decoração do palácio para o memorial da filha, ela queria fazer uma cerimônia lendária. Quem poderia culpá-la?

Jeffrey por outro lado ainda estava assumindo o lugar do filho em sua ausência. Ele estava no meu lugar por direito. O jornal nem chegava mais às minhas mãos, o país parecia em caos. E aquele dia não foi diferente. Uma criada ajeitava o meu cabelo frente ao espelho. Outra, ainda bem jovem separava as joias, ela tinha os olhos brilhantes, curiosos e cheios de vida. Cada peça para ela era um mundo novo que parecia descobrir. Ainda uma criança, o corpo no início de seu amadurecimento.

— Cecília, pare de vislumbrar as joias da Rainha e separe-as logo — se opôs a criada mais velha, que ainda arrumava os meus cabelos. A menina trouxe entre os delicados dedos um colar de safira, a pedra azul solitária era o único detalhe visível da peça, apesar do metal brilhante em ouro que o prendiam.

— Gosta de azul? — perguntei curiosa. Ela me olhou surpresa por iniciar uma conversa. As damas de honra das rainhas eram diferentes, eram frias e distantes. Como se um abismo nos separássemos.

— Sim, Senhora — ela sorriu tímida se ponto às minhas costas. A frieza do metal sobre minha pele se alastrou pelo peito. Eu encarei sua imagem no reflexo do espelho, uma Ardena estranhamente diferente. Senti que havia não só um abismo entre as damas de companhia como entre mim mesma. Aquela visivelmente mais velha, mais fria e um pouco arrogante. Minha imagem de menina se desfez para dar olhos a uma mulher. Eu não estava preparada para ser uma mulher, bem, talvez eu nunca estivesse. Ser adulto era a maneira mais cruel de morrer.

— Acha bonito? — Toquei a peça.

— Sim, Senhora. É realmente lindo — respondeu alegre, fintando-me pelo espelho. Seus lábios se mexeram rápidos, mas sua voz não saiu. Ela parecia pensar. — Um dia, eu quero ser como a senhora — seus olhos castanhos brilharam. Sorri.

— Cecília! — repreendeu seriamente a mais velha, desfazendo por completo o sorriso doce da menina.

— Não, deixa-a continuar! — anunciei. — Por que deseja ser como eu? — Curiosamente desejei saber. Era fascinante ser admirável.

— Para um dia usar joias como essa, usar vestidos como os seus, ter um marido tão bonito, ser linda..., feliz — ela respondeu como um conto de fadas. Eu deveria estragar seus sonhos? Eu deveria contar a verdade?

Cecília, a felicidade é para poucos. E sem dúvidas não é para aqueles que usam coroas. Cecília, você está mais perto da felicidade do que jamais poderia estar.

Meu sorriso desapareceu. Em parte, eu percebi que passava a imagem errada quanto a felicidade. E eu pude ver pelo deslumbre de seu olhar inocente a idealização de suficiência por meio do luxo. Ele estava estava tão equivocada, Cecília nunca esteve mais perdida. Deixada no escuro.

— Olhe, Cecília... — comecei me virando para ela e trazendo seu corpo para frente ao meu. Ela se surpreendeu com toque de minhas mãos sobre às suas. — Não se deixe levar pelo glamour da riqueza. Não se engane pelas aparências. Colares e vestidos nunca a trarão a beleza da vida, o luxo de ser feliz não está de maneira alguma associada a luxos. Você é uma menina linda, muito mais do que eu, conhecerá um marido maravilhoso, e não apenas belo por fora, porque a beleza maior vem de dentro. E se entender isso, você será tão feliz que as joias e vestidos nem serão mais lembrados.

Havia uma esperança terna em seus olhos. Um gosto de sonhos bonitos, o desejo de uma vida alegre. Eu desejei ser ela por um momento e correr pelo jardim com pés descalços, atravessar os campos de flores acompanhada por boas companhias. Eu desejei a liberdade e a inocência que Cecília representava, aquilo que eu havia perdido.

Lua Imortal - Híbridos Puro Sangue  《3° Livro》Where stories live. Discover now