Capítulo I

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  - Eu não quero me casar Nina, não com ele. – Anita chorava em meu colo após receber a noticia de seu pai, meu tio Luca iria a Chicago na próxima segunda-feira para tratar de um acordo sobre seu casamento com Lorenzo, filho de Dante Cavallaro, líder da máfia de Chicago. 


 Com os Russos cada vez mais fortes, alianças eram sempre necessárias, duas delas foram feitas através do casamento de meu tio Luca com Aria, e depois meus pais, que ao que me contaram, não foi bem um acordo. Soube que minha mãe até mesmo fugiu por seis meses antes de casar, porém em uma conversa que tivemos e vendo a união dos dois, embora ela não admitisse, era muito mais feliz casada com meu pai, do que em sua falsa liberdade. Contudo, por culpa de minha tia Liliana e Romero, um dos capitães do meu pai, eles armaram uma verdadeira guerra contra a OutFit, por mais de dez anos, vivemos sobre ataques dos Russos e de olhos abertos em relação a Chicago, contudo depois de um ataque do Bratva, resolveram unir forças, e acordaram que uma menina da Família seria enviada para Chicago em um casamento com o filho de Dante Cavallaro, o acordo só foi possível depois da morte de Rocco Scudelli, poderia chamá-lo de avô, se não fosse a versão que minha mãe possuía do próprio pai. Tinha cerca de dez anos quando fomos informados de sua morte, acredito ter sido um dos dias mais felizes para ela e minhas tias.
Enquanto Anita odiava os negócios ligados a máfia e todo esquema de tortura que os envolviam, não podendo inclusive ver sangue, eu amava. Desde cedo aprendi com Joseph a lutar. Meu irmão, dois anos mais velho que eu, herdou de meu pai a cabeça quente o ação por impulso, enquanto eu, amei o amor com as facas e qualquer arma de fogo.
Assistia meu pai ensinar Joseph a manusear uma faca e aprendi suas técnicas, o surpreendi quando tinha 12 anos e pedi para Joseph lutar comigo.

Flashback Onn

A luta parecia vencida para Joseph, ele simplesmente sentou no centro do tatame me observando. Dois anos mais velho e treinando todos os dias com meu pai, tio e primos, além de outros membros da Cosa Nostra, Joseph já havia iniciado na máfia e se orgulhava de seus feitos.
- Não fomos criados para sermos honestos. – Joseph disse assim que tentei lhe acertar um chute, habilidoso, segurou minha perna, fazendo com que caísse no chão.
- Tem razão, vocês não são. – Respondi tirando uma faca de minha cintura e parando-a a centímetros de seu tendão de Aquiles.
- Nina, não! – Meu pai gritou acompanhado de meu tio e juntaram-se a nós.
- O que vocês estão fazendo aqui? O que você está fazendo aqui? – Foi meu tio Luca quem perguntou, ele parecia furioso.
- Ela queria conhecer e eu a trouxe. – Joseph deu os ombros e me ajudou a levantar.
- Isso não é lugar para mulher. – Meu pai respondeu, ainda mais furioso.
- Tia Aria já veio treinar aqui, por que eu não posso? – O encarei.
- Parabéns, você tem uma nova Gianna pra lidar. – Tio Luca bateu no peito do meu pai e puxou Joseph consigo, nos deixando sozinhos.

Havia outros homens treinando ali, mas nenhum pareceu se importar com o que acontecia, ou talvez não se arriscaria olhar para filha do consigliere e um dos caras mais importantes de toda máfia.

- Pai, eu só quero aprender a lutar. – Respondi entrando ao seu lado do carro.
- Você é mulher, deve aprender a se comportar, não a manusear uma faca.
- Eu gosto de facas. – Respondi e percebi um sorriso no canto de sua boca.
- Você cortaria seu irmão? – Ele não me encarou, observava o transito de Nova York.
- No tendão de Aquiles. – Falei convencida.
- Deus, o que eu fiz pra merecer isso? – Ele olhou para o alto e em seguida caiu na risada.
- Preciso mesmo te responder?
- Eu perguntei pra Deus, não pra você Nina. – Ele riu. – Eu vou te ensinar a lutar, mas não conte a sua mãe, muito menos ao seu irmão. É importante saber auto-defesa.
- Vai me deixar participar das torturas também? – Pedi esperançosa.
- Eu criei um monstrinho? - Perguntou me olhando intrigado.
- Uma cópia mais bonita sua. – Falei convencida ouvindo-o gargalhar.

Conseguimos esconder as aulas por alguns meses, até que minha mãe descobrisse e após um pequeno surto, concordasse que se eu queria assim, deveria ter minha escolha aceita. Meu pai dizia que havia puxado seu gênio, mas os dois eram parecidos demais, para que eu saísse diferente. Joseph acabou gostando da ideia e me ajudava com os treinamentos, tornando-nos mais fortes juntos.

Flashback off

- Você precisa lutar contra isso, fala que não quer, seu pai vai te ouvir.
- Meu pai é um Capo Nina, ele não pode por tudo a perder por minha causa. – Anita respondeu ainda chorando.
- Mas eles queriam uma das mulheres da Cosa Nostra, não significa que tem que ser você. – Falei tentando animá-la.
- Mas ele me disse que provavelmente Dante pediria eu, que meu nome estava em sua lista e que eu precisava me preparar para isso.
- E sua mãe, o que fez?
- Perguntou se não teria como retirar meu nome da lista, mas meu pai disse que não e que mataria Lorenzo se me fizesse qualquer coisa.
- Como se fosse possível saber, depois que você for entregue aquele monstro.
- Eu preciso esquecer Phillip, talvez seja só uma paixonite, talvez seja melhor aceitar logo.
- Peça para seu pai prometer sua mão a Phillip. – Sugeri.
- Ele nunca permitiria, Phillip é apenas um soldado, ele precisa me usar para fazer alianças.
- Tio Romero também era um soltado quando nossa tia se apaixonou, ou você esqueceu de história deles?
- Eu não esqueci, mas não é como se ele quisesse me casar com um velho feio, você lembra como Lorenzo era bonito?
- Como vou esquecer? – Falei lembrando de uma das vezes que o vi.

Flashback Onn

Eu e Anita estávamos sentadas no jardim dos Cavallaro, quando fomos surpreendidas por Lorenzo, Martin, Pietro e Joseph. Eu era um ano mais velha que Anita e ainda tidas como crianças para eles, enquanto Martin com 14 anos, Pietro e Joseph com 15 e Lorenzo com 16 anos, já haviam matado e assistido todos os tipos de torturas possíveis dentro da máfia.
- Hey garotas, se juntem a nós. – Lorenzo sorriu nos chamando.
- Estamos bem aqui, obrigada. – Respondi o encarando.
- Liga não, mulheres... – Joseph puxou ele, sabendo a irmã que tinha.
- Gosto delas gemendo meu nome. – Lorenzo respondeu, fazendo todos gargalharem e concordarem com sua frase.
Anita corou na hora, enquanto eu apenas bufei percebendo o quão grotescos eles conseguem ser.

Mais tarde naquele mesmo dia.

Os homens já estavam reunidos no escritório de Dante, provavelmente falando sobre os Russos e seus últimos ataques. Os garotos participavam da reunião, pois deveriam aprender como agir diante de tudo. Minha mãe e tia Aria, conversavam com Valentina, sobre o casamento de Anna, sua filha mais velha. A menina parecia feliz em casar com o filho de uma das famílias importantes da Outfit, me perguntei qual problema ela tinha em mente para ficar feliz com um casamento. Anita assistia a conversa parecendo contente em participar desse mundo. Levantei indicando que iria ao banheiro e resolvi ir até o quintal, observar o por do sol que estava iniciando.

- Você não deveria estar com as outras garotas? – Lorenzo se aproximou apagando um cigarro.
- Você não deveria fumar, vai morrer de câncer. – Respondi.
- Câncer é algo lento, em nosso mundo, com certeza morrerei antes. – Ele disse sentando ao meu lado. - Por que não está com elas? – Perguntou tocando minha coxa. Senti um desconforto na região.
- Meio óbvio não? Eu quero ver o por do sol, em silêncio. – Respondi tirando sua mão de minha coxa.
- Você esta ficando bem gostosinha. – Ele colocou novamente a mão em minha coxa.
- Independente do jeito que estou ficando, isso não te pertence. – Respondi novamente tirando sua mão.
- Já foi prometida a alguém?
- Pretendo ser freira. – Cortei-o.
- Mas... Freiras não beijam na boca, ou fazem outras coisas. – Ele disse me encarando.
- E quem disse que eu quero beijar na boca ou fazer outras coisas? – O encarei.
- Eu gostaria de fazer com você. – Ele sorriu perverso.
- Vai ficar na vontade então. – Falei me levantando.
- Nunca me dizem não. – Ele disse me puxando de volta.
- Isso seria pedofilia. – Respondi o encarando.
- Não sou tão velho assim, 4 anos apenas.
- Na verdade três, completo 13 anos mês que vem, e você a pouco fez aniversário. – Respondi dando um passo a frente e o vendo sorrir. – Mas prefiro a castidade do que você. – Falei novamente saindo de perto dele.
- Será que prefere mesmo? – Ele me puxou fazendo com que nossos corpos colassem um no outro a poucos centímetros da minha boca.
- Tenho certeza que sim. – Respondi puxando uma faca que escondia e cortando em seu braço, fazendo-o me soltar com o susto do que aconteceu.
- Terá volta! – Ele respondeu com fúria em seus olhos, tirando a faca de minha mão e segurando com força.
- Mal posso esperar por isso. – Disse divertida e voltei para junto das outras garotas, deixando minha faca com ele.

Flashback off

- Acabei de ouvir nosso pai falando de uma lista de garotas que poderá ser oferecida para eles, talvez você não precise casar. – Martin invadiu o quarto de Anita.
- Acho difícil, mais velhas que Anita temos poucas não prometidas. – Joseph disse sentando ao nosso lado.
- Lorenzo quer casar cedo, é estranho isso. – Anita respondeu.
- Como se fizesse alguma diferença, eles casam e seguem sua vida normalmente, tendo uma em sua cama a noite e várias na rua. – Respondi com raiva.
- Nem todos são assim Nina, olha nossos pais, e dizem que o próprio Dante só tem olhos para Valentina.
- Valentina é linda, eu gostaria de ter uma mulher daquelas na minha cama. – Martin disse fazendo Joseph sorrir.
- Se ele escuta isso, você é um quase homem morto. – Zombei.
- Vou te mostrar o quase homem. – Ele fez menção de me atacar.
- Ela tem facas. – Joseph o advertiu rindo.
- Ela é só uma mulher. – Martin deu de ombros.
- Repete isso que eu corto o que você tem no meio das pernas e faço-o comer. – O encarei brava.
- Paro de brigas infantis, estamos sendo chamados para o jantar. – Pietro invadiu o quarto.
- Ninguém mais bate na porta? – Anita perguntou parecendo brava.
- Não é como se tivesse algo interessante aqui dentro, vamos pirralha. – Pietro bagunçou o cabelo dela e a levou com ele.

Quando chegamos na sala percebemos o clima tenso do lugar, meu pai parecia furioso e tio Luca não ficava atrás.
- Aconteceu alguma coisa? – Pietro perguntou sem entender o motivo.
- Atacaram um de nossos depósitos, mataram três do nossos, entre eles Alef. – Meu pai respondeu, encarando-me.
- Conseguiram pegar alguém? – Joseph perguntou chegando o coldre com suas armas.
- Vamos para lá interrogar dois russos que ainda estão vivos. – Tio Luca disse.
- Não gosto dessas coisas. – Anita respondeu indo em direção a mesa de jantar, onde minha mãe e tia estavam nos esperando.
- Eu quero ir com vocês. – Respondi animada.
- Você não vai! – Joseph interrompeu-me.
- Já temos problemas demais por hoje. – Meu pai disse.
- Mas pai, eu aprendi umas coisinhas novas. – Me aproximei dele. – Por favor, pai, tio, prometo me comportar! – Falei os encarando.
- Não fazia parte do universo das garotas elas não gostarem de sangue? – Pietro perguntou divertido, nós sempre fomos bastante próximos, e ele amava o fato de eu não ser como as outras meninas, preocupadas com a maquiagem da cara, ou com nojo de bichos estranhos e sangue.
- Por favor, eu estou cansada de anatomia com cadáveres, quero corpos com um resto de vida para usar meu bisturi. – Sorri divertida, verdade era que queria ver como eram essas sessões de tortura, sempre pedi, insistia e nunca me deixavam participar.
- Ok, dessa vez você poderá assistir, vamos logo, não temos tempo a perder. – Tio Luca deu a palavra final, fazendo meu pai calar-se com um sorriso no canto da boca.   


Nota: Então o que acharam desse capítulo? Sou apaixonada pela série de livros e resolvi escrever uma história inspirada nela, espero que gostem! 

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