Capítulo XIII

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  - Talvez seja melhor parar. – Anthonny sugeriu, enquanto amarrávamos mais um russo, totalizando 10.
Aquele era o segundo esconderijo que atacávamos em uma única noite, estávamos levando-os até uma pequena sala de interrogatórios, precisava saber mais sobre os ataques e localização de um porão com armas roubadas da Família, na semana anterior.
- Você pode sair vivo dessa, parece jovem e forte, não merece morrer como esses idiotas. – Disse para o entrevistado mais novo, ele parecia ter em média 17 anos, os mais novos geralmente são mais fáceis de arrancar confissões.
- Mata logo, ele não vai falar nada. – Anthonny voltou a se meter.
- Acho melhor me deixar sozinho com ele, Cammy me mandou mensagem, falando que verificou uma forte presença de calor pro lado leste, talvez tenha alguma parede falsa por ali, vai com os outros verificar. – Disse para Anthonny, que sem discordar, partiu com mais alguns homens, me deixando apenas com um dos aprendizes novos.
- Pode tirar essa atadura. – Falei apontando para a fita que impossibilitava o bastardo de falar. O aprendiz fez o que mandei e seguiu olhando, parecia assustado.
- Você prefere ver seus membros sendo cortados ou apenas sentir a dor? – Disse pegando uma faca. Sabe, conheço alguém que gosta muito de facas, em homenagem a ela, essa foi minha arma escolhida hoje. – Falei me aproximando, conseguia ver o medo em seus olhos.
- Por favor, eu imploro, por favor. – O bastardo começou a falar. Mais fácil do que pensei que seria.
- Pode começar a falar... – Disse fazendo um pequeno corte próximo a região de seu tendão de Aquiles.
- Eu não sei de nada, sou apenas um olheiro. – Ele gaguejava ao falar.
- Que pena, se não sabe, não merece viver. – Falei dando um corte profundo na região da barriga, vendo seu sangue escorrer, o desespero em seus olhos e sua voz me faziam ter mais animo e energia em continuar com aquilo.
- Eles tem algumas armas escondidas aqui, eu não sei se são armas, quais são, era acesso restrito. – Ele gritou mais alto, enquanto eu fazia um corte vertical em sua perna, parando próximo a virilha. Era notório sua perda de sangue e em breve de consciência.
- Onde?
- Não sei onde, ficava... – Ele estava falando quando desmaiou, provavelmente fraco.
- Ele vai morrer. – O aprendiz falou.
- Ele não falaria muito mesmo. – Dei de ombros, me dirigindo ao próximo.


- Lorenzo, achamos. – Anthonny me interrompeu.
- O que vocês acharam?
- As armas e de brinde um grupo de crianças, ou melhor, rivais... – Anthonny sorriu, parecia esconder algo. Me apressei indo com ele até o final de um corredor escuro, aquelas paredes estavam cobertas de mofo e limo, tive medo do local ceder em algum momento.
Acabamos encontrando uma sala muito maior, e junto dela um grupo pessoas amarradas, vestiam roupas pretas e mascaras cobrindo os rostos, não eram Russos, mas também não pareciam de gangs locais, muito menos da família. Pedi para um de meus homens tirar a mascara de alguém que me chamou atenção, logo pude ver um rosto conhecido.
- Nina. – Disse com raiva e ao mesmo tempo saudade. Contudo, não poderia perder minha postura diante dela, tampouco de meus homens.
- Lorenzo. – Ela disse debochadamente.
- Esse interrogatório vai ser mais fácil, a gangster pelo menos fala... E você já conhece ela, sua família... - Anthonny debochou. Senti vontade de socá-lo, sem ver minha reação ele continuou falando, agora mais próximo dela.
- Bem que me falaram que a família não era mais a mesma, agora criaram uma liga de fracos dentro dela, ou você achou que conseguiria ter sua própria gang? – Zombou rindo da raiva que Nina transparecia. Antes mesmo que eu tivesse qualquer reação, ela cuspiu acertando em cheio o rosto de Anthonny.
- Sua vadia! Vagabunda, bastarda! – Ele começou a gritar, com raiva e se aproximou erguendo o braço para cima dela.
- Você não teria coragem. – Disse o jogando contra parede e indo em sua direção. – Desculpe-se agora!
- Mas Lorenzo. – Ele tentou gesticular.
- AGORA! – Gritei com raiva, o imobilizando contra parede. Se Anthonny não fosse um dos meus homens de confiança, ele não teria tido a chance de pedir desculpas, pois minha vontade era matá-lo naquele momento.
- Desculpa. – Ele falou com raiva, desvencilhando de onde eu estava o segurando e saindo da sala.
Me dirigi até Nina, que parecia distraída com a cena. Soltei as algemas que estavam lhe amarrando presa aos outros e a levantei puxando-a comigo.
- Não façam nada, ligarei para você dando as próximas ordens. – Disse apontando para outro homem de confiança, visto que o principal deles seria liberado da missão no minuto que o reencontrasse.

Sai com Nina, que calada apenas me seguia, não saberia dizer se ela estava se divertindo, com medo ou apática ao que estava acontecendo. Encontrei Antonny na entrada da sala que estávamos anteriormente.
- Você já pode ir embora, leve as armas encontradas para detectar possíveis rastreadores e em seguida para o deposito que decidimos anteriormente. – Falei seco.
- Mas e a missão?
- A sua já acabou.
- Lorenzo, não é seguro ficar aqui. – Ele tentou me alertar.
- Sua missão já foi dada, eu sei o que é ou não seguro. – Disse entrando com Nina e fechando a porta.
- O que você tem na cabeça? – Perguntei, dessa vez mais impaciente.
- Preciso que me garanta que ninguém vai tocar nelas. – Ela disse calma, sem responder minha pergunta ou demonstrar emoções.
- Elas? – Perguntei sem entender.
- Elas. Por que você retirou apenas a minha mascará? – Perguntou curiosa.
- Estava no centro, não sabia que era você. – Justifiquei percebendo que não havia visto o rosto dos demais. Telefonei para Vicentini, o responsável pelos demais prisioneiros.
- São mulheres, todas mulheres e se recusam a falar, estou esperando sua ordem para o castigo físico. – Disse assim que atendeu ao telefonema.
- Sem castigos físicos por enquanto. – Falei ríspido.
- Você não teria coragem. – Nina avançou em minha direção, tentando pegar o telefone de minha mão, mas a chamada já estava encerrada.
- Lorenzo, se você tem um pingo de... – Ela seguiu falando próxima ao meu corpo, seu rosto estava vermelho esboçando raiva. Seu olhar era de fúria, ver Nina daquela maneira me fez perder a consciência, apenas agarrei seu corpo, colando junto ao meu e juntei nossos lábios intensificando o beijo a medida que cada toque meu era correspondido por ela. Parti o primeiro beijo com necessidade de mais, de mais dela, mais beijos, mais toques. Ela agarrou meus cabelos com força, raiva, e seguiu beijando, pulando em meu colo e colocando as pernas em volta de minha cintura, fazendo meu membro das os primeiros sinais de ser com necessidades próprias.
Arranquei sua blusa e segui beijando seus seios, ainda cobertos pelo sutiã, me dirigi até uma cadeira que seria usada para tortura, minutos antes de encontrarNina e lhe coloquei sentada nela, nesse momento, ela percebeu onde estava e começou a me estapear.
- Hey, calma. – Pedi assim que notei a mudança em seu semblante. – Eu jamais te torturaria, não dessa forma. – Tentei acalmá-la.
- Não tenho medo de torturas, não essas. – Ela disse apontando para um dos "entrevistados" que nesse momento estava morto e coberto de sangue. – Tenho medo de umas que creio eu que só faça comigo. – Ela disse levantando-se e vestindo sua blusa.
- Garota...
- O que você quer para deixar eu e meu bando escapar? – Ela mordeu o lábio me provocando.
- Desde quando você tem um bando? – Perguntei puxando seu corpo para mais próximo.
- Você não é o senhor sabe tudo? Descubra.
Ela tinha razão, eu já deveria saber, durante esse tempo que fiquei afastado de Nina, acabei deixando os cuidados sob responsabilidade dos homens que destinei a cuidarem de sua segurança, nenhum dos responsáveis me relatou alguma mudança de comportamento, no máximo algumas escapadas normais deNina, que me deixavam furioso.
- Mas disso não sabia e você vai me contar, a menos que queria ver suas me Ninas machucadas. – Falei pegando o telefone.
- Lorenzo! – Ela tentou pegar meu telefone.
- Não me faça te prender naquela cadeira. – Falei sério, tentando demonstrar alguma autoridade.
- Eu não vou falar. – Fez birra. Liguei então para Vicentini.
- Tire as mascaras e escolha a mais nova para um interrogatório.
- Faz pouco tempo, eu estava estudando a trajetória das armas roubadas, meu pai colocou chips nelas, como você sugeriu, mas o sinal sumiu, assim que foram roubadas. Não sou uma geek, mas queria conseguir resolver isso. – Já sabia que as coisas não estavam muito seguras em Nova York, mas a preocupação deNina me fez perceber mais da gravidade do problema que eles estavam enfrentando. – Então, dentro da família, me juntei com um grupo de me Ninas, que assim como eu, gostam das armas, temos treinado juntas e decidimos tentar pela primeira vez hoje.
- Quanto tempo faz isso?
- O grupo existe a quase 6 meses, mas entrei para ele a menos de um mês.
- Depois da última vez que te vi? – Não quis citar o que aconteceu.
- Sim. – Ela respondeu baixo.
- Esse local é dos russos, não é seguro ficarmos aqui, mas nossa conversa ainda não terminou. Você vem comigo hoje.
- E as garotas?
- Vão estar liberadas em um minuto. – Disse abrindo a porta do local que estávamos.
- Vem. – Ordenei para Nina que me acompanhou. – Libere as mulheres que estão sob responsabilidade de Vicentini e vamos bater em retirada. – Falei pra um dos meus homens que se encontrava na porta da sala.
- Me dirigi com Nina até a saída do local, mas percebi que havia algo estranho lá.
- Tem algo estranho. – Disse baixo, com arma em punho.
- Aqueles carros são seus? – Ela apontou para luzes de alguns carros estacionados ao longe.
- Não, suponho que não sejam seus também. – Falei já imaginando o que estava por vir.
- Eles chegaram. – Ela disse com a voz tremula.


- Apenas concordei com a cabeça e voltei com ela em direção onde a maioria dos homens se encontrava. Reuni todos em um corredor e comecei as ordens de combate.
- Nós queremos lutar. – Uma das mulheres do bando de Nina disse.
- Todos vamos lutar. – Falei firme.
- Vamos nos dividir? – Vincentini perguntou.
- Não. Vamos por os explosivos nas outras entradas. E focar na saída pela lateral direita.
- Vicentini, você e você, vão jogar explosivos no campo da esquerda, é o campo onde aparentemente tem menos Russos, eles vão focar naquele lado, achando que nossa retirada será por ali e nós fazemos o contrário.
- As bombas estão ativas ainda? – Outro membro da minha gang perguntou.
- Sim, Cammy esta monitorando por satélite e vai explodir assim que eu ordenar. – Disse ligando meu comunicador com Cammy.
- Tudo certo? – Perguntei para todos, que em silêncio concordaram com a cabeça.
- Vamos me Ninas. – Nina disse formando seu bando, disposta a ficar na linha de frente da retirada.
- Isso não é apenas uma luta. – Terceira linha para vocês, de um total de 5 linhas. – Disse corrigindo Nina, que apenas me fuzilou com o olhar, mas seguiu a ordem. Pedi reforços aéreos, em qualquer outra situação não pediria, mas ter Nina presente, me fez ter medo de algo acontecer.
- Assim que ouvimos os primeiros tiros, tivemos certeza que nosso reforço estava chegando e começamos a agir.
- Você fica comigo o tempo todo. – Falei para Nina, que pela primeira vez viu uma verdadeira guerra de armaria pesada. Os russos nunca mediram esforços ou tiveram medo de uma boa luta, era sempre um prazer poder matar alguns bastardos deles.
Ao ouvirmos os primeiros tiros, a equipe designada para armamento e explosão de bombas ativou os dispositivos, mas não pensamos na estrutura física do local, que começou a desmoronar no segundo seguinte. Tínhamos duas escolhas, nos colocar na zona de tiro antes de parte dos russos se dirigir para o local que planejamos, ou morrermos soterrados em um esconderijo deles. Optamos pela primeira opção, me coloquei na linha de frente e pedi para Nina esperar com as outras de sua gang, sai atirando a rastejando fora do cativeiro, correndo em direção oposta a que meus homens deveriam correr, assim chamaria atenção única e conseguiria talvez mais sobreviventes naquela guerra. Contudo a possibilidade de eu não sobreviver era grande, mas quando se é chefe de algo, seu dever é proteger os seus e era isso que eu queria fazer.
- Você não pode fazer isso. – Nina disse logo atrás.
- Volta, agora! – Falei com raiva ao perceber que ela havia me seguido.
- Você vai morrer. Esta maluco?
- Eu sou maluco e você vai me obedecer. Volta agora. – Disse protegido por uma viga que logo iria ceder.
- Eu não vou voltar sem você. Ela disse, dessa vez mostrando para os russos onde estávamos. – Me atirei em cima dela, com raiva e ao mesmo tempo medo. – Você quer morrer?
- Eu não vou morrer, você não vai deixar e eu não vou deixar você fazer essa loucura sozinho. – Ela disse tossindo devido a fumaça que fazia o local. Por sorte, Cammy percebeu o risco da situação e enviou dois carros especiais, com capacidade de agüentar tiros de fuzil, enquanto isso, dois helicópteros sobrevoaram o local, jogando bombas e diminuindo o número de Russos, que assustados com o armamento que possuíamos, bateram em retirada.
Fomos os últimos a entrar dentro dos carros fortes, nos dirigindo até um dos locais seguros que tinha no entorno dali.
Sem tempo para respirar, chegamos até o local contabilizando os feridos, internamente rezava para não ter perdido nenhum dos meus homens, mas infelizmente não foi o que aconteceu e um dos meus foi atingido mortalmente, ele estava na linha de frente contra os Russos, quando os mesmos estavam em vantagem. Pensando como um líder da máfia, nosso número de perdas foi insignificante, mas não éramos apenas um núcleo dentro da OutFit, éramos mais que isso, tínhamos ideais, sonhávamos juntos e todos que pertenciam ao meu grupo, estavam ali, por serem meus homens de confiança, pessoas que embora eu não demonstrasse, eu sentia orgulho de lutar junto. Estava me sentindo culpado pelo que aconteceu e só queria que aquela noite terminasse.

Após acalmarmos tudo, liberamos as guerreiras de Nina, que pareciam um bom time, e fui até ela para me despedir.
- Um dos meus homens vai levar você para casa. – Disse beijando a testa de Nina, que estava coberta de poeira e alguns arranhões.
- Não, eu quero ficar com você.
- O seu grupo está bem, já foi liberado, agora preciso cuidar do meu, melhor você ir. – Disse preocupado.
- Eu quero ajudar você, as me Ninas vão ficar bem. – Ela disse se aproximando.
- Você precisa de alguns curativos também, melhor ir para casa, você se machucou. – Disse me sentindo culpado.
- Por favor. – Ela pediu me dando um selinho.
- Eu não sou uma boa companhia. – Confessei. Havia perdido um dos meus homens na disputa, além de ter outros dois gravemente feridos.
- Você nunca é uma boa companhia. – Ela sorriu doce, me fazendo sorrir também.
- Ainda tenho muito o que fazer aqui. – Disse em mais uma tentativa de enviá-la para casa, seus pais já sabiam o que havia acontecido, as armas inclusive já estavam novamente nos galpões da família, mas com certeza, ambos esperavam ansiosamente para falar pessoalmente com a filha teimosa que tinham.
- A culpa foi minha, se eu não tivesse invadido lá, você não teria se atrasado na missão, seus homens não teriam se machucado, seu homem não teria morrido... – Ela começou a falar, como em um pedido desculpas, seus olhos lacrimejaram, então eu a abracei forte.
- Tudo sempre acontece, por ter que acontecer. São aprendizados. Essa foi sua primeira grande luta, em breve teremos mais. – Disse tranqüilizando-a.
Ela não respondeu nada, apenas me abraçou forte.
- Vai pra casa, fala com seus pais, eu vou resolver algumas coisas aqui e se você quiser passo lá para te buscar, podemos passar a noite, ou o que resta dela, no meu apartamento.
- Se você prometer se comportar, eu quero.
- Eu sempre me comporto, sorri lhe dando um selinho demorado.
- Até logo mais então. – Ela sorriu, caminhando em direção a saída do local.
Eu apenas concordei com a cabeça ordenei algumas funções no nosso QG e fui resolver alguns assuntos antes de encontrar Nina, afinal, tinha uma morte para vingar.



NOTA DA AUTORA

Demorei, depois de muita briga com o wattpad consegui postar aqui, estava dando erro sempre que eu carregava a página!

Espero conseguir atualizar com mais frequencia agora! Quero agradecer vocês por todos os comentários e todo apoiom, muito, muito obrigada!

Estou criando um grupo no whatsapp, quem quiser participar, pode deixar seu número por mensagem aqui, ou lá no instagram: jeh_fra!

Obrigada, e não esqueçam de deixar seu comentário o/ 

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