Capítulo V

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  Era óbvio que eu estava ansiosa, queria poder me vingar do que havia acontecido mais cedo. Queria falar com Anita sobre Phillip, queria socar Phillip por ter saído de seu posto para comer uma qualquer e deixado Lorenzo entrar em meu quarto. Queria o beijo não dado que o filho da puta negou.
- Oi querido. – Respondi assim que seus lábios tocaram minha bochecha.
- Finalmente minha convidada especial chegou. – Ele sorriu e em seguida esticou a mão para meu pai. As normas diziam que ele deveria ter primeiro cumprimentado meus pais, mas ele nunca seguiu norma alguma.
- Gianna. – Valentina sorriu logo atrás do filho.
- Val! Bom revê-la. – Mamãe falou se aproximando.
- Dante. – Meu pai respondeu.
- Matteo. – Dante o cumprimentou formalmente.
- É uma bela meNina. – Dante disse me encarando.
- Obrigada. – Senti minha voz tremer. Ele era o capo da OutFit, nunca imaginei fazer parte de sua família, teria que me acostumar com sua presença, embora Valentina amasse o marido, ele não me parecia uma boa pessoa.
- Ela é, uma jóia da qual me orgulho e preso muito. – Meu pai respondeu encarando Lorenzo.
- Tenho certeza que sim, encantadora. – Lorenzo respondeu. – Se me permitem gostaria de apresentar a festa para Nina. – Ele me estendeu o braço.
- Talvez Anita queira ir com vocês. – Tio Luca respondeu em seguida, eles haviam chegado um pouco antes de nós, mas estavam por perto. Anita o repreendeu com o olhar, ela tinha pânico de Lorenzo, principalmente após ouvir algumas de suas histórias.
- Está tudo bem, também gostaria que Lorenzo me apresentasse a festa. – Respondi, queria gargalhar ao ver o espanto na cara de Dante e tio Luca, o único que não parecia surpreso com minha reação foi meu pai.

- Eu queria gargalhar com a careta que meu pai fez. Você o surpreendeu, parabéns. – Lorenzo disse quando nos afastamos.
- Só concordei, porque não poderia negar e Anita tem medo de ficar próxima a você.
- Eu sei que estava ansiosa para ficar bem perto de mim.
- Nossa, principalmente para sentir seu cheiro, parece com... Carne podre? – Revirei os olhos falando.
- A não ser que carne podre tenha um perfume bem agradável... – Ele aproximou seu pescoço do meu rosto. Seu cheiro era bom, sentia vontade de tocá-lo.
- Estamos em uma festa, se comporte.
- Mal posso esperar para estarmos em um quarto. – Falou beijando minha testa. Não respondi nada, apenas o encarei com desprezo.
- Um dia esse desprezo – sorriu irônico – vai virar desejo. – Disse e voltou a andar, me exibindo como um troféu para os presentes.

Meus pés já estavam doendo, nunca fui fã de saltos, mas a ocasião pedia, queria poder revidar e ir de tênis, contudo achei melhor não arriscar.
Dante estava na ponta da mesa, Lorenzo a sua direita e Valentina a sua esquerda. Ao lado de Valentina sentou meu tio Luca, e tive que sentar ao lado de Lorenzo, com meus pais seguindo a ordem da fileira de cadeiras. Assim que todos se acomodaram, Lorenzo tocou a taça de vinho, chamando a atenção dos presentes.
- Fico feliz em ter a presença de minha futura noiva conosco hoje, poderia agradecer pelas felicitações e dizer que aguardo ansiosamente os novos apelidos e saudações, não por algo simples como um aniversário, mas por conquistas maiores, como novas terras. – Ele sorriu e senti o olhar de provação de Dante. – Contudo, agradecer não faz parte do meu vocabulário e o que eu posso lhes dizer é que estejam todos servidos. – Sorriu maligno e voltou a sentar-se ao meu lado.
- Você poderia... – Dante falou baixo, mas consegui escutá-lo.
- Não seria divertido ficar quieto, mas prometo me comportar. Tenho uma dama ao meu lado. – Ele sorriu maligno.
- Me sinto honrada. – Respondi cravando as unhas em sua mão, assim que elas tocaram minha coxa.
- Arisca. – Ele cochichou, tomando um pouco do vinho que havia sido servido.
Não respondi, apenas sorri irônica e provei a comida, que realmente era maravilhosa.
Após o jantar, os homens falavam de negócios, como qualquer comemoração dentro da máfia, e as mulheres discutiam coisas fúteis que não me diziam respeito. Anita encarava Phillip de um jeito diferente, a puxei para um canto e sem rodeios perguntei.
- O que aconteceu entre vocês? Eu conheço teu olhar. – Cochichei.
- Nada, não aconteceu nada. – Ela respondeu com voz tremula, mentindo.
- Algum problema? – Ouvi Phillip perguntar.
- Eu quem lhes pergunto, o que aconteceu entre os dois? Conheço esses olhares.
- Nada senhorita. – Ele gaguejou.
- Por Deus Phillip, eu não sou cega. – Ri da cara que os dois fizeram.
- Me deixa falar com ela. – Anita pediu e Phillip mesmo com receio, caminhou ficando um pouco distante de nós duas.
- Melhor irmos até o jardim. – Sugeri e a puxei comigo.
- Aqui está mais seguro. – Ela sorriu nervosa. – Bem, Phillip aproveitou um momento de distração de Demetrius e foi até meu quarto, nós nos beijamos. – Ela sorriu corada.
- Que horas isso aconteceu?
- Um pouco antes de virmos para festa, por quê? Alguém viu algo?
- Aquele desgraçado! – Falei com raiva.
- Como é bom ver o amor vindo de sua boca. – Lorenzo invadiu nosso campo de visão, segurei a mão de Anita que tremia ao meu lado. – Respondendo sua pergunta, pequena Anita, sim, alguém viu algo. Eu vi. – Ele sorriu perverso.
- Você, mas... Por favor, não conte... – Anita tentava formular alguma frase.
- Ele não vai contar. – Disse por fim.
- Ou? – Ele sorriu e se aproximou mais.
- Ou não poderá entrar em meu quarto essa noite. – Respondi encarando uma Anita perplexa e Lorenzo mais surpreso ainda.
- Realmente, eu não vou contar. – Lorenzo disse se recuperando da surpresa. – Se me dão licença, creio que ainda tenham muito a conversar.
- Toda. – Falei e encarei Anita, que só sabia tremer.
- Você vai deixar ele entrar em seu quarto? – Ela perguntou atônica.
- Ele já entrou uma vez, eu sei me defender. – Respondi.
- Você o que? – Ela falou um pouco alto.
- Shiu, ninguém pode saber.
- Desculpa, mas como? Você não me disse nada.
- Foi pouco antes de vir pra festa, Phillip provavelmente estava em seu quarto e ele aproveitou a distração.
- Ele é maluco, não o deixe entrar.
- Os seguranças vão estar no corredor, ele não vai se arriscar.
- Pedi para Phillip ir para meu quarto quando chegasse lá. – Ela sorriu.
- Anita, o que vocês fizeram?
- Nada demais, ele só me beijou, mas gosto de estar com ele, vou falar com papai sobre nosso casamento, sei que ele é apenas um soldado, mas gostaria tanto de...
- Vou pedir para ele ficar em minha vigia, assim seu pai não desconfiará que estão juntos, ou pelo menos vai ser menos arriscado. Posso conversar com Pietro...
- O Pietro pode ficar brabo.
- Eu me entendo com ele.
- Ele sempre gostou mais de você. – Ela fez bico.
- Ele é seu irmão, deve te proteger como Joseph me protege, mas nós crescemos juntos, e nós temos gostos parecidos.
- Pensei que vocês ficariam juntos. – Ela confessou.
- Nunca, Pietro é um irmão pra mim.
- Você gosta do Lorenzo? – Perguntou mudando de assunto.

Pov Lorenzo

- Eu o odeio, e o farei desistir desse casamento. – Nina respondeu para prima.
Enquanto meu pai amava agir como antigamente, eu amava a tecnologia, por culpa dela consegui descobrir grandes segredos, nunca me imaginei usando uma escuta para espionar conversas alheias e me sentia uma velha futriqueira, mas a conversa me dizia respeito, Nina parecia dividir todos os seus segredos com Anita, e eu poderia usar isso ao meu favor.
Ficou óbvio minha surpresa ao ouvir Nina falar sobre uma visita ao seu quarto, não esperava encontrá-la novamente, antes de ir até Nova York oficializar meu noivado com ela, contudo ela me fez ter idéias que só de imaginar, senti meu pau doer em excitação. O que Nina não sonhava é que eu havia lhe reservado um quarto em meu hotel, cujo acesso poderia ser feito pelo quarto ao lado, não precisando entrar no corredor onde os seguranças montavam guarda. Havia uma falsa parede, entre o quarto que eu estava e o de Nina, e eu mal podia esperar para lhe dar um presente durante a noite.
Nina passou o resto da noite junto de Anita, por Deus, as duas eram lindas, mas como meu pai conseguiu me imaginar casado com a mais nova? A meNina tremia ao ouvir meu nome, não me admiraria que uma boneca inflável fosse mais sexy que ela deitada em minha cama. Além de tudo estava apaixonada. Mulheres tem o dom de estragar tudo em sua vida sonhando com o príncipe encantado.
Nina não parecia sonhar com um príncipe, pelo menos esse sonho eu não roubaria dela, pois ela estava se casando com um demônio, sempre quis uma mulher forte ao meu lado, que não tema o inimigo, mas que queira o meu toque, que agüente uma foda forte, e me faça relaxar da rotina massacrante do dia-a-dia.

- Podemos conversar um minuto? – Matteo se aproximou, enquanto estava absorto em meus pensamentos.
- Sim, gostaria de ir até o escritório? – Perguntei já indicando o caminho, meu pai estava observando tudo, fiz sinal para que me deixasse sozinho com Matteo, meu futuro sogro e o mesmo, sem demonstrar nada, acatou meu pedido.
- Então... – Falei sentando e indicando o lugar para Matteo.
- Você deve saber quem eu sou, e da fama que tenho. – Ele disse com um pouco de raiva. – Assim como sei da sua fama.
- Acredito que sim.
- Gostaria de saber se existe alguma razão especial para ter pedido por minha filha.
- Ela é uma garota interessante. – Disse sem esboçar sentimentos, era óbvia sua preocupação com Nina, algo que não é comum em nosso meio, afinal mulheres não são tratadas como algo de valor importante, porém Matteo pareceu amar a filha, assim como meu pai sempre demonstrou amar Anna.
- Sim, bastante. E gostaria de deixar claro que não me importo em começar uma guerra por ela.
- Pode ter certeza que compartilhamos da mesma opinião então.
- Nina não é como as garotas que está acostumado, ela não vai abaixar a cabeça ou receber ordens e se eu souber que você a feriu, desfaço o noivado, a levo de volta mesmo estando casada, e não lhe deixarei tocar em minha filha mais, não me importando com as conseqüências.
- Levarei seu recado em consideração. – Falei ironicamente, não poderia me mostrar abalado por ameaças dele, Matteo não veio até mim como um consigliere, ele veio falar como pai de Nina, e usou de sua posição para tentar me convencer de desistir do noivado, uma dúvida ficou em minha cabeça, o que Nina realmente pensava disso tudo?
- O aviso está dado. – Ele disse e levantou, saindo do escritório e me deixando sozinho com pensamentos e dúvidas.

Xx

Não via a hora daquela festa acabar, percebi que Nina parecia cansada, queria tê-la acordada e disposta essa noite, pois com toda certeza cobraria pelo que me prometeu mais cedo. Me despedi de algumas pessoas, entre elas minha mãe, única pessoa que eu respeitava sem questionar, pois nem meu pai conseguia esse feito. Nina havia saído a pouco acompanhada de sua família, decidi ir até o hotel e por meu plano em ação.
Verifiquei no corredor e os dois seguranças andavam cuidando as portas. Fiz um aceno com a cabeça e segui até o quarto ao lado de Nina. Não a deixaria em qualquer quarto, queria ter acesso a ela, caso precisasse e então escolhi a dedo todos os quartos que os Vittiello ficariam.
Assim que entrei no quarto, fechei a porta e fui até uma falsa parede. Abri um pequeno cofre, tirando de lá outro controle, que após digitar outra senha, abri uma entrada para o quarto ao lado. Era chegada a melhor hora da noite, finalmente ganharia um presente de aniversário digno. 



NOTA DA AUTORA:

Muito obrigado por todos os comentários, minha internet está horrível, por isso não consegui responde-los, assim que conseguir melhorar a conexão responderei todos! Ia desitir de postar aqui, mas vocês me animaram com comentários e pretendo atualizar com bastante frequencia, me contem o que vocês estão achando, o que acham da Nina e do Lorenzo? Tem cena HOT por vir! 

Bound by PowerWhere stories live. Discover now