Capítulo IV

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  - Quero um namoro considerado normal, fora do nosso mundo. Quero vê-lo pelo menos duas vezes ao mês, por um ano, antes do nosso casamento. E quero concluir minha faculdade, mesmo estando casada com ele. A data já pode ser marcada, mas deve ser daqui um ano, e se o bastardo não cumprir com sua parte no acordo, de passar pelo menos um dia a cada duas semanas comigo, o casamento será cancelado, por não cumprimento do acordo, por parte deles.
- Se o casamento não for cumprindo, por culpa deles, quem pode declarar uma guerra sou eu, não os dois. – Tio Luca disse.
- Pela honra desse contrato, caso ele não cumpra sua parte do acordo, eu quero uma das cidades para mim. – Sorri convencida.
- Uma das cidades que Lorenzo conquistou? – Meu pai sorriu convencido. – Essa é minha filha!
- Essa é sua filha! – Meu tio riu do entusiasmo dele. Verei o que posso fazer. – Ele levantou. Por hora, melhor acalmar as mulheres, elas não devem estar muito contentes.
- Acredito que se vocês saírem dessa sala e não tiverem uma garganta cortada por minha mãe, podem considerar ser um dia de sorte. – Eu sorri e levantei, pensando no quão seria bom me vingar dos últimos encontros com Lorenzo.

- Calma, está tudo bem. – Falei assim que minha mãe me abraçou.
- Você disse não, eu te apoio na sua decisão e tenho certeza que seu pai também. – Ela respondeu fuzilando meu pai com o olhar.
- Eu aceitei a proposta.
- Você o que? Mas você odeia ele desde que... – Alice ia falando, então perdeu a voz.
- Desde que? – Meu pai interrompeu.
- Desde que o conheci, ele parecia arrogante, temi por Anita, quando falaram que ela poderia ser a escolhida, mas eu não tenho medo dele, eu não sou frágil e seu usar uma faca. – Falei tentando parecer verdadeira.
- Eu não sou frágil. – Anita disse ficando em pé.
- Ok. – Eu sorri e a abracei. – Desculpe se te ofendi.
- Você não ofendeu, você tem razão, quando estou com você ou os garotos fico segura, mas não gosto de me imaginar sozinha com aquele cara, eu quero me casar por amor. – Ela falou corando em seguida, ao perceber que todos prestavam atenção em suas palavras.
- E você vai. – Tia Aria disse abraçando a filha.
- Também gostaria de casar por amor, mas não ache que eu tenha um coração capaz disso. – Eu ri.
- Precisamos ir. – Meu tio interrompeu-nos. – Aria precisa descansar. Chamarei Pietro para uma reunião e assim que ele chegar, quero você em meu escritório. – Se dirigiu ao meu pai que concordou com a cabeça e assistiu o irmão sair de nossa casa, acompanhado de sua família.
- O que você está aprontando, eu te conheço Nina, sei muito bem quando você está calma demais, e isso não é um bom sinal. – Minha mãe disse me puxando para o quarto.
- Eu não vou me casar com aquele bastardo, ele vai provar do próprio veneno.
- Pelo amor de Deus, nós não estamos em tempo de provocar uma guerra com a OutFit, e eu já vi uma história parecida com essa uma vez... – Ela respondeu, provavelmente lembrando da própria história.
- Ele vai desistir do casamento. Só isso. – Sorri convencida.
- Só não crie uma guerra, ou eu terei que aprender a usar armas. – Ela sorriu beijando minha testa e indo para seu quarto.
- Boa noite mãe.
- Boa noite meu anjo.

Os dias passaram mais rápidos do que eu esperava, tivemos que nos preparar para visitar Chigago, iríamos apenas eu, meus pais, meus tios e Anita. Os meninos estavam ansiosos, eles ficariam a frente dos negócios da organização, Pietro, sempre parecido com meu tio, já agia como um capo, mas protetores, tanto meu pai, como Tio Luca se mostravam um pouco preocupados com isso.
Lorenzo estava completando 21 anos e essa seria a primeira vez que o veria depois do arranjo, estava ansiosa, para chutar suas bolas, mas não podia negar que estava ansiosa para rever aquele idiota.
Anita sentou ao meu lado durante o vôo, mamãe e papai estava a nossa frente e meus tios ao nosso lado. Encarei a janela e me perguntei se esse caminho se tornaria rotina pra mim. Cansada depois de uma noite sem conseguir dormir, acabei cochilando e lembrando de um dia no passado.

Flashback Onn
Cerca de 3 anos antes
- Tenho algo seu comigo. – Ele falou em meu ouvido, estando atrás de mim.
- Eu sei, pode ficar com ela, tenho outras. – Falei sem o encarar.
- Vejo que nem o clima de amor em um casamento faz você sorrir. – Zombou.
- Como se fosse preciso existir amor para um casamento acontecer. – Respondi o encarando, assim que ele se posicionou ao meu lado.
- Onde está Anita? Vejo que ela cresceu um pouco. – Fingiu procurar algo.
- Está com seu pai, o Capo de Cosa Nostra. – Sorri irônica.
- Será que ela já aprendeu a beijar? – Perguntou com sorriso idiota no rosto.
- Pergunte aos seus irmãos, eles já estão chegando aqui. – O encarei.
- Lorenzo. – Pietro disse o encarando.
- Pietro, como vai? – Ele estendeu a mão.
- Bem. – Disse frio. Assim como Lorenzo, Pietro já era um made men e havia mudado sua postura diante de todos.
- Fiquem a vontade, tenho negócios a tratar. – Lorenzo disse e me deixou sozinha com Pietro.
- O que ele queria?
- Contar seus feitos como futuro novo capo.
- Só de pensar que terei que tratar com ele novos acordos no futuro, sinto repulsa.
- Vocês pareciam amigos antigamente.
- Isso era quando não tinhas interesses, quando nos tornamos um made man, as coisas mudam bastante.
- Você mudou. – Encarei meu primo.
- Com quase todos. – Ele disse e se aproximou de mim, mas então lembramos que estávamos na festa de casamento de meu tio e ele como futuro Capo não poderia demonstrar qualquer afeto por alguém.
Nosso tio estava casando novamente, após anos de união, ele como todos os homens da máfia, não costumava demonstrar qualquer sentimento por sua mulher, e não sabia até qual ponto realmente sentiu sua morte, visto que um mês depois já estava casando novamente. Mamãe explicou que ele precisava de uma nova esposa, pois sua primeira mulher havia morrido no parte, deixando com ele uma criança de 6 anos e um bebê recém nascido, por isso tanta rapidez no novo arranjo, ele queria mais uma babá para seus filhos, do que uma esposa.
Pelos que ela e tia Aria contavam, ele era um bom meNina antes de ser iniciado, elas pareciam amá-lo de qualquer forma e entendia esse sentimento, amava Joseph mesmo sabendo que a cada dia ele se tornava mais frio e calculista, nunca me importei com as coisas que ele fazia, na verdade sempre gostei de tudo isso e sonhava em participar algum dia. Tinha o sangue Vitiello correndo em minhas veias e nunca negaria minha origem.

Assim que meu tio e sua nova esposa foram para o quarto, fomos impedidas de ficar na festa, minha mãe levou-nos para um hotel, os meninos seguiram na festa bebendo e querendo ver o tal lençol. Essa era uma tradição da Família, que aos poucos conquistou adeptos na Outfit, tradição da qual eu nunca me orgulharia.
Eu, Anita, Pérola e Madalena ficamos no mesmo quarto, aquele hotel pertencia aos Cavallaro, mas estávamos em paz nos últimos tempos e meu tio fez questão de aceitar o convite de Dante. Sabia que meus pais ainda estavam na festa e chegariam tarde, nosso segurança dormia em seu posto, se alguém o visse assim certamente pagaria caro por aquilo. Decidi sair do quarto e ver como era o hotel, parecia ter um belo jardim, minhas primas dormiam e eu não sentia sono.
Eram cerca de três horas da mãe e na teoria não poderia encontrar ninguém ali, mas havia alguém fumando sentando em um dos bancos do enorme jardim do hotel. Pensei em voltar para o quarto, mas logo o vi virando em minha direção.
- Mocinhas não devem andar por ai sozinhas, ainda mais quando não estão em seu território. – Ele disse divertido se aproximando.
- Que nojo, você está com cheiro de cigarro. – Falei vendo a fumaça sair de sua boca.
- Não é cigarro, é maconha. – Ele zombou e me ofereceu.
- Não gosto disso. – Falei com novo e sentei ao seu lado.
- Ok, serei um bom homem, não há ninguém olhando? – Ele fingiu estar preocupado e olhou para os lados, em seguida apagou o cigarro de maconha e me encarou.
- O que faz aqui? – Perguntamos juntos.
- Você primeiro. – Lorenzo disse.
- Perguntamos juntos e eu sou uma dama, logo primeiro você. – Respondi.
- Não seria correto, primeiro as damas? – Levantou a sobrancelha me encarando.
- O correto é, primeiro a vontade das damas. – Pisquei pra ele.
- Vim me certificar que estava tudo bem no hotel.
- Hum, está tudo bem, pode ir embora.
- Quer mandar em mim, no meu próprio território? – Ele zombou.
- Quem sabe? – Sorri irônica.
- Garota, se você não tivesse apenas 14 anos...
- Olha, sabe a minha idade.
- Sei bastante coisa sobre você.
- Não deveria, pensei que estava ocupado, conseguindo novos territórios para OutFit.
- E estou, mas entre minhas ocupações está conhecer todos os pontos do inimigo.
- Meu pai não é um inimigo.
- Estamos sempre em guerra, hoje existe paz, amanhã ninguém sabe.
- Tentei algo contra a Família que você conhecerá a morta. – Falei com raiva.
- Imagino que vindo de suas mãos. – Ele se aproximou.
- Quem sabe? – Levantei o encarando.
- Gostaria de descobrir. – Ele segurou minhas mãos e se aproximou colando nossas bocas. Me desvencilhei dele e lhe dei um tapa em seu rosto, o pegando de surpresa, mas vendo-o sorrir em seguida.
- Nunca mais faça isso! – Respondi com raiva.
- Não me diga que foi seu primeiro... – Ele debochou.
- Você estaria morto agora, se tivesse estragado meu primeiro beijo. Pra sua sorte não foi. – Menti, o vendo desmanchar o sorriso e segui para o quarto, sem olhar para trás.

Flashback off


- Nina? Nós estamos chegando. – Anita me acordou, sempre doce.
- Oi, eu, ok. – Falei um pouco desorientada.
- Você está bem? Parecia sonhar com algo ruim. – Ela disse ainda me encarando.
- Sim, não é nada demais. – A tranqüilizei.

- Ficaremos em um hotel? – Perguntei para mamãe, assim que descemos do avião.
- Sim, em um dos hotéis de Dante. Phillip e Demetrius nossos seguranças, nos ajudavam com as malas, enquanto meu pai e tio já dirigiam-se até casa de Dante, para tratar de negócios.
A festa de aniversário seria durante a noite, ainda era começa da tarde, então teríamos um bom tempo antes do encontro com Lorenzo.
Combinamos de ir até a casa de meu tio, para que tia Aria e minha mãe o encontrasse longe das formalidades. Foi Ivy quem nos recebeu, ela parecia feliz, Dilan e Dimitri corriam pela casa e a chamavam de mãe, não pude deixar de notar a felicidade no rosto de minha mãe.
- Bom ver vocês. – Tio Fabi disse assim que nos encontrou na sala. - Soube do arranjo e quero que saiba que você não ficara sozinha em Chicago, estarei aqui para qualquer coisa. – Ele disse beijando minha testa.
- O que você pode me dizer dele? – Foi minha mãe quem perguntou, causando um certo desconforto em tia Aria e fazendo Anita sorrir.
- Que o apelido condiz com a pessoa.
- Qual apelido? – Anita perguntou curiosa.
- Anita! – Minha tia advertiu.
- Estamos em família Aria, não precisamos manter aparências estando apenas nós aqui. – Tio Fabi respondeu.
- The Ruthless. – Respondi.
- Você sabe. – Ele disse sentando na cadeira.
- Quero saber mais sobre ele.
- Tal qual o apelido, Lorenzo é impiedoso, sem compaixão, como todos devemos ser. Contudo ele não parece temer nada nem ninguém. Invade bases menores, tem um exercito dentro da OutFit que é capaz de morrer por ele, tem seus próprios homens de confiança e dificuldades em aceitar as ordens do Capo. Acredito que se não fosse o capo seu pai, ele já o teria matada a algum tempo. Provoca chacinas e não se importa com as mortes. É um líder capaz de conquistar muito, mas que não sabe medir conseqüências. Não é ele que quer casar e sim Dante que tem alguma esperança em fazê-lo melhor com um casamento. Dizem que os homens mudam após terem uma família, como um dos principais consiglieres de Dante, posso afirmar com toda certeza que o que ele quer, é que o filho pense mais nas conseqüências de seus atos, diante de tudo.
- Não quero esse arranjo. – Minha mãe disse me encarando.
- Eu não tenho medo dele. – Respondi.
- Nina é uma mulher forte e sabe se impor. Lorenzo é esperto, ele não a machucaria, sabendo que isso provocaria uma guerra com a Família. Ele tem planos maiores, não sei quais são, mas ele ama o poder e não iria colocá-lo em risco. A minha única dúvida foi o motivo de sua escolha, visto que todos esperávamos que ele escolhesse Anita.
- Ele justificou que gostaria de casar em breve, e com Anita deveria esperar pelo menos um ano. – Tia Aria respondeu.
- Mas Nina pediu um noivado de pelo menos um ano e ele concordou. – Anita sorriu. – Talvez ele goste de Nina.
- Lorenzo é o tio de cara que só gosta de poder, nada mais. Mas o fato de Nina saber manusear uma arma e lutar como um garoto, correu por todos os cantos depois do último incidente com os Russos, isso certamente chamou sua atenção.
- Vocês ficaram sabendo daquilo? – Anita parecia atônica com a notícia.
- Eles sempre sabem. – Respondi óbvia.
- Nós sempre sabemos. – Meu tio concordou sorrindo. – Você um dia vai entender melhor tudo isso.
Ainda estava tentando assimilar tudo que havia sido dito aquela tarde, enquanto me arrumava no quarto que estava hospedada. Não conseguia acreditar que o fato de gostar de armas poderia ter atraído Lorenzo, sempre me orgulhei de lutar, mas para livrar-me dele, pensei que seria melhor nunca ter aprendido.
Anita estava no quarto em frente ao meu, também se arrumando para a tal festa, ouvi duas batidas na porta e sorri pensando que ela poderia me ajudar com a maquiagem.
- Finalmente, você me ajuda a... – Ia falando até perder o som da voz, assim que vi a figura forte em minha porta. Era Lorenzo.
- Imaginei que minha querida futura noiva estivesse com saudades e então resolvi passar antes para buscar meu presente. – Ele sorriu e entrou em meu quarto, sem ser convidado.
- Qual presente? Você não deveria entrar em meu quarto, ainda mais sozinho.
- Não tenho culpa se os guarda-costas estão ocupados, guardando o pau em duas prostitutas da OutFit. Meu coração doeu, não conseguia acreditar que Phillip estava com alguma prostituta, enquanto Anita se apaixonava por ele.
- Você não fez isso... – O encarei e fechei a porta.
- Ó querida, eu posso fazer coisas piores para ficar alguns minutos perto de você. Se quiser mais demonstrações de afeto... – Ele se aproximava.
- Não, obrigada. Diga o que quer aqui e vá embora. – Respondi com raiva.
- Você. – Ele encarou meu corpo.
- Diga algo que pode ter. – Queria esganar ele, não me importava de lutar uma guerra, se tivesse a visão dele comendo o próprio pau.
- Resposta anterior. – Ele sorriu e se aproximou mais, me fazendo dar alguns passos pra trás.
- Vamos lá, é meu aniversário. Quero um presente que só você pode dar.
- Você é nojento! Sai de perto! – Falei com raiva.
- Você não sente nojo, você sente desejo. – Ele falou convencido.
- Meu único desejo em relação a você, é vê-lo comendo o que tem no meio das pernas.
- Olha, esse desejo é algo que dividimos um pouco, também gostaria de vê-lo em uma boca, mas na sua boca invés da minha. – Ele falou segurando seu pau, por cima das calças.
- Que nojo, seu escroto! – Eu levantei a mão para bater em seu rosto, mas dessa vez ele segurou.
- Você já fez isso uma vez, e digamos que eu não tenha gostado muito, ficou a marca por alguns dias. – Ele debochou.
- Não é nada perto do que eu posso fazer. – Rosnei com raiva.
- Tenho certeza que sim. Gosto de mulheres fortes. – Ele segurou meus braços e senti meu corpo batendo contra parede. Ao aproximar seu rosto do meu, senti minhas pernas fraquejarem. Ele era lindo, seu olhar sombrio, junto de um sorriso misterioso o tornavam uma incógnita para mim. O que levou Dante a pensar que uma esposa traria ao seu filho algo de bom? Ele me mataria se preciso fosse e jamais se importaria em entrar em guerra com a Família. Ele gostava de sangue.
- Eu odeio você. – Respondi com raiva, tentando me soltar.
- Você é mais forte do que eu pensava. – Ele riu prensando seu corpo contra o meu, minhas pernas estavam apertas, de modo que não pudesse chutá-lo, podia sentir algo duro tocando meu centro e sabia exatamente o que era. Por um momento senti minha região intima ansiar mais por seu toque. Então tentando lutar contra o sentimento de desejo que havia em mim, me deixei dominar por um momento. Sai do transe quando notei a boca de Lorenzo próxima a minha.
- Esse é meu melhor presente, ver você implorando por um toque meu, e é só o começo. – Ele disse sorrindo e me soltou, saindo do quarto em seguida.   

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