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Luid piscou ao se virar devagar e encarar Ana Pullper,segurou instintivamente o pulso de Carolina. Ali estava ela,vestida elegantemente de preto. Os cabelos prateados da mulher contrastavam contra o negro de suas roupas,ela usava o colar habitual que continha dois esqueletos da cara de um boi. A visão daquilo fez Carol virar o rosto para longe,algo naquela mulher a fazia estremecer.

Não portava nenhuma espada,como Luid se lembrava. Afinal,ela não precisava. A lembrança do último encontro com Ana Pullper ainda era fresca e aterrorizante:

A mulher em frente aos portões de madeira de sua pequena casa,abaixada para que ficasse na altura de sua irmãzinha,Arabelle. Ele sequer conseguiu pensar em outra coisa quando chegou em casa e viu aquilo,sentira seu pai congelar ao seu lado também,mas fora ele quem avançara para Ana Pullper e lançara longe de sua irmã. Seu pai parecia petrificado,algo que Luid estranhou. Ele deveria ser o primeiro a avançar e tirar a filha das garras de Ana Pullper,mas não o fizera. Ao invés disso,ficara encarando estático aquela criatura perversa..

Luid colocara sua irmã atrás de si protetoramente,enquanto Ana gargalhava asquerosamente ainda estirada ao chão. Sua expressão era fria e maligna,algo de outro mundo - pensou Luid. Seus olhos claros eram um espelho enigma,mas não refletiam nada para alguém comum como Luid. Comum demais.

A mulher se levantou ainda esboçando um sorriso malignamente torto,jogou para longe as folhas que ficaram grudadas em suas roupas negras e encarou pai e filhos.

-Vocês são patéticos! -Cuspira -Todos vocês.

A voz da mulher continha uma pontada de um sentimento que Luid não conseguira decifrar,dor? ódio? mas havia muito mais presente ali. Para Luid,era como se fosse algo que a amolecesse imperceptivelmente.

-O que você faz aqui,Ana? -Era a voz de seu pai.

Mas a mulher simplesmente não deu resposta e desapareceu em um instante. Luid se virou para a irmã,a raiva do pai fervendo-lhe as veias. Colocou as mãos ao redor do pequeno rosto dela,seus olhos azuis procurando algum ferimento.

-Você está bem,Bell?

Agora,ele cerrou o maxilar,os olhos fulminando-a. Carol percebeu quando ele apertou seu pulso mais firme,involuntariamente,ela notou.

-O que você quer?

A mulher tombou a cabeça para avaliá-lo,um leve sorriso falso no rosto. Carol pensou que ela não deveria ter mais de uns 26 anos,parecia jovem; porém carregava muita experiência no olhar,ela observou.

-Sempre fugindo de mim. -Comentou a mulher -Não deveria,Backer.

Luid não tirou os olhos dela um segundo sequer,como se a qualquer movimento errado,ela pudesse atacá-lo.

-Oh,não seja tão ranzinza. -Ela falou com biquinho. -E vejo que fez uma amiga.

A expressão do rapaz se fechou ainda mais,mas a mulher deu um passo cuidadoso á frente.

-Qual o seu nome,lindinha? -Ela perguntou.

Mas Luid interveio,falando sobre o ombro e voltando a atenção rapidamente para a "predadora" á sua frente.

-Não responda nada á ela.

Carol se sentiu perdida,não sabia como agir. Não fazia ideia de quem era aquela mulher astuta,mas tampouco sabia se podia confiar em Luid. Realmente ele a levaria para algum lugar seguro? Bom,até então não havia feito nada suspeito e ela não tinha mais ninguém em quem se agarrar. Engoliu seco ao olhar para a expressão avaliativa daquela mulher,preferiu permanecer em silêncio.

-Você não tem língua,mocinha? -Ela insistiu. -Não te ensinaram que é falta de educação não responder as pessoas? Oh,acho que as coisas no seu mundo devem ser diferentes,não é? ou é você quem segue as regras de forma diferente?

Rei Das Cinzas. (Livro 01)Место, где живут истории. Откройте их для себя