E se você descobrisse que o lugar onde vive possui um portal para um mundo paralelo?
Uma profecia começa a se revelar. Uma jovem. Um rei perverso e um povo a ser reconquistado. Criaturas inimagináveis á espreita.
Ela conseguirá passar por cim...
A brisa fria da noite soprou os cabelos de Casser quando este desceu da ave com Clair. Na outra extremidade outra ave gigante fazia pouso,com a garota de cabelos azuis sobre ela. Clair desceu num pulo e se dirigiu á menina,que exibia olhos grandes e assustados. Casser varreu a terra de Clair com os olhos,á primeira vista,ele não viu mais que uma grande extensão de terra vermelha e o que pareciam ser...casinhas ao longe? Eram como aquelas construções de Jerusalém,todas juntinhas.
Clair pousou a mão nas costas magras da garota de cabelos azuis e sorriu amigavelmente,diferentemente da expressão séria habitual que usava de quando estava trabalhando para Casser.
-Qual o seu nome? -Clair perguntou. Ela parecia...leve ali,em sua terra. a vontade.
A garota engoliu seco antes de responder,as mãos magras estavam cruzadas á frente do vestido azul pálido de criada.
-Lora. -A voz dela quase um sussurro.
Clair assentiu alegre. Casser sabia que ela também estava exausta dos dias que haviam tido,mas estava se esforçando para parecer agradável e confiável aos olhos da menina.
-Clair. -Apresentou-se. -E este é o rei Casser,a quem sirvo.
Casser apenas encarou a garota amedrontada,que se limitou a assentir para ele;Ele não se incomodou em expressar alguma emoção para a mesma. mas as palavras de Clair ecoaram em sua mente "E este é o rei Casser,a quem sirvo." Ele havia sido destronado,perdera sua coroa. Mesmo assim ela ainda se dirigia a ele como seu rei,Casser desviou os olhos e afastou os pensamentos angustiantes ao ver uma mulher de fartos cabelos escuros surgir ao longe. O sorriso dela era caloroso,suas vestes de couro negro misturavam-se na noite.
-Rei Casser Sincer! -Cumprimentou a mulher ao aproximar-se,ela fez uma reverência. Será que não sabia ainda que ele havia sido destronado? -É uma honra recebê-lo em nossas terras.
Ele assentiu brevemente. Os olhos da mulher passaram vagarosamente por Clair e então se detiveram em Lora; ela inclinou a cabeça com curiosidade.
-Quem é a mocinha?
-Ah...ela se chama Lora. -Clair respondeu,olhando da garota ao seu lado para a mulher de cabelos escuros. -Conto-lhe a história depois.
Após assentir,o sorriso da mulher alargou-se ao voltar os olhos para Casser.
-Meu nome é Jerusa e sou a governante destas terras. -Contou -Quando me informaram que vossa majestade estava vindo para cá,só consegui pensar em quanta honra receberíamos neste dia... -O rosto dela ficou triste de repente. -Apesar de também sabermos das circunstâncias que o trouxeram até estas terras. -A voz dela agora era quase um sussurro e os olhos escuros sobre o rei eram avaliativos,como se de alguma forma pudessem enxergar a alma.
Casser engoliu seco,pensar no reino perdido...em seus criados e soldados doía. E... Oliver. Onde estava Oliver? ainda não não tivera tempo de perguntar a Clair,será que ainda estaria vivo? Ergueu os olhos para a mulher diante dele.
-É uma honra estar em suas terras também,tenho Clair em alta estima.
A escolha das palavras surpreendeu Jerusa e também a Clair,Casser notou.
-Bom...então não vamos perder tempo. -Falou Jerusa,alegre outra vez. -Vamos entrar e nos acomodar.
Quando ela fez um sinal com uma das mãos,Casser percebeu que aquelas casinhas juntas ao longe não passavam de uma ilusão; uma espécie de portal se abriu pelo qual ele podia ver um chão de pedra elegantemente trabalhado e uma mansão aguardando-os.
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O ar gélido do castelo fazia Amanda se encolher e alisar os braços em busca de calor,Lumi caminhava a frente pelo enorme corredor sem olhar para trás. Amanda quase escorregou no piso lustroso do lugar,quando Lumi a olhou por cima do ombro,ela se recompôs. O corredor era longo e em cada canto dele havia uma tocha acesa,Amanda podia ver uma ou duas portas nos cantos vez ou outra. As paredes eram trabalhadas em pedra fosca,o que contrastava com o piso brilhante. Continuaram seguindo,até que Lumi abriu duas portas enormes de metal e parou encarando-a.
-Atrás de mim. -Avisou -Vou anunciar sua presença.
A jovem assentiu temerosa,o frio na barriga estendendo-se. Lumi se virou e entrou no local amplo,onde após esticar um pouco o pescoço,Amanda viu o que poderia ser o trono; Havia uma mulher de meia idade ao lado do mesmo.
-Amanda. -Lumi chamou após um momento.
Temerosa e sem saber como reagir diante das pessoas que estariam ali,Amanda entrou segurando mais forte o chale sobre os ombros. Quando chegou próximo o suficiente do trono para ver um homem de cabelos dourados sobre ele,ela fez uma reverência desajeitada. Era um rapaz,ela notou ao levantar o rosto; não podia ser pouco mais velho que ela,talvez. Era ele quem Lumi temia? ele governava aquela cidade? não podia ser,podia? Alguém tão jovem e com tanto poder...
A postura ereta e submissa de Lumi diante daquele rapaz louro lhe dava a resposta. Mas os olhos do último estavam sobre Amanda. Tão rápido quanto eles focaram-se nela,desviaram-se para Lumi e a expressão do jovem ficou muito séria.
-E então Lumi? o que tem a me dizer sobre Casser Sincer?
Lumi se endireitou um pouco mais e colocou as mãos para trás.
-A invasão ao caste...
-Senhor. -Amanda interrompeu apressadamente.
Três pares de olhos se voltaram na direção dela,os de Lumi eram reprovadores e intimidantes; ele fez um sinal com a boca para que ela se calasse. O rapaz louro sobre o trono a olhava com atenção,mas não disse nada.
-Eu...-Ela olhou mais uma vez para Lumi,este parecia um dragão contendo o fogo na boca; e então virou-se para o soberano no trono. -Gostaria de ter uma conversa particular com o senhor.
Pelo canto do olho,ela viu Lumi ficar perplexo;
-Senhor...-Lumi tentou falar,mas o soberano ergueu uma mão e um sorriso maléfico curvou seu lábio.
-Estou muitíssimo interessado no que esta jovem destemida tem para me dizer.
O rosto de Amanda ruborizou e ela baixou o olhar para as próprias mãos por um momento,antes de erguê-lo novamente para o soberano.
-A sós por favor. -Pediu em um sussurro.
O sorriso perverso do rapaz louro se alargou e ele fez sinal para dispensar os ocupantes do aposento,incluindo Lumi; que estava furioso. Amanda pensou que ele devia agradecer por ela ter adiado sua punição mais um pouco,e quem sabe detido-a de vez? Quando as portas enormes se fecharam e os olhos verdes do soberano pousaram sobre ela novamente com apetite voraz,ela se encolheu. Era tudo ou nada agora e a barganha pela punição de Lumi estava em suas mãos.
