Capítulo 1

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23 de Fevereiro, 2017

A vida é muito curta para não ser vivida.

Uma frase que nunca havia parado para pensar até a pouco tempo. Como viver a vida? O que seria viver a vida? Como aproveitá-la ao máximo sem se prejudicar e prejudicar os outros?

Hoje, foi um dia trevoso em minha existência. Ainda não acredito nas palavras do médico. Não quero acreditar. Sei que ainda não está definido, mas sei que corro o sério risco de estar com câncer. Segundo o médico, posso estar com tumor. Não entendo o porquê não falar logo câncer... Para quê adiar o inevitável? Lágrimas escorrem dos meus olhos enquanto escrevo este diário. Eu não quero estar doente, não quero morrer, não acredito que isso possa estar acontecendo comigo. Por quê? O que eu fiz para merecer algo assim? Quais grandes pecados cometi para que fosse punida desta forma?

Hoje, por volta das dez horas da manhã, comecei a sentir-me mal no serviço, melhor dizendo, comecei a passar muito mal. Não tinha trabalhado nem duas horas... logo, não era exaustão, pois havia dormido bem na noite anterior. Além do que, já havia me sentido assim antes, mas dessa vez, o que senti, foi mil vezes pior. Começou com uma leve dor no peito seguida de uma falta de ar, de repente, a dor ficou insuportável e minha cabeça começou a girar. Gritei por socorro, ao menos tentei, em meio a tosses e desespero. Alguém veio em minha direção, não sei quem, minha vista estava embaçada e turva até finalmente uma nuvem negra a cobrir por completo.

Acordei no hospital.

Correria.

Fiz exames de sangue, no qual apresentou altos níveis de uma enzima chamada desidrogenase (LDH).

Fiz exame morfológico, no qual foi verificado inchaço em meus gânglios linfáticos. Algo que eu nunca tinha sequer notado.

E por último, farei uma tomografia computadorizada, na segunda feira, daqui a quatro dias.

Entretanto, tudo indica uma única coisa: Câncer.

Não contei a ninguém o diagnóstico, até porque, ainda não o tem. Não contei nem mesmo a minha amiga de trabalho no qual me socorreu, a Gabriele, amiga desde que comecei a trabalhar naquela empresa, como estagiária, há 10 anos, e a única em que confio naquela firma. Como sempre, quero resolver os meus problemas sozinha. Velhos hábitos nunca nos abandonam, né? Entretanto, lembrei-me de um conselho que ganhei ao fazer terapia anos antes: "desabafe, escreva um diário, relate sobre os seus dias..." E cá estou eu, escrevendo essas palavras como forma de me libertar.

Tomara que isto me ajude.

Eu realmente espero que isso me ajude.

Quando saí do hospital, tive dúvidas se iria direto para a minha casa, ou, se passava na casa do meu noivo antes. Ele sequer soube que passei mal e eu não queria preocupá-lo. Mas achava melhor contar ele, sobre o que aconteceu, pelo menos, contar que estive no hospital. Não quero que ele saiba por outra pessoa. Então, chamei um taxi e fui para o apartamento dele.

Quando cheguei ao seu apartamento, já se passava das três horas da tarde. Não tinha almoçado. Comi apenas um lanche que me foi dado no hospital, que por sinal, estava bom. Minha ideia inicial, era de ficar agarradinha com ele, tomar um bom vinho e comer uma pizza até o horário de seu trabalho. Eu só queria esquecer tudo. Queria relaxar na companhia de quem amo. Mal sabia eu, que os planos logo mudariam.

O porteiro, o senhor Batista, um idoso de quase setenta anos, já me conhecia, então, liberou a minha entrada e permitiu-me a subir, enquanto passava o interfone para Logan. Agradeci e entrei no elevador.

Quando cheguei ao décimo andar, uma loira fabulosa aguardava o elevador. Ela era alta, magra e cheia de curvilíneas. Confesso que tive inveja, ela era um mulherão da porra, e eu, uma baixinha de um metro e sessenta com uma possível doença que irá me matar aos poucos. Me tornará uma pessoa feia. Ao menos, por enquanto, ainda me encontro em minha melhor forma, mas só de imaginar o estado deplorável que irei ficar, me bate certo desânimo. Me faz desistir de tudo.

Sei que estou sendo precipitada, afinal, o médico ainda não confirmou nada. Só há suspeitas.

Caminhei em direção ao apartamento de meu noivo pensando em como iria contar a verdade. Como iria dizer que a sua noiva estava doente. Eu realmente não queria preocupá-lo.

Toquei a campainha e Logan abriu a porta com um sorriso malicioso, trajando apenas uma cueca boxer vermelha.

Ele estava fantástico. Tinha um corpo fabuloso que faria qualquer mulher se derreter. Sua cabeça raspada, e sua pele bronzeada do sol, lhe dava um aspecto ainda mais másculo. Mas eu não estava em clima para sexo. Tudo o que eu queria, era a sua adorável e divertida companhia.

"Oi gata", ele me disse enquanto me puxava para dentro de seu apartamento e me beijava com urgência.

Eu disse que não estava em clima para sexo? Pois é... Eu menti. Ou pelo menos, não estava. Logan consegue exatamente o que quer. E no dia de hoje, seus beijos e seus afagos, me fizeram desejá-lo ainda mais. Eu necessitava disso. Necessitava de atenção... de amor.

Como disse, meus planos de pizza e vinho mudaram no minuto em que Logan abriu a porta. E somente mais tarde, quando ele se preparava para o trabalho, enquanto eu comia um misto quente, é que ele me perguntou o porquê de ter aparecido de surpresa. Eu não era assim, e ele me conhecia muito bem.

Contei a ele que passei mal no trabalho e quando saí do hospital, tudo o que eu queria, era vê-lo. Não contei sobre as suspeitas do médico, e nem ele me perguntou. Ele, ao contrário do que eu esperava, reagiu muito bem, pelo menos, não demonstrou preocupação. Tudo o que disse foi: "Você está trabalhando muito, precisa de uma folga... Nem mesmo você é de ferro.".

Realmente, eu não sou de ferro, e essa doença veio me provar isto.

Realmente, eu não sou de ferro, e essa doença veio me provar isto

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O que vocês acham que vai acontecer com Luna? Gostaram do Logan?

Preparem seus corações porque fortes emoções ainda virão.

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Bjooooos

Até semana que vem (10/01/18).

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