Capítulo 6

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11 de Março, 2017.

Só tenho algo dizer.

Eu tenho amigos maravilhosos.

Minha mãe e minha amiga, não existem!

Simplesmente, não existem pessoas mais extraordinárias como elas.

Estou um pouco de ressaca, mas a noite de ontem valeu a pena.

Ontem, eu acordei com Gabriele dormindo ao meu lado, na minha enorme cama de casal. Estranhei a princípio, pois me lembrava de ter ido dormir cedo e quem estava no apartamento comigo era a minha mãe. Porém, ao me levantar e ir até a cozinha para preparar meu café da manhã, encontrei um bilhete na porta da geladeira:

"Querida filha,
Precisei resolver uns assuntos e pedi que sua amiga dormisse com você.
Beijos da sua mãe.
Laura"

Sorri ao ler, ao menos minha mãe não estava abandonando tudo por mim.

Ontem, eu me sentia melhor, estava em um dia bom. Mas mesmo sendo um dia bom, eu não queria sair de casa. Só queria assistir televisão e dormir o dia todo. Então, preparei um misto quente e um copo de achocolatado e caminhei direto para a sala. Liguei a televisão e busquei algum programa envolvente.

Passou aproximadamente meia hora quando a minha amiga acordou. A questionei se ela iria trabalhar, e ela apenas riu e disse que se fosse, estaria bem atrasada.

"Mas isso não será ruim para você?", perguntei.

"Relaxa Luna, depois eu dou um jeito de repor esse horário.", ela respondeu.

Apesar de Gabriele banalizar, sei que sua falta gerará consequências graves, e também sei que ela faltou por minha causa. Para me fazer companhia.

Apesar de me sentir grata quanto a sua preocupação, sinto-me mal por estar fazendo com que ela abandone tudo por mim. Acho injusto.

A manhã passou rápida. Eu e Gabriele ficamos assistindo diversos programas de entretenimento. Rimos e conversamos sobre os tempos passados, como nos conhecemos, nossos objetivos e desejos... E em um dado momento, confessei a ela o quanto me sentia mal. O quanto eu queria morrer e evitar passar por tudo que irei passar, mas ao mesmo tempo, o quanto eu quero ter a oportunidade de viver de novo, em aproveitar cada momento que deixei de lado.

Chorei.

Mas ela não permitiu que a tristeza me alcançasse, levantou-se e disse empolgada:

"Deixa de tristeza! Vamos viver! Vamos, conte-me seus sonhos!"

Eu ri e mostrei a ela a lista que tinha feito há alguns dias atrás. Ela sorriu ao verificar que um deles já havia sido realizado: "Patinar".

"Sabe o que eu acho engraçado", Gabriele disse em um dado momento. "É o fato de você ter sonhos tão simples de realizar e ainda não realizou, como andar de Kart ou ir a um Paintball", ela suspirou e continuou: "Aposto que muitas crianças e adolescentes já fizeram isso e no final, banalizaram...".

Gabriele estava certa. Qual seria a sensação dessas pessoas ao realizar esses mesmos passeios, mas tendo em vista que a morte está bem ao seu lado? O quanto elas aproveitariam se estivessem no meu lugar?

"O que sugere que façamos hoje?", Gabriele perguntou empolgada.

Quando eu estava pronta para responder que só queria ficar em casa, assistindo televisão o dia todo, com pijama e comendo porcaria, minha mãe entra na sala nos assustando e respondendo:

"Hoje nós vamos almoçar fora, iremos andar de Kart e a noite você e sua amiga vão para balada ficarem bêbadas!".

Olhei para a minha mãe perplexa. Tudo indicava que ela havia lido meu diário e visto a lista.

365 dias para viver (Em Pausa)Where stories live. Discover now