Capítulo 4

79 14 40
                                    

05 de Março, 2017

Hoje foi uma manhã nublada.

O céu cinza e com nuvens ameaçando uma chuva, mostrava exatamente como meu coração despedaçado se encontrava.

Mas não choveu, assim como eu não derramei nenhuma lágrima.

Eu não iria chorar. Já havia chorado por uma vida no dia anterior, no dia e no dia seguinte que descobrira a traição de Logan.

Hoje eu queria ficar em casa o dia todo, mas não o fiz.

E ainda bem que não fiz.

O telefone de casa e de meu celular não parava de tocar... Muitas chamadas perdidas eram de minha mãe, Logan e da minha ex-sogra.

Havia também mensagens de voz. Não escutei nenhuma. Preferi deixar para amanhã.

Eu precisava ficar sozinha, de um tempo para mim, de um tempo para pensar...

Minha endoscopia está marcada para amanhã de manhã, minha consulta com o Doutor Roberto para a próxima quinta feira, e meu PET-SCAN, para vinte e nove de março. Tenho quase quatro semanas, três finais de semana para ser exata, antes de possivelmente começar o tratamento.

Eu preciso fazer algo nesse período.

Não posso me abster dessa doença.

Sei que provavelmente, a biópsia, irá confirmar a doença. Sei que o outro exame é somente para saber o dano. Sei que depois desses exames irei ser submetida a diversas medicações. Sei que ficarei fraca...

Então tenho que aproveitar o agora.

Decidi então, escrever, em tópicos, coisas que sempre tive vontade de fazer, mas nunca fiz, seja por qualquer motivo.

E essa, foi a melhor ideia que tive até agora.

Viajar (Conhecer lugares novos)
Acampar
Fazer Trilha
Voar de Parapente
Mergulhar
Conhecer um artista
Ir a um show de rock
Ficar bêbada
Fazer algo que nunca faria
Andar de Kart
Descer de Rapel
Patinar no gelo
Ir ao Paintball
Escrever um livro

Chegou a ser cômico, após ler o que escrevi e perceber que há itens tão simples do qual nunca fiz. Um exemplo disso é ir a um show, ou ficar bêbada. Quanto a algo que nunca faria, deixarei em aberto... O que não falta, são possibilidades...

Parece que eu esqueci-me de viver, enquanto vivia, melhor dizendo, sobrevivia, e agora, quando minha vida está por um fio, eu percebo isso.

Mas não vou deixar mais isso acontecer.

Vou aproveitar todos os momentos bons!

Após refletir sobre isso, peguei o telefone e liguei para a minha amiga Gabriele. A convidei para ela ir comigo na patinação de gelo, no shopping. Pois é... Algo tão perto de casa e nunca tinha ido.

Até hoje.

Ainda bem que não fiquei em casa.

Chegamos lá, por volta das três horas da tarde. Alugamos os patins, e acabou que tive que comprar um par de meias, já que havia esquecido as minhas em casa. Colocamos os equipamentos de segurança e um instrutor nos foi fornecido nos primeiros dez minutos para nos ajudar a patinar.

Minha amiga se saiu maravilhosamente bem. Parecia que ela sempre soubera patinar, apesar de afirmar o contrário. Quanto a mim? Péssima! Toda hora eu caía no gelo. Inclusive, um dos instrutores, com dó de mim, ficou comigo, tentando me ajudar até terminar o tempo pago, no caso, uma hora. Ele era bem simpático e atencioso, seu nome era Marcos.

365 dias para viver (Em Pausa)Where stories live. Discover now