Capítulo 2

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02 de março, 2017.

Faz tempo que não escrevo... Uma semana, para ser exata. E muitas coisas aconteceram desde então. Coisas que queria esquecer, coisas que gostaria de pensar que é apenas um pesadelo. Um pesadelo horrível que já estou pronta para acordar. Mas eu não acordo...

Eu quero acordar.

Por favor...

Bem, hoje foi o dia da minha consulta...

Desde que parei no hospital, aquele trágico dia de fevereiro, fui encaminhada para um oncologista, o Doutor Roberto. Levei os exames que fiz no hospital e ele me pediu uma tomografia computadorizada do tórax e abdome, e ainda, uma ressonância magnética do crânio. Fiz ambos os exames na segunda feira.

Ainda não contei ao Logan, apesar dele ter estranhado a minha recusa em acompanhar-me até o médico de hoje. Entretanto, ele não insistiu, para ele, minha doença não passa de estresses, e esses exames são desnecessários.

Mas eu sei que não são.

Sei que eles significam muito mais.

Confesso que esperava que a tomografia fosse algo mais tranquilo. Mas não é. Não sei se foi pelo fato de utilizar o contraste, um composto químico injetado antes do exame para melhorar a qualidade das imagens, ou, porque eu estava muito ansiosa e com os nervos a flor da pele. Mas algo aconteceu... Meu corpo reagiu, um choque correu pelas minhas veias no momento em que o contraste foi injetado. Sorte minha ter enfermeiros e um anestesista por perto.

Cheguei à clínica de oncologia por volta das dez da manhã. Minha consulta estava marcada para às nove e meia.

Sim, eu estava atrasada.

Porém, ao mesmo tempo em que sabia que adiar era inevitável, eu não estava preparada para uma confirmação.

Acho que ninguém em meu lugar estaria.

Minha amiga, Gabriele, a mesma que me socorreu no trabalho, fez o favor de ir comigo. Nosso chefe, piedosamente, autorizou a sua saída. Apesar de eu saber que foi com as melhores intenções, tenho certeza absoluta de que ele sentiu pena de mim.

Odeio quando sintam pena de mim.

Apesar de estar atrasada para a consulta, não esperei mais que quinze minutos para o médico me chamar em seu consultório.

Entrei na pequena sala de parede branca, com alguns quadros pendurados, de certificado de mestrado e doutorado, acompanhada da minha amiga. Eu estava nervosa... Queria ter entrado sozinha, mas minha amiga insistiu em acompanhar-me, inclusive subornou-me com a proposta de um lanche mais tarde. Aceitei a sua companhia pois estava com medo... Eu temia pelo o pior, e apesar de dizer a ela que não queria a sua companhia, eu queria sim... Meu coração estava confuso... Mas quem, no meu lugar não estaria?

Mostrei todos os exames que fiz, incluindo a tomografia. E após alguns minutos de silêncio, em espera, ele finalmente falou:

"Como sabe, sua doença é assintomática."

Confirmei com a cabeça.

"Luna... acredito que irei vê-la novamente" disse ele tentando me fazer rir. "Mas antes, vou pedir mais exames."

Pois é... mais exames. Não sei se rio ou se choro com a minha desgraça. Esta sensação é horrível... essa espera...

Bem, farei o famoso PET-CT scan, um exame laboratorial mais eficiente que uma tomografia. Farei também uma endoscopia com biópsia.

Meu médico disse que tenho melanoma, um câncer de pele, que a sua principal causa são os raios ultravioletas (UV) provenientes do sol. A Luz artificial, como o bronzeamento artificial, no qual eu fazia frequente uso, também podem provocar a doença.

365 dias para viver (Em Pausa)Where stories live. Discover now