Capítulo 15

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23 de Março, 2017.

"Viva os seus dias como se fossem os últimos", uma frase demasiada clichê, mas que não sai de minha cabeça desde que me conformei com a minha doença. Porém, hoje, está sendo um dia diferente, tenho medo não só que as minhas limitações atrapalhem de realizar meus desejos, mas também de decepcionar o homem que está ao meu lado dirigindo. Segundo o meu médico, meu exame ficará pronto em uma semana, isso porquê ele pediu urgência, ou seja, na próxima semana já irei marcar o inicio de meu tratamento, o que me deixará ainda mais limitada. Tenho que aproveitar o Hoje, enquanto ainda estou consideravelmente bem, entretanto, a cada dia que passa, sinto-me consumida pela doença. Sinto-me mais fraca, e minhas dificuldades para respirar acompanhada das tosses estão a cada dia mais frequente. Eu tenho uma lista interminável de coisas a fazer, e meu maior medo é não conseguir realizar todas elas.

Acordei por volta das dez horas da manhã, algo justificável para quem não conseguia dormir e só pregou os olhos pela madrugada. Encontrei Lucas sem camisa, apenas com a sua calça do dia seguinte, preparando um café na cafeteira, na cozinha americana. Vê-lo de costas, sobre a bancada, com seus cabelos bagunçados, me causou um arrepio gostoso. Lucas é um homem muito bonito. Muito. Fiquei parada por alguns minutos de pé, na sala, enquanto admirava as suas belas costas torneadas. Porém, ele deve ter percebido a minha presença, pois logo se virou com o seu sorriso lindo e disse:

"Já acordou? Estava preparando um café para a gente."

Assenti com a cabeça sem conseguir desviar do seu peito nu. E nervosa, tentei dizer:

"Você não vai trabalhar hoje?"

Ele, notando meu olhar, sorriu travesso. Tentei encarar seu rosto, mas seu peito era como um imã que me fazia desviar. Então, me respondeu:

"Tirei o dia de folga... Pensei em fazer algumas coisas diferentes."

Voltei a olhar em seu rosto e perguntei:

"Que tipo de coisa?"

Ele cruzou os braços, se apoiou na bancada e sorrindo disse:

"Que tal um mergulho?"

Vendo minha expressão confusa, ele continuou rindo:

"Praia, mar, coisas que ambos gostamos... Que tal aproveitar o belo dia de sol e mergulhar com os peixinhos?"

Ir à praia? Ótima ideia! Mas será que posso? Será que realmente é uma boa ideia? Afinal, tenho um câncer de pele...

Percebendo minha relutância, Lucas perguntou preocupado:

"Algum problema?"

Virei-me na direção do sofá e deixei meu corpo cair. Suspirei e respondi:

"Não sei se o sol me fará bem, Lucas..." Olhei para ele e o notei se aproximando de mim. "Tenho câncer de pele, esqueceu?"

Notei-o pensativo... Uma expressão preocupada. E após longos minutos ele disse:

"Podemos ligar para o seu médico e perguntar."

Sorri. Lucas não desistia fácil. Mergulhar... Será que posso? Tem tanto tempo que não vou à praia e essa simples ideia deu pulos em meu coração! Além do quê, estaria realizando um dos itens da minha lista. Seria sonhar alto demais? Eu quero viver, mas sei que devido as minhas condições, tenho certas limitações.

Meus pensamentos estavam em outro lugar quando notei Lucas conversando com meu médico no celular. Como ele conseguiu o número? O que estavam conversando? Por mais que eu estivesse atenta as suas respostas, não consegui decifrar o teor da conversa. Quando ele finalmente desligou, perguntei esbaforida:

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⏰ Last updated: Apr 30, 2018 ⏰

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365 dias para viver (Em Pausa)Where stories live. Discover now